quarta-feira, 31 de março de 2010

Contraponto 1788 - Ao se despedir, Dilma manda recado à oposição e diz "até breve"

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31/03/2010

Ao se despedir, Dilma manda recado à oposição e diz "até breve"

Portal Vermelho
- 31 de Março de 2010 - 16h05

A ex-ministra Dilma Rousseff, pré-candidata à presidência da República, criticou nesta quarta-feira aqueles que ela classificou como "os viúvos do Brasil que crescia pouco". Segundo ela, essas pessoas fingem ignorar que as mudanças no Brasil são substanciais. Dilma ainda aproveitou o discurso de despedida, no Palácio do Itamaraty, para enaltecer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e dizer um "até breve".

Dilma foi a estrela da cerimônia de hoje em Brasília

Ricardo Stuckert/ABr

Dilma sai da Casa Civil para disputar
a Presidência da República pelo PT


Dilma sai da Casa Civil para disputar a Presidência da República pelo PT

"Elas têm medo. Não sabem o que oferecer ao povo, que hoje é orgulhoso, tem certeza que sua vida mudou e não aceita mais migalhas, parcelas e projetos inacabados", disse a ministra, durante evento de transmissão de cargos dos ministros que disputarão as eleições no fim do ano. Dilma acrescentou que, no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o povo não é coadjuvante. "É o centro das nossas atenções (...) O governo do senhor é um momento importante, de ápice, de vitória", afirmou.

"Talvez o mais longo momento de vitória de todos esses que lutaram experimentaram em sua vida." Ela citou as lutas contra a ditadura e por redemocratização, direitos, igualdade, justiça e liberdade. "A geração que me sucedeu conseguiu realizar seus sonhos."

Dilma discursou durante a posse de dez novos ministros que vão compor o quadro do governo até o final do seu segundo mandato. Dos dez, sete deixam as secretarias executivas que ocupavam para preencher as vagas deixadas pelos ministros candidatos. (Leia mais aqui)

"Líder popular"

Ainda falando diretamente a Lula, Dilma disse que ao seu lado os ministros que hoje deixam o cargo participaram de um processo de mudança profunda e importante. "Tivemos o líder mais popular e talvez o mais brasileiro de todos os líderes." Dilma começou seu discurso citando nominalmente, um a um, os ministros que tomaram posse hoje e também enumerou os que permanecerão em seus cargos. "Tenho certeza de que todos eles vão cumprir a missão pela frente tão bem ou melhor do que fizemos", afirmou.

Com a voz embargada, Dilma disse que fez esforço para falar de improviso. "Mas se eu falar de improviso vão acontecer duas coisas: uma é eu esquecer alguma coisa importante e a outra é chorar. Pode ser que eu esqueça e chore do mesmo jeito, mas tenho um roteiro para me segurar."

"Até breve"

Dilma disse ainda que este momento de transmissão de cargo pode ser comparado ao que alguns poetas descrevem como "uma espécie de alegria melancólica ou triste". "Alegria porque saímos de um governo dos que mais fizeram pelo País e de tristeza porque abandonamos um trabalho de sete anos e meio", afirmou. "Essa estranha alegria triste inebria a alma da gente, pois o senhor (Lula) nos deu o privilégio de participar de um dos momentos mais decisivos da história do nosso País."

No final, Dilma aproveitou o discurso de despedida para afirmar que em breve estará de volta à administração federal. "Não somos aqueles que estão dizendo adeus. Somos aqueles que estão dizendo até breve", disse. "Essa tarefa ficou mais fácil pelos caminhos abertos pelo governo e traçados pela sua liderança", disse ela, dirigindo-se a Lula.

Voo solo

Em entrevista coletiva após a cerimônia, ao ser questionada se ela estava preparada para enfrentar um voo solo e não ter do lado a presença constante do presidente Lula, Dilma disse que dificilmente um projeto de governo é um voo solo: "Eu não pretendo me desvencilhar do governo do presidente Lula. Participar dele, para mim, foi um momento muito importante da minha biografia".

Segundo ela, o seu voo solo, daqui para a frente, será com as pessoas que já vem trabalhando no projeto de governo do presidente Lula.

Dilma disse que a experiência que teve no governo lhe dá forças para enfrentar novos desafios. "Tudo o que eu passei no governo me dá muita força interior para enfrentar o que vem por aí', afirmou.

Ela disse que, no embate com a oposição, não vai baixar o nível e usar instrumentos que não honram a transição democrática. "Por isso eu acho que não é que ele (embate) tenha que ser duro. Ele tem que ser firme e transparente", disse Dilma, reforçando que o importante é deixar o mais claro possível os projetos que estão em disputa, "para o povo poder decidir".

Dilma reiterou que se sente preparada para disputa presidencial, mesmo sendo sua primeira campanha política. "Fui preparada na vida para coisas muito mais duras do que disputar uma eleição. A minha vida não foi uma coisa muito fácil. Acho que a eleição até é um momento muito bom, porque é o momento de exercício da democracia", afirmou.

Segundo ela, na democracia as coisas são mais produtivas, mais generosas e menos opressivas. "Difícil mesmo era aguentar a ditadura", disse.

Fonte: iG e Zero Hora
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Contraponto 1787 - Lei da banana a kilo faz governo José Serra entrar para a história

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31/03/2010
Lei da banana a kilo faz governo José Serra entrar para a história
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dos piores que São Paulo já teve



Amigos do Presidente - por Zé Augusto - 31/03/2010

O que o Governo José Serra (PSDB/SP) no Estado de São Paulo deixará de legado?

A "revolucionária" lei que obriga feirantes a vender banana a kilo, em vez de vender por dúzia.
O maior e mais longo Alagão de todos os tempos na história de São Paulo, por não limpar o Rio Tietê, nem os afluentes.

Nunca se fez tantos pedágios e tão caros, como há em São Paulo.

Os Piores Sálarios Do Brasil (sigla PSDB), devido ao arrocho salarial aos professores, policiais, profissionais de saúde, e ao restante do funcionalismo.

A decadência econômica do estado de São Paulo. A opção pelo subdesenvolvimento ao cortar verbas da educação.
O aumento da criminalidade, sobretudo no interior do estado.

A cratera do metrô com 7 mortes.

A venda de cargos na Secretaria de Segurança Pública, onde os policiais corruptos que pagassem 100, 200 ou 300 mil eram nomeados para postos chaves de cúpula da Polícia, onde rola muito dinheiro.

O "asilo político" concedido ao traficante colombiano Abadia pelo grupo corrupto da Secretaria de Segurança Paulista.

As constantes falta de água da SABESP, enquanto o gasto com propaganda corre solto.

A "reforma no ensino" com livros didáticos contendo mapas errados, e conteúdo pornográfico distribuído para crianças de 9 anos.
A criação de dispositivo de repressão política ditatorial dentro da Polícia Militar, nos moldes da Operação Bandeirantes (OBAN) da época da ditadura.

Isso é só o começo. A lista é longa..

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Contraponto 1786 - Noam Chomsky e o golpe de 64


31/03/2010

Chomsky e o golpe de 64

Noam Chomsky(*)

Do Nassif - 31/03/2010 - 15:40

Por Miriam

Chomsky diz que o barbarismo do nosso tempo começou com o golpe de 1964 no Brasil

Ao receber o prêmio Erich Fromm 2010, no último dia 23 de março, em Stuttgart, na Alemanha, Noam Chomsky procedeu à leitura de seu discurso “The evil scourge of terrorism”: Reality, construction, remedy” (O perverso flagelo do terrorismo: Realidade, construção e remédio).

Em vigorosa explanação, ele detalha o mecanismo do terrorismo atual, a partir e após o governo Reagan, vasculhando também nos governos Eisenhower e Kennedy.

Os golpes, invasões, as mazelas da CIA e inteligência militar usadas contra Cuba, Nicarágua, El Salvador, Líbia, Irã, Afeganistão,Teologia da Libertação, Argentina, Chile, Brasil, são expostos como partes da estratégia e campanha dos governos norte americanos de deter a conscientização dos povos para a libertação do seu domínio. Campanha esta que teria terminado somente alguns dias depois da queda do muro de Berlim, em 1989, com o assassinato de jesuítas em El Salvador.

Aqui tradução livre de alguns trechos que nos tocam diretamente:

“À parte Cuba, a praga do estado de terror no hemisfério ocidental foi iniciada com o golpe basileiro em 1964, instalando a primeira de uma série de Estados neo-nazi de Segurança Nacional e inciando uma praga de repressão sem precedente no hemisfério, sempre fortemente apoiados por Washington, fonte de uma particularmente forma de estado-dirigente de terrorismo insternacional. A campanha foi em substancial medida, uma guerra contra a Igreja. Foi mais do que simbólico que culminou no assassinato de seis intelectuais dirigentes latino americanos, padres jesuítas, em Novembro de 1989, poucos dias depois da gueda do muro de Berlim. Eles foram mortos por uma elite do batalhão salvadorenho, recentemente retreinados na Escola de Forças Especiais John F.Kennedy, na Carolina do Nort. Como foi aprendida no último Novembro, mas aparentemente não despertou interesse, a ordem para o assassinato foi assinada pelo chefe do staff e seus associados, todos eles tão estritamente conectados com o Pentágono e a Embaixada dos Estados Unidos, que se tornou muito difícil imaginar que Washington estava alheio aos planos de seu batalhão modelo. A força de elite já tinha deixado um rastro de sangue das vítimas usuais através de hedionda década de 1980 em El Salvador, que se iniciou com o assassinato do Arcebispo Romero, “a voz dos sem voz”, pelas mesmas mãos.

