domingo, 7 de outubro de 2018

Nº 25.080 - "Vencer e pacificar ou perder e resistir"

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07/10/2018


Vencer e pacificar ou perder e resistir


Do Tijolaço · 07/10/2018


por Fernando Brito

Aparente, a contradição do título se explica numa expressão: democracia e direitos.

É por isso que estamos fadados lutar, ganhemos ou percamos as eleições.

Porque, contra nós, o que se levanta é o autoritarismo, a mediocridade, a categorização dos  brasileiros em inferiores e superiores e a submissão de todos aos interesses do capital, ou como escravos ou, mesmo, como capitães do mato, cuja brutalidade expressa sua própria servidão.

Este é um país que encontra sua identidade e sua força na diversidade das matrizes que nos compõe e não, para usar a expressão do vice de Jair Bolsonaro, no “branqueamento da raça”.

Não vamos ceder à ameaça do fascismo, que nem no seu slogan esconde tal semelhança, com este ridículo Brasil über alles, onde Deus entra apenas para somar ao refrão a manipulação da fé.

Minha geração, que viveu a treva, tende a esquecer o mal, o “melhor não achar nada porque o último que achou ainda não acharam”, nem quer deixar que o chicote e a bala decidam que merece apanhar ou morrer.

Temos o dever, em nome até da nossa própria existência, de dizer que a intolerância é o intolerável, que a aceitar a brutalidade é nos tornarmos brutos, dividir os seres humanos é negar, para quem crê ou para quem não crê,  negar a sua igualdade essencial.

Dias intensos virão.

E começarão já hoje à noite.

Quando o chefe desta facção autoritária diz para que “todos fiquem quietos” até as eleições não está apenas ordenando silêncio ao seu grupo de aventureiros, pródigo em asneiras. Está pretendendo conter os grupos violentos que já se organizam à sua sombra para que não se revelem em toda a agressividade.

Para que contenham aquilo que já lhes foi apontado como caminho pelo seu próprio líder em palavras tão exatas como banais: bater, “dar um couro”, torturar, “matar pelo menos uns 30 mil” .

O que nos chama, hoje e mais ainda nos próximos dias, não é a preferência partidária, não é a simpatia por este ou aquele candidato, nem mesmo o julgamento moral que fazemos sobre cada maneira de viver.

O que nos chama é a certeza de que, por mais que nos digam o contrário, é a voz serena da civilização.

O que nos chama hoje é o verso do Romanceiro da Inconfidência, em que Cecília Meirelles descreve o desejo desta terra se tornar um país:

“Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda”.

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