segunda-feira, 8 de março de 2010

Contraponto 1575 - "Demóstenes Torres (Demo): Estupro consensual. Arre égua!"

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08/03/2010

"Demóstenes Torres (Demo): Estupro consensual. Arre égua!"


Do "Brasil, mostra tua cara"

A Teoria Negreira do CEM saiu do armário

por Elio Gaspari

O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) é uma espécie de líder parlamentar da oposição às cotas para estimular a entrada de negros nas universidades públicas. O principal argumento contra essa iniciativa contesta sua legalidade, e o caso está no Supremo Tribunal Federal, onde realizaram-se audiências públicas destinadas a enriquecer o debate.

Na quarta-feira o senador Demóstenes foi ao STF, argumentou contra as cotas e disse o seguinte:

"[Fala-se que] as negras foram estupradas no Brasil. [Fala-se que] a miscigenação deu-se no Brasil pelo estupro. Gilberto Freyre, que hoje é renegado, mostra que isso se deu de forma muito mais consensual".

O senador precisa definir o que vem a ser "forma muito mais consensual" numa relação sexual entre um homem e uma mulher que, pela lei, podia ser açoitada, vendida e até mesmo separada dos filhos.

Gilberto Freyre escreveu o seguinte:

"Não há escravidão sem depravação sexual. É da essência mesma do regime".

"O que a negra da senzala fez foi facilitar a depravação com a sua docilidade de escrava: abrindo as pernas ao primeiro desejo do sinhô-moço. Desejo, não: ordem."

"Não eram as negras que iam esfregar-se pelas pernas dos adolescentes louros: estes é que no sul dos Estados Unidos, como nos engenhos de cana do Brasil, os filhos dos senhores, criavam-se desde pequenos para garanhões. (...) Imagine-se um país com os meninos armados de faca de ponta! Pois foi assim o Brasil do tempo da escravidão."

Demóstenes Torres disse mais:

"Todos nós sabemos que a África subsaariana forneceu escravos para o mundo antigo, para o mundo islâmico, para a Europa e para a América. Lamentavelmente. Não deveriam ter chegado aqui na condição de escravos. Mas chegaram. (...) Até o princípio do século 20, o escravo era o principal item de exportação da economia africana".

Nós, quem, cara-pálida? Ao longo de três séculos, algo entre 9 milhões e 12 milhões de africanos foram tirados de suas terras e trazidos para a América. O tráfico negreiro foi um empreendimento das metrópoles europeias e de suas colônias americanas. Se a instituição fosse africana, os filhos brasileiros dos escravos seriam trabalhadores livres.

No início do século 20 os escravos não eram o principal "item de exportação da economia africana". Àquela altura o tráfico tornara-se economicamente irrelevante.

Ademais, não existia "economia africana", pois o continente fora partilhado pelas potências europeias. Demóstenes Torres estudou história com o professor de contabilidade de seu ex-correligionário José Roberto Arruda.

O senador exibiu um pedaço do nível intelectual mobilizado no combate às cotas.
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Um comentário :

  1. Brucutu de Goiás

    O quadro de pintura mostrando os métodos aplicados deveria ser colocado no gabinete desse parlamentar.

    Eu digo para esse Senador, que durante a fase da escravidão, por lei, um Senhor, dono de uma escrava podia negociar ou vender o feto ou embrião que estava sendo gestado na barriga da mulher escrava.

    O senador Demóstenes Torres (DEM-GO), pelo que disse sobre a escravidão, mostra todo o seu imenso atraso, trata-se de uma mente medieval. Nem pode ser considerado um político de direita. As suas palavras se encaixam num perfil de extrema-direita.

    Se eu fosse um eleitor goiano, criaria um prêmio para o dito senador, o Prêmio Brucutu de Goiás - ano 2010. Para não desmerecer, ficaria para Ronaldo Caiado (DEM-GO), o Prêmio Brucutu-mor de Goiás - ano 2010.

    Francisco Solano de Lima
    João Pessoa - PB
    08-03-2010

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