O assassínio dos padres jesuítas foi um duro golpe para a teologia da libertação, o notável reviver do Cristianismo iniciado pelo Papa João XXIII, no Vaticano II, que ele iniciou em 1962, no evento que “introduziu uma nova era na história da Igreja Católica”, nas palavras do renomado teólogo e historiador do cristianismo Hans King. Inspirado pelo Vaticano II, os Bispos da América Latina adotaram “a opção preferencial pelos pobres”, reavivando o pacifismo radical dos Evangelhos que tinham sido eliminados quando o Imperador Constantino estabeleceu o cristianismo como a religião do Império Romano – “a revolução” que converteu “a igreja perseguida” para uma “igreja perseguida”, nas palavras do Rei. No pós-Vaticano II, atentos para reviver o Cristianismo do período pré-Constantino, padres, freiras e leigos levaram a mensagem dos Evangelhos para os pobres e os perseguidos, trouxeram-nos juntos em “bases comunitárias” e os encorajaram a levar seus destinos com suas próprias mãos e trabalharem juntos para acabar a miséria da sobrevivência em brutais domínios de poder dos Estados Unidos.

A reação para essa grave heresia, não estava longe de vir. A primeira desculpa foi o golpe militar no Brasil em 1964, derrubando um governo algo democrático social e instituindo um regime de tortura e violência. A campanha terminou com o assassínio dos jesuítas intelectuais 20 anos atrás. Tem havido muito debate sobre quem merece crédito pela queda do muro de Berlim, mas não há nenhum sobre a responsabilidade pela brutal demolição da tentativa para reviver a igreja dos Evangelhos. A Escola de Washington das Américas, famosa por seu treinamento de matadores latino americanos, orgulhosamente anunciou uma vez, entre os seus itens listados, que a teologia da libertação foi derrotada com a assistência da armada dos Estados Unidos — dado uma mão, sem dúvida ao Vaticano, usando os mais gentis meios de expulsão e supressão.

Como recordam, o último novembro foi dedicado à celebração do 20º aniversário da liberação do leste da Europa da tirania russa, uma vitória das forças do “amor, tolerância,não violência, o espírito humano e perdão”, como Vaclav Havel declarou.Menos atenção – de fato, virtualmente zero – foi devotada para o brutal assassinato de seus contrapartes salvadorenhos, poucos dias depois que o muro de Berlim caiu. E eu duvido que alguém poderia mesmo achar uma alusão para o que aquele brutal assassinato significou: o fim de uma década de terror vicioso na América Central e o triunfo final do “retorno ao barbarismo do nosso tempo”, que se iniciou com o golpe brasileiro de 1964, deixando muitos mártires religiosos em sua vigília e terminando a heresia iniciada no Vaticano II – não exatamente uma era de “amor, tolerância, não violencia, o espírito humanitários e perdão.”

http://chomsky.info/talks/20100323.htm

(*) Avram Noam Chomsky (Filadélfia, 7 de dezembro de 1928) é um linguista, filósofo e ativista político estadunidense. É professor de Linguística no Instituto de Tecnologia de Massachusetts.
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Contraponto 1785 - PSB tira legenda de Ciro

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31/03/2010
PSB tira legenda de Ciro



Do Nassif 31/03/2010 - 12:49

Por João Maria Fernandes – RN

Ciro saiu do páreo. Deixemos em observação até confirmação:

“O SONHO ACABOU PARA CIRO GOMES

terça-feira, 30 de março de 2010

O presidente nacional do PSB, governador Eduardo Campos, anunciou nesta segunda que na próxima semana a direção socialista comunicará oficialmente ao deputado federal Ciro Gomes o veto a sua candidatura ao Planalto. Ontem, Ciro se reuniu com o comando do PSB em Brasília quando tentou convencer da manutenção de seu nome na disputa presidencial mesmo sem alianças.

Ciro defendeu sua candidatura para romper com a polarização entre os candidatos do PT e PSDB, leia-se Dilma Roussef e José Serra, mas seus argumentos foram insuficientes. O PSB não vê como Ciro se manter na disputa ao Planalto sem alianças eleitorais. Entende que o partido deve apoiar a candidatura de Dilma e fazer o anúncio do apoio já na próxima semana.

Eduardo Campos também revelou que o deputado Ciro Gomes não terá mais reunião com o presidente Lula. Caberá ao próprio governador de Pernambuco que também dirige o PSB a tarefa de comunicar a Ciro que os socialistas não darão legenda a ele para concorrer contra Dilma e Serra. Em tom de brincadeira, Eduardo Campos indagou dos jornalistas durante entrevista em Brasília se eles não queriam se antecipar a ele e avisar logo a Ciro. Fonte: O Globo
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Contraponto 1784 - JN e os pastores do rebanho globovino

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31/03/2010

JN

Bonner e Fátima
Elegância e beleza a serviço da manipulação de informações da Globo
e pastores do Rebanho Globovino


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Contraponto 1784 - Charge do Bessinha


31/03/2010

Bessinha 42
chargeonline.com.br


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Contraponto 1783 - Procuradoria mantém recomendação de cassação de Kassab

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31/03/2010


Procuradoria mantém recomendação de cassação de Kassab


Vermelho 30/03/2010

O procurador regional eleitoral de São Paulo, Luiz Carlos dos Santos Gonçalves, pediu em parecer para que seja mantida a "imediata" cassação do prefeito da Capital, Gilberto Kassab (DEM), e de sua vice, Alda Marco Antonio (PMDB), acusados de receberem doações ilegais durante a campanha eleitoral de 2008.
As informações foram divulgadas pela Procuradoria na noite desta terça-feira (30). Por outro lado, o procurador pede para que seja reformada a decisão da Justiça de primeira instância, que determinou que Kassab e sua vice fossem declarados inelegíveis por três anos.

Kassab e Alda gastaram R$ 29,76 milhões na campanha, dos quais mais de R$ 10 milhões em doações supostamente ilegais (33,87% do total declarado). O juiz Aloisio Sérgio Rezende Silveira, da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, condenou os dois em fevereiro, considerando que as doações além do piso de 20% da arrecadação caracterizam abuso de poder econômico.

Conforme a prestação de contas, os recursos ilegais vieram da AIB (Associação Imobiliária Brasileira), que seria uma entidade de fachada do Secovi (sindicato do setor imobiliário) - sindicatos são proibidos de realizar contribuições -, da Camargo Corrêa e OAS, empreiteiras que são acionistas de concessionárias de serviços públicos.

No entanto, nos primeiros julgamentos sobre as doações recebidas da AIB (Associação Imobiliária Brasileira), o TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) reformou a decisão de primeiro grau e retirou as cassações de dois vereadores da Capital, Gilson Barreto (PSDB) e Carlos Apolinário (DEM).

O prefeito de São Paulo obteve, em fevereiro, um recurso que o mantém no cargo até o julgamento final do caso pelo TRE-SP, o que deve ocorrer nas próximas semanas.

Pesquisa desfavorável

A decisão da Procuradoria eleitoral ocorre no mesmo dia em que foi divulgada uma pesquisa do instituto Datafolha que mostra que 64% dos paulistanos consideram a administração Kassab regular, rui ou péssima. Leia mais aqui.
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Contraponto 1782 - “SUS” da Educação muda papel do MEC

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31/03/2010

“SUS” da Educação muda papel do MEC

Viomundo 31/03/2010

por Luciano Máximo, de Brasília, do Valor

A criação de um sistema nacional articulado de educação baseado no regime de colaboração entre União, Estados e municípios do Sistema Único de Saúde (SUS) vai depender de aprovação de lei complementar e mudanças na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) para se tornar realidade no país. O esboço dos primeiros artigos da futura legislação foi apresentado ontem durante o segundo dia de atividades da 1ª Conferência Nacional de Educação (Conae) e está sendo discutido pelos cerca de 3 mil delegados presentes ao encontro, que acontece em Brasília até quinta-feira.

Considerado um conjunto de “propostas embrionárias” que será acrescido de contribuições dos participantes do evento, o texto indica os primeiros passos do “SUS” da educação, com destaque para a redução das burocracias e o aumento do poder de decisão das escolas e ações de cooperação técnica e financeira entre União, Estados e municípios baseadas em planos articulados. Um exemplo bastante citado pelos conferencistas é a dificuldade no entrosamento entre os governos na oferta de transporte escolar país afora. “Pela Constituição, todos os entes federados são responsáveis por levar e trazer os alunos, mas o estudante do município não pode pegar o ônibus da rede estadual. Hoje o transporte escolar público atende a 7 milhões de crianças e jovens em todo o Brasil, ele é fundamental para combater a evasão, mas funciona num formato de concorrência. Um sistema articulado organizaria esse modelo”, ilustra Francisco das Chagas Fernandes, secretário-executivo adjunto do Ministério da Educação (MEC) e coordenador da Conae.

José Maria Arlindo, professor da rede estadual do Maranhão, acredita que um sistema educacional mais harmonioso pode trazer benefícios para a carreira do docente, um dos temas mais debatidos e polêmicos da Conae. “O professor do Sul é muito mais valorizado que o do Nordeste e isso reflete na qualidade. O aluno do Sul, do Sudeste, acaba sendo bem mais preparado que o estudante nordestino”, opina. Para ele, “a bagunça” nas regras federativas é uma das razões para o não cumprimento integral da Lei do Piso, que estabelece salário mínimo de R$ 1.024,67 para professores com carga horária de 40 horas semanais.

Segundo Chagas, o sistema articulado também prevê que Estados e municípios formulem suas políticas públicas orientados pelo Plano Nacional da Educação (PNE), documento que será aprovado na conferência com as metas educacionais para o Brasil perseguir no período 2011-2020. “O atual PNE, que acaba este ano, teve baixo índice de cumprimento dos objetivos traçados porque planos estaduais e municipais não foram feitos”, acrescenta.

Chagas sustenta ainda que a construção do SUS da educação vai ajudar a elevar os recursos federais para o setor, uma vez que o MEC terá papel de órgão executivo e coordenador do sistema proposto. “A União terá muito mais peso na regulação da educação, vai fortalecer seu papel de indutora, com o MEC mantendo a política de elevação de recursos para a educação, como vem fazendo desde 2003.”

Apesar de ter os seus primeiros contornos legislativos revelados ontem, o SUS da educação pode demorar a se concretizar pelo fato de precisar ser regulamentado por meio de lei complementar (LC), que depende de aprovação de maioria qualificada pelos plenários do Senado e da Câmara dos Deputados antes de ser enviado à sanção presidencial. “Somente uma lei complementar pode definir competências e responsabilidades explícitas de cada um dos entes federados”, explica o deputado federal Carlos Augusto Abicalil (PT-MT), que apresentou o esboço da LC ontem na Conae.

Além da necessidade de aprovação de uma legislação complementar, a criação do sistema nacional articulado de educação depende de alterações na LDB, explica o parlamentar. “A organização curricular hoje é muito diversa de Estado para Estado, de cidade para cidade. Essa diferença, como passar de ano ou abordar uma matéria, por exemplo, em vez de somar representa perda de qualidade”, diz. Abicalil se diz satisfeito se o SUS educacional for criado até o fim do novo PNE, ou seja, em 2020. “É uma demanda de 80 anos, desde o Movimento dos Pioneiros, não se constrói isso da noite para o dia. O principal é que a Conae está legitimada para propor um texto a ser debatido no Congresso.”
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Contraponto 1781 - Mídia capitalista mostra a cara e o caráter na cobertura do PAC

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31/03/2010

Mídia capitalista mostra a cara e o caráter na cobertura do PAC

Jornalismo sujo enganando o País

Portal Vermelho - 30 de Março de 2010 - 18h40

O presidente Lula tem toda razão ao criticar a mídia capitalista e deplorar as mentiras que ela veicula diariamente sob a máscara de um jornalismo objetivo, apolítico e imparcial. Na medida em que a corrida presidencial avança, tal máscara cai, deixando transparecer uma campanha orquestrada contra o governo e a pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff. A cobertura do PAC 2 pelos principais meios de comunicação no país não deixa margens a dúvidas quanto a isto.
A Rede Globo abordou o tema hoje (30) em seu programa matinal de notícias, “Bom dia Brasil”, ironizando as metas propostas pelo governo e apresentando o programa como eminentemente “eleitoreiro”. Comentaristas da área econômica, a soldo da família Marinho, como Mírian Leitão e Carlos Alberto Sardenberg, este na CBN, não economizaram críticas.

Dois pesos e duas medidas

Os outros veículos da mídia capitalista foram pelo mesmo caminho. O título da chamada de capa de “O Estado de São Paulo” nesta terça (30) foi “PAC 2 traz promessas para atrair leitor urbano”. Já a “Folha de São Paulo” afirma (página A7): “Governo infla PAC 2 com obras antigas”. Pelo menos dois articulistas do jornal da família Frias (Fernando Canzian e Vinícius Torres Freire) foram mobilizados para desacreditar o programa.

É sintomático que, em relação ao pré-candidato tucano, José Serra, que no mesmo dia do lançamento da segunda versão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) fez demagogia com os empresários do ramo têxtil, reduzindo a alíquota de ICMS, a atitude tenha sido diferente. Neste caso, parece (para quem se guia pela mídia) que o gesto do ainda governador paulista não teve nada a ver com a corrida presidencial. Nosso Portal, que toma o partido das forças progressistas, denunciou a hipocrisia tucana, que conta com o poderoso respaldo dos chamados meios de comunicação de massa.

Partidarismo de direita

Deste modo, vai se revelando o verdadeiro caráter da mídia capitalista, que apesar das aparências pratica um jornalismo engajado e partidário, o que não seria censurável, não fosse o fato de que isto contradiz a falsa profissão de fé no jornalismo objetivo e imparcial. Além disto, trata-se de um jornalismo partidário do que há de mais reacionário e atrasado em matéria de política e linha editorial.

O PAC não é um programa perfeito e também não deve ser confundido com o novo projeto de desenvolvimento nacional defendido por alguns partidos que compõem a base do governo Lula e pelos movimentos sociais. Está longe disto e não deve ser isento de críticas. Porém, tem seus méritos e é precisamente isto que preocupa a velha e rançosa direita brasileira, representada por tucanos, demos e companhia.

Negação do "Estado mínimo"

A principal virtude do PAC é resgatar o papel do Estado na promoção do desenvolvimento nacional, pois conforme ressaltou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, trata-se do primeiro esboço de plano de desenvolvimento em 30 anos. A última coisa que se viu neste sentido no Brasil foi o II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) do governo Geisel.

Com a história de “Estado mínimo”, o neoliberalismo praticado pelos tucanos nos dois governos FHC jogou na lata do lixo a ideia de planejamento e combateu com todas as armas qualquer tipo de intervenção do setor público na economia. Optou pelas privatizações indiscriminadas, capitulando à pressão do imperialismo e fazendo o jogo dos grandes capitalistas estrangeiros e nacionais. (Grifo do ContrapontoPIG).

Além de conferir ao Estado um papel central no desenvolvimento econômico, o PAC prioriza investimentos que vão ao encontro das demandas dos movimentos sociais, preconizando obras bilionárias na área de saúde, habitação, energia, saneamento e infra-estrutura. Tucanos e demos, com respaldo da mídia capitalista, preferiam que nada disto fosse feito e que o tempo retrocedesse aos anos miseráveis de FHC.

Da redação, Umberto Martins
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Contraponto 1780 - O PIG mente

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31/03/2010


A FOLHA MENTE
O GLOBO MENTE
A VEJA MENTE
O ESTADÃO MENTE.
Porque A DIREITA MENTE.

...............................................Emir Sader
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Contraponto 1779 - Charge do Bessinha

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31/03/2010
Bessinha (41)


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Contraponto 1778 - Lula, Galileu e a elite que não digeriu o sapo barbudo

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31/03/2010

Lula, Galileu e a elite que não digeriu o sapo barbudo

Tijolaço - terça-feira, 30 março, 2010 às 13:59

Brizola Neto

Eu cresci numa época em que era muito difícil perceber onde estava a direita brasileira. Tirando os personagens folclóricos, todo mundo se dizia centro-esquerda. Vejam vocês, até o PSDB tinha esta “Social-Democracia” no nome.
Tudo se diluía na “geléia” da modernidade. Os tempos eram outros, “a história tinha terminado”, na frase célebre daquele tal Francis Fukuyama, a quem a história, felizmente, já esqueceu.
Vivíamos o mundo do neoliberalismo. Defender a importância do Estado era antiquado, “jurássico”.
Não havia mais diferença entre nacional ou estrangeiro, público ou privado, e a palavra “social” foi substituída por uma vaga idéia de “inclusão”, que viria, com o tempo, do “politicamente correto”, da “responsabilidade social” e da “eficiência” e dos “ganhos de produtividade”.
A resistência ao império destas idéias era, além de antiquada, tachada de obtusa, quase uma cegueira ideológica: chata, ranzinza, desinteressante.
Os políticos que as defendiam tinham dois caminhos: ceder à ideologia dominante ou verem, progressivamente, suas lideranças definharem.
Para sobreviver, era preciso mostrar-se “adaptado” e “respeitoso” com as “leis do mercado”, que substituíam o ser humano como valor supremo.
A Carta aos Brasileiros de Lula não foi um pouco isso?
Nos tempos da Inquisição, o matemático e astrônomo Galileu Galilei para evitar a morte na fogueira teve de proclamar a um tribunal que a Terra, e não o Sol, era o centro do Universo conhecido e era fixa no espaço, tal – como dizia a Igreja – Deus a teria criado . Mas diz a lenda que, ao sair do julgamento, teria sussurrado: contudo, ela se move.
E a Terra se moveu. Aceito pelas elites, Lula pôde chegar ao Governo, embora para chegar – e para ficar – tivesse de fazer muitas concessões e- por que não confessar? – decepcionado muitos de nós que esperávamos mudanças mais radicais e velozes.
Porém se, de um lado, Lula tinha certa razão ao pretender “comer o mingau pelas beiradas”, de outro isso lhe custou um certo desgaste político. Teve, para fugir do dilúvio, como Noé e Getúlio, de embarcar uma fauna heterogênea e até bizarra na arca de sua aliança.
Mas hove algo diferente do que costuma acontecer. Lula refinou-se, é verdade. Ele próprio o reconhece, brincando, numa fala muito engraçada:

“Gente, eu estou aqui falando da nova era que tem início hoje , falando de uma transcendência incomensurável”. “Vocês estão acreditando que estou dizendo isso? Nem eu estou crendo em mim mesmo. Agora pouco falei concomitantemente, daqui a pouco vou falar en passant e ainda nem usei o sine qua non. Para quem tomou posse falando menas laranja tá bom demais”

A própria brincadeira mostra que esse refinamento não lhe deformou as origens e a ligação atávica com o povo brasileiro.

Como naquela frase que Brizola disse antes de dar seu apoio a Lula em 1989, não foi “uma maravilha ver nossas elites tendo que engolir um sapo barbudo?”

Sim, engoliram-no. Mas não o digeriram no suco gástrico de seus salões como fizeram a Fernando Henrique, que se acreditou príncipe.

Ontem à noite eu fiquei escrevendo e pensando nisso.

Quando falei do tal “Comando Marrom”, estava pensando não especificamente nesta ou naquela pessoa. Mas no traço comum do discurso virulento que vem assumindo, totalmente desprovido de laços com a realidade.

A toda hora estou lendo nos jornais frases sobre “cubanização” do Brasil, “chavismo” de Lula, atentados à “liberdade de expressão”, às instituições e à democracia. Pelo simples de receber o presidente do Irã, quase que o associam a um “terrorismo islâmico”.

Faça a si mesmo uma pergunta: em que você está sendo coagido? Você conhece alguém que esteja sendo coagido em sua liberdade pelo Governo? Alguém foi demitido, perseguido, preso? Evidente que não.

Mas nossos jornais – e logo as televisões, escreva – assumem um discurso furibundo, falando em ameaças, em perigos à democracia. Porque democracia, para eles, é o seu governo, o governo dos seus grupos, não um governo que, se ainda não é do povo, está do lado do povo. Como na histórica frase de Getúlio, em 50: “hoje estais com o Governo, amanhã sereis governo”, o Governo Lula, por ser uma mudança de rumos, é o início de um novo caminho.

Nada os deixa mais apavorados do que a possibilidade de L ula ser sucedido por Dilma, que domina as ferramentas ideológicas e a compreensão histórica das lutas sociais do povo brasileiro, embora não tenha o carisma e a identidade carnal que Lula mantém com elas. Temem que, por isso, ela possa aprofundar as mudanças que Lula, no seu empirismo e sensibilidade política, soube encaminhar e iniciar.

É esta a ideia que deixa a direita em polvorosa. Na verdade, essa é a razão da histeria que origina estes espasmos que se assemelham ao discurso das forças que prepararam a derrubada de João Goulart no pré-64. Embora ele não fosse, pessoalmente, acusado de “comunista”, seu governo era “comunizante”. Ele, “populista”, “demagogo”.

Jango era, dizem-me todos, um homem avesso a conflitos, mas impregnado do espirito de justiça que marca o trabalhismo. O que assistimos hoje, em boa parte da mídia conservadora, assemelha-se ao discurso moralista – e falso – da UDN e ao fundamentalismo moralista e religioso da TFP (Tradição, Família e Propriedade). Hoje ela teria outra sigla, onde só a propriedade ficaria, trocando a tradição e a familia pela “modernidade” e o “capital”.

Substituindo Deus pelo Mercado, quem sabe não estarão logo organizando uma Marcha?
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terça-feira, 30 de março de 2010

Contraponto 1777 - Armando Nogueira um sedutor irresistível

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30/03/2010


Armando Nogueira um sedutor irresistível


Direto da Redação 30/03/2010

Eliakim Araújo

Como jornalista, Armando Nogueira foi um excelente poeta e um prosista de texto refinado. Entrou no jornalismo da TV Globo em 1966, quando o golpe militar estava ainda fresquinho, e lá ficou até 1990, quando o novo presidente, Fernando Collor, convenceu Roberto Marinho a promover Alberico Souza Cruz ao posto máximo do jornalismo global, não que tivesse qualquer objeção a Armando, simplesmente porque precisava premiar o amigo Alberico que teve participação decisiva na edição do debate presidencial e ainda palpitou nos programas especiais que transformaram Collor no indômito “caçador de marajás”.

Armando não foi demitido, pior que isso, sofreu uma “capitis diminutio”. Foi "promovido" a assessor especial da presidência, o que a plebe chama carinhosamente de “aspone”. Dedicou-se então ao jornalismo esportivo, onde, aí sim, foi um verdadeiro mestre da palavra escrita e falada. Fui revê-lo anos mais tarde apresentando um programa de esportes num dos inúmeros canais a cabo da Globo.

De Armando, pessoalmente, guardo duas passagens. Eu estava há menos de um ano à frente do Jornal da Globo quando cruzamos no corredor onde ficava a redação do Globo Repórter. Ele me parou e disse: “olha, eu quero te cumprimentar porque desde Heron Domingues não aparecia aqui um apresentador como a mesma naturalidade dele”. Heron era o ícone de toda uma geração de telejornalistas e ser comparado a ele era um elogio e tanto que elevou meu ego às alturas. Hoje, honestamente, não sei se foi sincero ou apenas uma frase de efeito com a qual seduzia todos que estavam entrando no império global.

Doutra feita, estava eu no Eng, a sala da técnica que comanda a transmissão dos telejornais, quando alguém me chamou ao telefone. Era o Armando: “Tenho uma boa notícia para lhe dar, a partir de agora você vai passar a ganhar cinco mil cruzeiros por mês”. Entre surpreso e curioso, rebati de primeira: “e o que é que vocês vão querer em troca?” Armando ficou visivelmente decepcionado com minha reação, esperava talvez um emocionado agradecimento de quem ganhava dois mil reais. Ora, pensei naquele momento, onde já se viu um patrão mais que dobrar o salário do empregado sem um motivo especial? Depois se esclareceu que eu, e todos os demais apresentadores, perdiam ali o status de funcionários da Globo e passavam a Pessoa Jurídica com contrato de firma. Na época uma novidade, hoje uma prática comum no mercado televisivo.

Mas apesar de todas as virtudes de Armando, cantadas em prosa e verso nos depoimentos de personalidades das artes, da política e do jornalismo, não dá pra esquecer que ele esteve à frente do jornalismo mais comprometido do Brasil: o que foi praticado pela Globo durante os anos da ditadura militar. O JN era conhecido como "o porta-voz do regime". As ordens que emanavam dos governos militares eram obedecidas sem questionamento. Não me lembro, sinceramente, de ter visto por parte dos profissionais da Globo alguma tentativa de desobediência ou de driblar a censura, como fez por exemplo o Jornal do Brasil, que saiu com aquela capa histórica no dia seguinte à decretação do AI-5, 13 de dezembro de 68, iludindo os militares fardados que ocuparam as redações assim que terminou a leitura do ato discricionário.

Eu estava na TV Globo durante o primeiro mandato de Leonel Brizola à frente do governo do Estado do Rio. Entrei em maio de 83, pouco depois da posse do novo governo, e o jornalismo da Globo passava por uma grave crise de credibilidade, com seus repórteres e carros ameaçados nas ruas pela população. Pesava sobre a emissora a acusação de, junto com a Proconsult, empresa contratada pelo TRE para apurar os votos da eleição direta para governador do Estado, em 1982, tentar fraudar o resultado para dar a vitória a Moreira Franco, o candidato do regime militar, apoiado pela família Marinho. Por engano ou má-fé, a emissora divulgava números que não refletiam a verdade da apuração.

Em 1984, no episódio das Diretas Já, onde atuei como narrador em off no comício da Candelária, no Rio, a postura da Globo foi a de ignorar por completo os movimentos populares que cresciam em todo país. Mas não bastava ignorar, era proibido usar a palavra “diretas” em qualquer situação, mesmo como notícia, contra ou a favor. Até que a pressão popular tornou-se irresístivel e a emissora foi obrigada a render-se ao apelo da população brasileira.

Em 1989, no segundo e último debate entre Collor e Lula nos estúdios da TV Bandeirantes, no Morumbi, quando eu tinha acabado de deixar a Globo e estava lá representando a Manchete, observei que Lula estava visivelmente cansado e abatido. Além do esforço da reta final da campanha, ele tinha sido acusado no programa de Collor por uma ex-namorada, Mirian, de tentar convencê-la a abortar uma criança (a filha dele, Lurian). Depois se soube que a estratégia (financeira) de colocar a enfermeira Mirian no foco da mídia a três dias da votação partiu de Leopoldo, o irmão de Collor e muito amigo dos Marinho. A família Collor é dona da emissora que retransmite a programação da Globo em Alagoas. Toda essa lembrança histórica é para dizer que Lula foi mal naquele segundo debate, mesmo assim a Globo, na edição da matéria, destacou os melhores momentos de Collor e os piores de Lula.

Os que têm boa memória hão de se lembrar da severa campanha do Jornal Nacional contra o então ministro da Justiça do governo Figueiredo, Ibrahim Abi-Ackel, que ousou impedir a liberação de uma carga de equipamentos supostamente contrabandeados destinados à TV Globo. Durante várias edições, o JN acusou o ministro de envolvimento no contrabando de pedras preciosas, no qual Abi-Ackel não teve, comprovou-se depois, nenhuma participação. Mas pouca gente lembra disso. É provável até que os jovens executivos da Globo “desconheçam” o fato ou, se souberem, contem uma história diferente.

Armando Nogueira estava à frente do jornalismo em todos esses episódios nebulosos que narrei com absoluta fidelidade. De uma maneira ou de outra compactuou com esse tipo de jornalismo corporativo e subserviente.

Talvez tenha faltado em Armando a coragem de assumir sua responsabilidade como diretor de jornalismo da Globo que notoriamente era o braço da ditadura militar na mídia. Sua memória estaria resgatada para sempre se um dia ele tivesse contado toda a verdade, que apenas cumpria ordens que vinham do oitavo andar, mais precisamente da sala do Doutor Roberto. Armando, como eu e todos os que trabalharam na emissora nos anos de chumbo, fomos cúmplices do regime. Uns por total desinteresse político, outros por opção ideológica, outros ainda por necessidade profissional.

Deixo aqui minha homenagem ao Armando Nogueira, poeta, cronista e escritor de texto sensível. E um adjetivo que ainda não ouvi nos inúmeros depoimentos sobre ele: um sedutor irresistível.


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Contraponto 1776 - Dilma bate pesado nos tucanos e chama para polarização na campanha

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30/03/2010
Dilma bate pesado nos tucanos e chama
para polarização na campanha


Dilma terminou o discurso aplaudida
Por Redação - de Brasília

Blog da Dilma 30/03/2010

Dilma terminou o discurso aplaudidaEm um de seus últimos momentos como ministra, Dilma Rousseff fez o discurso mais duro contra a oposição desde que foi alçada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à condição de pré-candidata do PT. Sua apresentação na segunda edição do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC-2) foi longa e recheada de tecnicidades, como de costume. Mas nos cinco minutos finais de exposição encarnou a candidata dos próximos meses.

A dois dias de se despedir da Casa Civil e lançar-se à primeira disputa eleitoral de sua vida, Dilma bateu forte no PSDB e insinuou convite a um duelo entre modelos de Estado: quer o "nós", o "Estado indutor", contra o "eles", o "Estado do não".

– (No modelo antigo) não tinha planejamento estratégico, não fortalecia as empresas públicas, não promovia alianças com o setor privado, não atuava protegendo nosso setor privado diante das crises, não incrementou o investimento público e não financiou o investimento privado – provocou.

Dilma entra em combate contra o governador paulista e pré-candidato do PSDB, José Serra, forçando um acerto de contas entre passado e presente. Mais, quer a vantagem de comparação entre um governo popular, o de Lula, contra outro – de Fernando Henrique Cardoso – que terminou com índices baixos de aprovação. Nem mesmo o lançamento de sua pré-candidatura, em fevereiro, teve a mensagem ácida desta tarde.

– Acho que foi o discurso mais duro dela. Hoje, ela assumiu a posição de chamar (o adversário) para a polarização – disse o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), ao sair do evento.

Nesta segunda-feira, a derradeira como gerente da Esplanada, Dilma sintetizou sua disposição para a disputa plebiscitária. Falou para a militância de esquerda ao criticar o que chamou de "neoliberalismo" do governo anterior; fez um aceno ao empresariado ao defender parceria e investimentos no setor; e ratificou a presença do "Estado regulador".

– Hoje nós podemos dizer que antes de ser um Estado mínimo (no período FHC), ele foi um Estado omisso – bateu.

A pré-candidata – que nas pesquisas eleitorais aparece em segundo lugar, atrás de Serra – também lembrou do mercado:

– (Este é) um Estado que entende e respeita o mercado, mas não se omite diante dele. Deixamos para trás décadas e décadas de improvisação. O Estado voltou a ajudar, a planejar, e o país voltou a ter rumo.

Serra, assim como a ministra, segue a linha desenvolvimentista da economia, mas precisará escapar do plano governista de comparar oito anos de Lula com os dois mandatos de Fernando Henrique, de quem o tucano foi ministro. Desvencilhar-se disso será um de seus principais desafios.

A ministra também aproveitou para fazer uma menção, ainda que indireta, ao que Lula chamou sempre de "herança maldita" deixada pela gestão anterior na economia. "O PAC é uma herança bendita que vamos deixar para quem venha suceder o nosso governo."

– Em suas palavras, Dilma demarcou território. Foi um divisor de águas do que está em jogo nestas eleições – afirmou a líder do governo no Congresso, senadora Ideli Salvatti (PT-SC), ao deixar a solenidade.

Antes de descer do púlpito e concluir seus cerca de 45 minutos de fala, Dilma despediu-se emocionada da platéia. Com voz embargada, afirmou que os brasileiros não deixarão escapar das mãos as conquistas do governo.

Correio do Brasil
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Contraponto 1775 - Frase da Carta Maior

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30/03/2010

Frase da Carta Maior


"inflação medida pelo IGP-M recua; otimismo do empresariado brasileiro é o maior do mundo; PAC 2 vai investir R$ 1,5 tri, equivalente a um PIB inteiro, sendo R$ 1 tri até 2014; Wall Street Journal:' A ascenção do Brasil como um gigante econômico é um dos maiores temas do nosso tempo; não está somente redefinindo a América Latina, mas a economia do mundo'. Folha de São Paulo sobre o PAC 2: 'o programa tem foco em áreas de cunho eleitoral...
"

(Carta Maior e o conflito da mídia tucana com a realidade do país ; 30-03)
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Contraponto 1774 - Por que o PiG está desesperado com o PAC: Lula e Petrobrás descentralizam economia brasileira

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30/03/2010


Por que o PiG está desesperado com o PAC: Lula e Petrobrás descentralizam economia brasileira

Conversa Afiada 30/março/2010 9:15

Paulo Henrique Amorim

Não adianta chorar. O teleférico tá lá
O Globo , a Folha da província de S. P. (ou, como diz o Sader Força Serra Presidente) estão desesperados com o lançamento do PAC-2.

Fazem a contabilidade do despeito: o que não foi feito, o que está por fazer, o que ficou inacabado.

Passei ontem pela rua Barão da Torre, em Ipanema no Rio.

E vi a obra do teleférico do Pavão-Pavãozinho, com dinheiro do PAC.

Quase pronto.

Se o repórter da Globo for lá, vai dizer que faltam três tijolos no banheiro do maquinista.

O motorista do táxi respondeu à minha pergunta: Sim, claro, todo mundo está vendo que essas UPPs limparam as favelas.

Unidade Policial Pacificadora é a ação do Governo do Rio nas favelas, com dinheiro do PAC, para expulsar o tráfico e realizar obras como os teleféricos do Pavão-Pavãozinho e do Alemão.

Não adianta o PiG chorar.

O povão vê.

Vai andar de teleférico e chegar mais cedo ao trabalho.

(A Neuza, que trabalha lá em casa, leva duas horas e meia para ir de Mauá ao bairro de Higienópolis em São Paulo, não sem antes ser pisoteada, empurrada, bolinada na estação do metro à espera daqueles trens que o Zé Alagão põe na Globo. Clique aqui para ler sobre como o Serra agasalhou uma trampa da Globo num terreno que invadiu por 11 anos )

O teleférico é muito mais seguro do que helicóptero, o meio de transporte predileto da elite de São Paulo.

O que os brasileiros já perceberam é que os tucanos de São Paulo congelaram o Brasil durante 8 anos (governo (?) FHC) e atrasam São Paulo há 16 anos.

O que aconteceu de novo em São Paulo em 16 anos ?

Nem o Robanel dos Tunganos inteiro eles conseguiram acabar.

Que obra, que investimento novo ?

São Paulo perdeu peso na economia brasileira, debaixo dos olhos dos governadores tucanos.

São Paulo – que não pensa o Brasil, como diz o sábio Fernando Lyra – não viu crescer debaixo do nariz dele a classe C que o Lula promoveu.

Quem viu foi o baiano da Insinuante.

O Bradesco, o Itaú e a Fiat.

E os tucanos de São Paulo continuam a desfraldar as bandeiras com que o Serra foi derrotado fragorosamente em 2002.

Que ideias novas eles tem ?:

Com que ideias o Serra quer ser presidente ?

Eles não conseguem defender uma unica vírgula do Governo FHC.

Serra não defendeu em 2002, Alckmin não defendeu em 2002 e o Serra não defenderá em 2010.

Esconder o Farol de Alexandria – é a palavra de ordem.

Como diz o Ciro, quem se encosta no Fernando Henrique vira sal.

Lula empurrou o crescimento do Brasil para fora de São Paulo.

Quando a elite de São Paulo perceber, vai fugir para Miami.

Os amigos navegantes leram o Relatório de Atividades-2009 que a Petrobrás publicou ontem no Valor ?

Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, começa a operar em 2012.

Clique aqui para ler “Pernambuco é a nova locomotiva do Brasil”.

Refinaria Premium I, em Bacabeira, Maranhão, em 2013, com um terminal portuário.

Premium II, em Caucaia, Ceará, em 2013, interligada a um terminal portuário em Pecém (beneficiada por uma estrada do PAC).

Refinaria Potiguar Camarão, no Rio Grande do Norte, que começa a operar este ano.

Associação à Braskem para se tornar a maior produtora de termo-plásticos das Américas.

Complexo Petroquímico do Rio, Comperj.

Companhia Petroquímica de Suape, Pernambuco.

Companhia Integrada Têxtil de Pernambuco,

Coquepar, no Rio e no Paraná.

Construção de 49 navios (no Brasil, apesar de a Vale do Roger Agnelli gostar de comprar navios na Ásia…).

A Petrobrás tem um valor de mercado de US$ 200 bilhões, a quarta no mundo no setor de energia.

Ano passado ela investiu US$ 71 bilhões.

O plano de negócios 2009-2013 prevê investimentos de US$ 174 bilhões, sendo US$ 28 bilhões só para o desenvolvimento do pré-sal.

Já imaginou, amigo navegante, isso fora do alcance das mãos dos tucanos de São Paulo ?

Fora do alcace do PIG.

É de desesperar !
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Contraponto 1773 - Ministério Público aciona empreiteiras por acidente no metrô de São Paulo em 2007

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30/03/2010

Ministério Público aciona empreiteiras por acidente no metrô de São Paulo em 2007

cratera do metrô

Elaine Patricia Cruz

Repórter da Agência Brasil

São Paulo – O Ministério Público de São Paulo entrou hoje (29) com uma ação civil pública pedindo a condenação e o pagamento de multa de cerca de R$ 239 milhões pelo Consórcio Via Amarela e de agentes públicos do Metrô pelo acidente ocorrido na futura estação Pinheiros, em São Paulo. Em janeiro de 2007, o canteiro de obras da estação desabou e provocou a morte de sete pessoas.

“É uma ação de improbidade administrativa cumulada com um pedido de ressarcimento por danos morais e patrimoniais coletivos”, explicou o promotor Saad Mazloum. A ação civil pública foi encaminhada para o Fórum da Fazenda da Justiça de São Paulo.

Segundo o promotor, um dos pedidos é para que as empresas que compõem o Consórcio Via Amarela: Camargo Corrêa, OAS, CBPO, Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez e Alstom devolvam aos cofres públicos R$ 6,55 milhões. O promotor disse que não é justo o contribuinte pagar por esse contrato, quando a responsabilidade pelo acidente é do consórcio.

O segundo pedido feito pelo promotor é sobre danos morais coletivos ao povo de São Paulo pelo prejuízo e pelos traumas causados. Nesse caso, o peomotor quer que as empreiteiras e os agentes públicos do Metrô, entre eles o ex-presidente da empresa Luiz Carlos David, paguem uma multa de R$ 232 milhões, cerca de 30% do valor total do contrato.

Um terceiro pedido feito por Mazloum é que o consórcio e os agentes do Metrô paguem também uma multa de R$ 1,24 milhão por danos patrimoniais, principalmente por causa do transtorno causado ao trânsito de São Paulo.

Em entrevista coletiva dada no início da tarde de hoje (29), o governador de São Paulo José Serra disse que não cabe ao governo responder sobre a multa. “Isso é questão da Justiça, está fora da nossa esfera”, disse.

O mesmo discurso foi utilizado pelo secretário dos Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, que ressaltou que a ação não vai atrapalhar o cronograma das obras. “O cronograma vai ser mantido. Isso é uma coisa que se desenvolve na Justiça. Sempre, no primeiro momento, o promotor ou o procurador, oferecem a denúncia, se faz uma onda e depois a coisa vai andando, as partes vão se defendendo, o consórcio vai poder se pronunciar, o Metrô também”, disse o secretário.

A assessoria de imprensa do Consórcio Via Amarela disse que só vai se manifestar sobre o caso quando tomar conhecimento oficial da ação.

Edição: Rivadavia Severo
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Contraponto 1772 - Quem coloca em risco a paz mundial?

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30/03/2010

Quem coloca em risco a paz mundial?

Carta Capital - 29/03/2010

O Irã tornou-se a bola da vez da “guerra ao terror”. “Um Irã falido, corrupto e desestabilizador obriga países a levarem a sério suas responsabilidades” – diz o chanceler britânico, David Miliband, do alto da moral de um governo que mentiu para levar a Inglaterra a invadir o Iraque. Obama e Hillary reiteram ameaças e prazos. Israel tem a bala na agulha para bombardear o Irã. O mundo de ponta cabeça, como diria Eduardo Galeano.

Quem representa risco para a paz mundial? O Irã, que talvez chegue a ter armas nucleares, mas não atacou a nenhum país, não ocupa nenhum país? Ou Israel, que confessadamente tem a bomba atômica, ocupa territórios palestinos, cometeu genocídio em Gaza e continua bloqueando os acessos a essa região para que possa minimamente ser reconstruída?

Ou os Estados Unidos, que possuem o maior arsenal de armamentos convencionais e nucleares da história da humanidade? Que, contra decisão da ONU, invadiu e destruiu o Iraque? Que continua ocupando e destruindo o Afeganistão? Que possui mais de 100 bases militares pelo mundo afora? Que ocupa, há mais de um século, a base militar de Guantanamo, em Cuba, para onde leva presos acusados de “terrorismo”, mantendo-os fora de qualquer legalidade, torturando a prisioneiros sem qualquer defesa e controle. Que instala 9 bases militares na Colômbia, com funções expressas de realizar atividades de vigilância, controle e ações sobre a região. Que tem um histórico interminável de invasões de países de continente – os últimos, o Panamá e Granada, além do cerco terrorista à Nicaragua e o bloqueio de cinco décadas a Cuba.

O Tratado de não Proliferação de Armas Nucleares significa simplesmente que quem tem esse armamento, continuará a ter o direito de mantê-lo e desenvolvê-lo. Entre eles estão os maiores fabricantes de armamentos do mundo, os que limpam os negócios escusos de abastecer com armas a todos os conflitos bélicos do mundo nos “paraísos fiscais”, os que invadem países e ameaçam a outros.

O verdadeiro tratado para a paz mundial deveria ser o de desarmamento, de liquidação de todos os armamentos nucleares, a começar pelos que possuem arsenais monumentais. Que moral têm os EUA, a Inglaterra e outras potências, que possuem armamento nuclear e ocupam e destróem outros países, para exigir algo do Ira?

O Brasil atua corretamente, defendendo o direito do Irã de desenvolver pesquisas na área da energia nuclear, contanto que sejam para fins pacíficos, como é o caso do Brasil. Nenhuma pressão externa vai fazer com que a política externa soberana do Brasil se some às maiores potências bélicas da humanidade, que apóiam a Israel e lhe fornecem armamento nuclear, que continuam ocupando o Iraque e o Afeganistao. Trabalhar para a paz mundial é intermediar os conflitos no Oriente Médio, é propor um desarmamento amplo e irrestrito a todas as potências bélicas. É centrar a luta no mundo pelo desenvolvimento, o combate à fome e a favor da solidariedade e da cooperação, como tem feito o Brasil.

*Emir Sader. Sociólogo e cientista político.
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Contraponto 1771 - Afinados politicamente, Brasil e Uruguai firmam série de acordos


30/03/2010


Afinados politicamente, Brasil e Uruguai firmam série de acordos

Vermelho - 29 de Março de 2010 - 10h34

Amigos há pelo menos 30 anos, os presidentes Luiz Lula da Silva e do Uruguai, José “Pepe” Mujica, se reencontram hoje (29) à noite em Brasília. Em pauta, acordos bilaterais, política e economia externa.
Um dos acordos é a criação de uma comissão de integração do setor produtivo para facilitar o comércio bilateral, reduzindo a burocracia e o tempo, os outros se referem às obras de interconexão energética e construção de pontes e hidrovias.

Há apenas 28 dias no cargo, Mujica já estabeleceu um estilo próprio: não abandonou a simplicidade e a garra que caracterizam o guerrilheiro que combateu a ditadura no Uruguai. Para a viagem ao Brasil, o uruguaio escolheu voo comercial. De Brasília ele segue para Caracas, na Venezuela, também em avião de carreira - nada de aeronave presidencial.

Lula e Mujica vão tratar também de temas internacionais, como a reconstrução do Haiti e a situação do governo do presidente de Honduras, Porfirio “Pepe” Lobo – isolado desde o golpe de Estado no país em junho de 2009. O Mercosul é outro assunto que consta da pauta.

Mujica quer ampliar o comércio com o Brasil, que é atualmente de US$ 2,6 bilhões. A proposta já examinada por ele e Lula é definir a permanência de uma comissão de integração do setor produtivo para dar mais agilidade nas negociações comerciais, reduzindo processos operacionais e permitindo que eventuais acordos ocorram mais rapidamente.

O Uruguai esporta para o Brasil carne bovina, cereais, semente, leite, madeira e carvão, e compra do país combustíveis e óleos, máquinas, veículos, tratores e caldeiras.

Também está em pauta a interconexão energética elétrica de uma linha de transmissão de 500 megawatts. Mujica e Lula devem fechar também a parceria para a construção da segunda ponte sobre o rio Jaguarão – que é 32 quilômetros navegáveis e divide as cidades de Jaguarão (no Rio Grande do Sul) e Rio Branco (no Uruguai). No local há apenas uma ponte que não é suficiente para atender às necessidades da região.

Os dois presidentes querem definir ainda um acordo para investimentos no incremento na infraestrutura portuária a partir da Lagoa Mirim – a segunda maior lagoa do Brasil –, na fronteira do extremo sul do Brasil com o Uruguai até a Lagoa dos Patos, a maior do país.

Afinidades

Ex-guerrilheiro do Movimento de Libertação Nacional Tupamaro que lutou contra a ditadura, Mujica, de 75 anos, assumiu o governo do Uruguai no último 1º. Segundo o presidente Lula, Mujica representa a personalização de uma liderança revolucionária e da fé na democracia. Mujica tem afinidades políticas e ideológicas com Lula, além de admiração mútua.

A interlocutores, Lula costuma dizer que o uruguaio é o símbolo da renovação política e exemplo para a América Latina. Na sua biografia, Mujica tem 14 anos de prisão por ter participado de sequestros e assaltos em defesa da democracia. Apesar de pouco tempo no governo, é uma das figuras mais populares no Uruguai. Pelo menos uma vez por semana ele reúne seus assessores diretos para almoçar em um bar simples, sem segurança especial nem cuidados extras, na área antiga de Montevidéu, capital uruguaia.

Na política e economia externas, Mujica e Lula têm posições semelhantes. O uruguaio é favorável ao fortalecimento dos blocos como o Mercosul, a União das Nações Sul- Americanas (Unasul), e a recém criada Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos – que exclui os Estados e o Canadá.

Como Lula, Mujica condenou a deposição do ex-presidente de Honduras, Manuel Zelaya. O hondurenho foi deposto por um golpe de Estado em 28 de junho de 2009. A ação foi organizada por um movimento integrado pelas Forças Armadas, a Suprema Corte e membros do Congresso Nacional. Em janeiro, assumiu o novo presidente do país, Porfirio “Pepe” Lobo.

Porém, há também divergências entre o Brasil e o Uruguai. Os uruguaios reclamam da falta de apoio do Brasil e do Mercosul em busca de uma solução para a chamada “crise das papeleiras”. É o impasse que envolve fábricas de celulose por causa da construção de duas usinas na fronteira entre o Uruguai e a Argentina. Os termos do acordo ainda não têm definição. O assunto está na Corte Internacional de Justiça.

Internamente, Mujica demonstra que vai manter firme as metas que definiu. Ele quer fazer uma espécie de revisão nos processos judiciais referentes às violações dos direitos humanos ocorridas durante a ditadura uruguaia – de 1973 a 1985. A iniciativa deve gerar polêmicas com setores conservadores e militares que resistem à medida. O novo presidente já avisou também que é favorável à libertação dos militares com mais de 70 anos, que estão presos.

Nas eleições uruguaias, Mujica venceu com 53% dos votos contra 42% do seu adversário, o ex-presidente Luis Lacalle. Com um discurso de conciliação, o presidente realiza reuniões desde a sua eleição em busca de acordos políticos para garantir a governabilidade.

Fonte: Agência Brasil
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Contraponto 1770 - Petroleiros denunciam programa privatista do pré-sal dos tucanos


30/03/2010


Petroleiros denunciam programa privatista do pré-sal dos tucanos

Do Vermelho - 29 de Março de 2010 - 16h44

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) alerta que “caso vença as eleições presidenciais de outubro, o PSDB, deve rever a legislação que tramita no Congresso referente ao pré-sal. Os tucanos pretendem retomar as regras do marco regulatório do petróleo elaboradas no governo Fernando Henrique Cardoso em 1997, que estabeleceu o sistema de concessão”.
A denúncia dos petroleiros é baseada nas declarações do deputado Luis Paulo Vellozo (PSDB-ES), cotado para coordenar o programa de governo de José Serra para a presidência da República, publicadas pelo jornal Valor Econômico da edição do dia 22 de março.

“Falando em nome do candidato tucano, Vellozo foi categórico ao declarar que o PSDB restabelecerá os leilões de concessão para as áreas do pré-sal, caso Serra seja eleito presidente”, destaca a FUP.

O deputado tucano ressaltou ainda que o PSDB é terminantemente contra o fortalecimento da Petrobrás e que Serra, se eleito, irá impedir a emissão de Títulos do Tesouro para a operação de capitalização da empresa.

DNA privatista

Os petroleiros destacam ainda que “José Serra já provou que seu DNA, assim como o de FHC, é privatista. Vide a entrega da CESP, maior companhia de energia elétrica do país, o desmonte do banco Nossa Caixa (que foi adquirido pelo Banco do Brasil) e a tentativa de privatização da SABESP (companhia estadual de saneamento básico)”, citando os exemplos ocorridos em São Paulo, sob a administração tucana nos últimos 15 anos.

“O patrimônio público foi dilapidado durante os oito anos do governo FHC, quando tucanos e demos promoveram a maior privataria da história do Brasil. Nosso petróleo foi entregue às multinacionais, a Petrobrás foi sucateada e só não foi privatizada porque os trabalhadores e a sociedade reagiram”, lembra a direção da FUP.

Para os petroleiros, uma possível eleição de Serra representa a entrega das reservas bilionárias do pré-sal às multinacionais. “Basta acompanhar a disputa pelo petróleo que está em curso no Congresso Nacional e ver de que lado estão os tucanos e demos”, alertam.

Eles também citaram dados publicados na coluna “Mercado Aberto” do jornal O Globo, no dia 13 de fevereiro, dando conta de que a multinacional Shell foi uma das que mais lucrou com os leilões de petróleo no Brasil e já é operadora de cinco blocos nas bacias de Campos, Espírito Santo e Santos, onde detém 100% do BM-S-54.

“Graças ao entreguismo do PSDB/DEM, a Shell tem também participação de até 40% em cinco blocos operados pela Petrobrás, além de ser operadora única em outros cinco blocos de campos de produção terrestre, na Bacia de São Francisco. Tudo isso, graças à privataria dos tucanos e demos, também conhecida como Lei 9478/97, que criou o regime de concessão do petróleo e gás brasileiros. Esse é o modelo defendido por Serra para dar continuidade à entrega dos nossos recursos às empresas privadas”, finalizam.

Com informações da FUP
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Contraponto 1769 - Primeiros debates da Conae defendem "SUS da educação"

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30/03/2010


Primeiros debates da Conae defendem "SUS da educação"

Do Portal Vermelho - 29 de Março de 2010 - 14h31

Neste domingo (28/03), foi aberta a Conferência Nacional de Educação (Conae), que acontece até o dia 1º de abril, em Brasília (DF), sob tema “Construindo um Sistema Nacional Articulado de Educação: Plano Nacional de Educação, suas Diretrizes e Estratégias de Ação”. Nesta segunda (29/3), especialistas defenderam a criação de um sistema de educação articulado que integre a União, os estados e os municípios, uma espécie de Sistema Único de Saúde (SUS) para a educação.
Agnaldo Azevedo


Cerca de 3 mil delegados são esperados para os debates da Conae
A solenidade de abertura da Conae, realizada no domingo (28/3) à noite, contou com a presença de todos os membros de sua Comissão Nacional Organizadora, bem como o Secretário Executivo Ajunto do Ministério da Educação e Coordenador da CONAE, Francisco das Chagas; o presidente da Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados, Deputado Angelo Vanhoni (PT-PR); a presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado, Senadora Fátima Cleide (PT-RO); a líder do governo no Congresso Nacional, Senadora Ideli Salvatti (PT-SC); o Secretário Executivo da Secretaria Geral da Presidência da República, Antonio Roberto Lambertucci; o Ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Samuel Pinheiro Guimarães; o Ministro da Cultura, Juca Ferreira; e o Ministro da Educação, Fernando Haddad.

O Coordenador da Conferência, Francisco das Chagas, destacou a diversidade educacional, política e social presente na Comissão Nacional Organizadora da Conae e, por sua vez, em todo o processo de construção da Conferência, em suas etapas preparatórias. “A Conae emergiu como um espaço democrático educacional com o apoio do poder público. Temos a certeza da oportunidade que está em nossas mãos de estabelecermos diretrizes para a educação brasileira, com a ampla participação da sociedade civil, poderes públicos, sob a coordenação do MEC”, declarou Chagas.

Para o coordenador da Conae, ao se discutir o Sistema Nacional Articulado de Educação é inadiável pautar a questão do pacto federativo e os desafios de fazer com que as metas do novo Plano Nacional de Educação sejam uma política de Estado, a ser cumprida por todo e qualquer governo. Destacou também a necessidade de aprovação na Conae da institucionalização de um Fórum Nacional de Educação e do avanço em relação à determinação do percentual do PIB (Produto Interno Bruto) que deve ser investido em educação.

Investimento triplicado

O Ministro da Educação, Fernando Haddad, ressaltou os avanços conquistados no último período pelo Governo Lula em relação à educação e disse que em função disso sente-se orgulhoso. “O Governo Lula triplicou os recursos do Ministério da Educação”, destacou. Haddad afirmou que é preciso ainda avançar em relação ao piso nacional do Magistério, aprovando no Congresso, “porque não basta o piso, é preciso incluir essas metas no futuro PNE”, disse. Ainda sobre o Plano Nacional de Educação (PNE), Haddad ressaltou que não se pode fixar nele apenas metas quantitativas, “é preciso também fixar metas qualitativas e os meios para o cumprimento dessas metas”.

O Ministro falou sobre a necessidade de tratar a educação no seu conjunto. “Sem a educação infantil não há como avançar no ensino fundamental. Como pensar a educação superior e fundamental sem valorizar o elo que é o ensino médio?”, questionou. E finalizou: “É impossível crescer de forma sustentável se não investirmos na formação de nossa gente”.

Antes do começo da solenidade de abertura da Conferência, servidores e estudantes da UnB (Universidade de Brasília) tomaram o local e, com apitos e gritos de mobilização, reclamaram de corte salarial. “Nossa luta unificou. É do estudante, funcionário, professor”, bradaram os manifestantes. Durante o discurso de Haddad, servidores efetivos do MEC fizeram uma manifestação pacífica em favor de um plano de carreira.


Foto: Sandra Cruz / UNE

Os estudantes defenderam a bandeira de 50% do fundo do pré-sal para a Educação durante a abertura da Conae
Entre os integrantes da Comissão Organizadora Nacional da CONAE chamados ao palco na solenidade de abertura na tarde deste domingo, no Auditório Ulysses Guimarães, em Brasília, estavam Augusto Chagas, presidente da UNE, e Yann Evanovick, presidente da UBES. Eles foram saudados com entusiasmo pela platéia, repleta de estudantes de todos os cantos do Brasil. Os estudantes bradaram palavras de ordem pela bandeira de 50% das verbas do fundo do pré-sal para a educação.


SUS da educação

A professora da Universidade de Brasília (UnB) e membro do Conselho Nacional de Educação, Regina Vinhais, avaliou o exemplo da rede pública de saúde como positivo. Ela destacou, no entanto, que os recursos públicos precisam ser destinados “apenas e exclusivamente” para a rede pública de ensino – o que não ocorre no SUS, já que parte dos recursos vai para serviços privados.

“A educação no Brasil é um direito social pela Constituição Federal e um direito humano pela Declaração Universal dos Direitos Humanos”, disse. “O Poder Público não garantiu esse direito para todos, optando por não institucionalizar o sistema de educação”, completou, ao ressaltar que a história educacional no país é marcada pela exclusão, pelo alto índice de analfabetismo, pela pouca escolaridade e pelo frágil desempenho dos alunos.

Para o professor emérito da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Demerval Saviani, a educação não deve ser vista como tarefa de governo, mas de Estado. Segundo ele, é preciso reverter a tendência de “diluir” responsabilidades educativas do Poder Público, transferindo-as para a filantropia e para o voluntariado.

“Cabe ao governo repensar a estrutura do plano, enxugando o texto e reduzindo o número de metas a aspectos mais significativos, e cobrar o efetivo cumprimento das metas”, disse. Saviani propôs ainda a criação de um Fórum Nacional de Educação, que se reúna a cada dois ou três anos e que tenha como objetivo acompanhar o andamento das metas previstas no Plano Nacional de Educação (PNE).

A Conae reúne até a próxima quinta-feira (1º), em Brasília, cerca de 3 mil pessoas, entre gestores, representantes de movimentos sociais, acadêmicos e profissionais da educação. A principal missão do encontro é traçar as diretrizes para o próximo PNE, que vai vigorar de 2011 a 2020 e deve orientar os investimentos em educação e as prioridades do país na área.

De São Paulo, Luana Bonone, com Agência Brasil, Contee e Estudantenet
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segunda-feira, 29 de março de 2010

Contraponto 1768 - Com PAC 2, País ganha fôlego para pensar no futuro e exportar conhecimento


29/03/2010


Com PAC 2, País ganha fôlego para pensar no futuro e exportar conhecimento

Blog do Planalto - Segunda-feira, 29 de março de 2010 às 15:39

O governo resolveu anunciar o quanto antes a segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para dar o tempo necessário a prefeitos, governadores, ministérios e gestores públicos para que construam e preparem seus projetos e possam chegar embalados em 2011, data prevista para o início do programa. Segundo explicou o presidente Lula durante o lançamento do PAC 2 nesta segunda-feira (29/3) em Brasília, a construção da engenharia financeira e burocrática de um programa dessa magnitude leva tempo, daí a necessidade de dar tempo para que os projetos sejam debatidos adequadamente. Só entre abril e junho serão discutidos mais de 10 mil projetos, afirmou Lula.

Era necessário lançar o PAC 2 agora porque, até junho, o núcleo coordenador do PAC vai se reunir com prefeitos e governadores para que a gente comece a destrinchar cada coisa. Se não fizer isso agora, o próximo governo vai perder um ano para fazer.

Veja aqui o infográfico que preparamos com detalhes sobre o PAC 2.

Ouça aqui a íntegra do discurso do presidente Lula no evento:




A idéia, segundo o presidente, é que o País tenha uma carteira de obras para ir tocando e possa começar a pensar em outras coisas necessárias ao País, em áreas importantes como educação e ciência e tecnologia. É pensando quatro anos para frente é que a gente pode construir esse País mais rapidamente, afirmou Lula em seu discurso, lembrando que o último grande investimento planejado no Brasil em infraestrutura foi feito há mais de 20 anos, no governo Geisel. Só assim será possível para o Brasil entrar para o rol dos países desenvolvidos.

Estamos dando o fôlego para que esse País possa pensar no futuro. (…) Não queremos exportar apenas suco de laranja ou minério de ferro, mas também o conhecimento do brasileiro.

Lula afirmou que, ao contrário do que muitos pensam, o final do seu governo será de ainda mais trabalho para quem ficar até 31 de dezembro de 2010. O presidente afirmou não estar contente com o que foi feito até agora e que tem obrigação de fazer mais. “Temos competência para fazer mais e o povo pobre precisa que façamos mais”, disse.

Ao lembrar que muitos ministros deixarão o governo nos próximo dias, deu o recado: quem ficar vai trabalhar o dobro. Na segunda-feira após o feriado da Semana Santa Lula pretende se reunir com todos os minitros -- os novos e os que ficarem -- para discutir a agenda de trabalho até o fim do ano.

Ao final de seu discurso, agradeceu o empenho da ministra Dilma Roussef (Casa Civil), bem como das assessoras Erenice Guerra e Miriam Belchior, na preparação do PAC 2.

A ministra Dilma Roussef (Casa Civil) -- a “mãe do PAC”, segundo o presidente Lula -- se emocionou ao afirmar ter orgulho de fazer parte do governo Lula e lembrar que não há outro caminho hoje para o desenvolvimento brasileiro que não inclua a distribuição de renda.

Esse é o Brasil que o senhor recuperou e construiu para todos nós, e que os brasileiros não deixarão mais escapar de suas mãos. O Brasil cresceu com o PAC e continuará a crescer com o PAC 2.

Dilma afirmou que há muitos motivos para celebrar o PAC e que isso estava sendo feito hoje com o anúncio de mais trabalho. “Festejamos mostrando que o futuro é necessariamente momento de construção, trabalho e dedicação”, afirmou a ministra.

O PAC, disse ela, recuperou a capacidade do Estado brasileiro de planejar e investir, e assim mobilizou todos os ministérios num esforço coletivo sem precedentes, além de ter solidificado a parceria do setor público com o privado, além de revigorar o pacto federativo. O programa, afirmou Dilma, “incorpora a visão de estadista de nosso presidente, que enxerga o País muito além de seu governo”.

Eu acredito que o PAC é uma herança bendita que vamos deixar para quem suceder nosso governo, com planejamento, projetos, recursos.

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Altamiro Borges

A pesquisa Datafolha deste final de semana animou a deprimida oposição de direita. Os caciques demo-tucanos, que andavam cabisbaixos, soltaram rojões e agora se agitam para o lançamento da candidatura de José Serra, em 10 de abril. A mídia “privada” também ficou empolgada. O Jornal Nacional da TV Globo, que escondeu a divulgação das pesquisas desfavoráveis ao seu candidato, deu destaque aos “nove pontos de vantagem de José Serra” no Datafolha. A famíglia Frias, dona do instituto tucano e do jornal tucano Folha, também caprichou na divulgação dos resultados.

Espera-se que este bombardeio não desnorteie certos apoiadores de Dilma Rousseff, sempre tão influenciáveis pela mídia e que costumam amarelar nas horas decisivas, passando rapidamente da euforia à depressão. Em certo sentido, a pesquisa tem, pelo menos, dois méritos e serve de alerta aos que apóiam a continuidade do ciclo político aberto pelo governo Lula. Caso ela seja fajuta, como muitos garantem, comprova-se que a campanha será das mais sujas. Caso não, ela confirma que a batalha será das mais duras e exigirá muita combatividade e habilidade política.

As suspeitas de manipulação

A suspeita de que a pesquisa Datafolha tenha sido manipulada tem sólidos motivos. Afinal, este instituto não é confiável. Ele pertence à famíglia Frias, que nunca escondeu seu ódio de classe ao governo Lula e sempre apostou no tucano José Serra, um assíduo freqüentador da sede da Folha. As pesquisas são uma poderosa arma política; não são neutras nem Brasil nem no mundo. Elas interferem na opinião pública, ajudam a costurar alianças e a obter apoios – inclusive financeiros. “A margem de erro da pesquisa é a margem de lucro” dos institutos, dizia Ulysses Guimarães.

No caso desta última, as suspeitas são ainda maiores. Para o sociólogo Emir Sader, a pesquisa foi feita sob encomenda, após outras pesquisas apontarem o crescimento da petista e a estagnação do tucano. “A FSP (Força Serra Presidente) se apressou em fazer a nova pesquisa, que nem esperou a tradicional divulgação de domingo, saindo no sábado. Sem que nenhum fato político pudesse explicar, fizeram o que se imaginaria que um adepto da campanha serrista faria: levantar o ânimo depressivo da campanha opositora, tentando evitar o anticlímax do lançamento de José Serra”.

Disputa sem limites éticos

No mesmo rumo, o blogueiro Eduardo Guimarães lança suspeita sobre “a pressa e o sigilo” desta sondagem. Para ele, o Datafolha é mentiroso. “Estamos falando de um instituto de pesquisas que pertence à Folha de S.Paulo, aquele jornal que não hesitou em publicar, em sua primeira página, falsificação grosseira de ficha policial da grande adversária de Serra”. A pesquisa seria bastante oportuna para o grão-tucano. “Esses números serão usados para ajudar a fechar apoios políticos à sua candidatura e a soterrar resistências dentro do seu partido e entre seus aliados externos”.

Difícil de comprovação, a possibilidade de que pesquisas sejam manipuladas só indica que não haverá limites éticos na disputa presidencial. No convescote do Instituto Millenium, realizado no início de março, os barões da mídia deixaram explícito, através de seus jagunços de aluguel, que farão de tudo para derrotar Dilma Rousseff – como registrou o sítio Carta Maior. Na sequência, a revista Veja já produziu duas capas furiosas contra o partido da atual ministra. O tiroteio não se refletiu nas pesquisas subseqüentes, mas agora o Datafolha ressuscita as esperanças do tucano.

Muitos interesses em jogo

No caso da pesquisa registrar uma nova arrancada de José Serra, mesmo que não existam fatos políticos que expliquem a reversão das tendências e o surpreendente crescimento do candidato da oposição neoliberal-conservadora, ela somente confirmaria o que já era bem previsível: a batalha sucessória será duríssima, disputada palmo a palmo. Ela não será um passeio, com a fácil vitória de Dilma Rousseff já no primeiro turno. Há muitos interesses em jogo nas eleições de outubro.

O império estadunidense não está contente com os rumos da política externa brasileira – contra o golpe em Honduras, em defesa da soberania cubana, em retaliação as medidas protecionistas dos EUA, de relação com o Irã. Já a direita nativa não tolera o Plano Nacional de Direitos Humanos, deseja criminalizar o MST e os movimentos grevistas, rejeita as conferências de comunicação e cultura. A mídia privada, como o partido do capital na atualidade, reflete esta furiosa oposição.

Não subestimar a oposição de direita

A oposição de direita tem base social, principalmente nas regiões Sul e Sudeste; conta com fartos recursos; goza de poder político e econômico; e controla os meios de comunicação. Ela não pode ser subestimada. Uma derrota em outubro aceleraria o seu definhamento institucional – os demos podem sumir do mapa político, juntos com os trânsfugas do PPS, e os tucanos ficariam isolados. Para este bloco político-social, a sucessão de 2010 é decisiva, representa o tudo ou nada!

As condições hoje são mais favoráveis às forças que apóiam o governo Lula – apesar do suspiro dado pelo Datafolha. Mas a vitória dependerá de vários fatores. Exigirá um programa que não se limite à mera continuidade, mas que aponte para novos avanços, com as reformas estruturais que o país necessita. Demandará habilidade nas alianças, atraindo setores de centro e neutralizando potenciais adversários. Dependerá de uma campanha de militância ativa. Estas e outras razões reforçam a urgência de uma maior aproximação de Dilma Rousseff com os movimentos sociais, que poderão jogar um papel mais protagonista na batalha eleitoral deste ano.
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