segunda-feira, 15 de março de 2010

Contraponto 1634 - "Ok, Lula! Você é fogo mesmo!"

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15/03/2010

"Ok, Lula! Você é fogo mesmo!"



A mídia entrou com os dois pés — não necessariamente no chão — na campanha eleitoral da direita. E pelo que ela diz e pelo que faz, é de fato uma grande adversária do progresso social no Brasil. Manchetes calhordas, noticiário torpe e invencionices de todo tipo estão diuturnamente na internet, nos jornais, revistas, rádios e televisões. Tudo isso é feito, segundo a mídia e a direita em geral, com o elevado propósito de proteger a “moralidade pública”. Conversa. Ninguém, aí, quer proteger moralidade nenhuma.

A direita trabalha contra o avanço progressista do país por uma única razão concreta: depois de assumida pelo povo, a idéia de que é possível construir uma sociedade democrática em todos os aspectos é um poderoso antídoto contra a elite para fazer com que ela não mais se aproprie, em caráter pessoal e abusivo, dos privilégios que sempre usufruiu. O que a direita quer mesmo, como acaba de comprovar na frente de todo mundo com os delitos grosseiros praticados em mais uma denunciamania cafajeste, é privatizar a máquina do Estado brasileiro para o uso particular de seus sócios de ocasião.

Trata-se de uma velha praga da vida política do Brasil e de qualquer país em que poucos se habituaram a viver às custas de muitos, sem dúvida, mas o que torna a situação alarmante, agora, é que a mídia está levando a idéia da privatização da máquina estatal a um nível jamais visto antes na história deste país. Bate aqui — a defesa da “moralidade” — para conquistar ali — a aplicação de um programa de governo centrado na privatização da máquina estatal. E o meio para se fazer isso é tirar do caminho as forças progressistas da nação.

As meias e as cuecas de Brasília

Já se podia antever, para este ano eleitoral, o tamanho da torpeza pelas experiências anteriores — como as dos casos, entre tantos outros, da farsa do “mensalão”, dos “cartões corporativos” e da CPI da Petrobrás. A coisa ficou pior depois que a verdadeira cara do modo direitista de governar apareceu em Brasília, com as câmaras mostrando a turma demotucano metendo os pés e as mãos na bufunfa pública.

Os deliquentes do Distrito Federal são apenas a face mais visível do submundo que chegou por aqui com as naus de Pedro Álvares Cabral — o iceberg mesmo ainda está encoberto pelo mar de torpezas da mídia — e ganhou fôlego com Joaquim Silvério dos Reis e Fernando Henrique Cardoso (FHC).

As meias e as cuecas de Brasília são as testemunhas de que na direita os crimes sempre servem de lição para se cometer novos crimes. Com as negociatas que permearam a “era FHC” cercadas pelas medidas moralizantes adotadas pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não deu outra: eles partiram para a modalidade do crime em que o produto do roubo é passado de mão em mão.

A calamidade ocorrida no Distrito Federal está longe de ser a única manifestação da direita de aproveitamento do serviço público para servir a interesses pessoais de peixes graúdos, mas com certeza é a mais exemplar de todas — pelo tamanho do desplante cometido, pela arrogância de seus autores em achar que podem tudo e, francamente, pela burrice com que se fez a lambança toda. É o tipo da história em que, do começo ao fim, não há uma única coisa certa.

A autópsia do caso

Próceres da direita tiveram a idéia de “exigir” a punição dos culpados. É o tipo de coisa sem pé nem cabeça. Como assim? As únicas pessoas em condições de punir, no caso, eram os próprios próceres em questão — pois só eles tinham autoridade para aplicar a única punição imediata possível: a expulsão da cambada toda de seus quadros partidários.

Em vez disso, os demotucanos de alto coturno ficaram esperando que José Roberto Arruda e seus blue caps — ou sabe-se lá mais quem — desse um jeito na coisa, como tem sido a regra-padrão da direita em todos os casos do gênero. Desta vez não deu. A casa acabou caindo quando Arruda, sem saída, confessou o crime.

A autópsia do caso de Brasília pode servir de tema, no futuro, para um curso de estudos sobre a degeneração da direita brasileira. A simples leitura de quem era quem no episódio já vale por uma viagem de trem-fantasma. Em comum, para todos e acima de tudo, era o fato de pertencerem aos quadros demotucanos. E onde foi parar a defesa do “moralidade pública”, tão propalada pela mídia? Não dá para descobrir. A verdadeira estrutura da corrupção — as entranhas da máquina política-midiática da direita —, não aparece na foto.

Arruda e outros tiveram de deixar o cargo, mas a maneira como saíram mostra que a idéia da direita de fazer do Estado uma propriedade privada continua intacta. Querem, a rigor, voltar a fazer o que fizeram com as usinas siderúrgicas, com os bancos estaduais, com as telefônicas, com a Rede Ferroviária Federal. A grande tese da direita em relação à ruína do seu modo de governar é a de que tudo se resolve colocando gente virtuosa no comando do país, algo que só acontece quando eles estão no poder.

Na prática constata-se, em Brasília e na “era FHC”, qual foi o resultado da aplicação dessas virtudes. É certo que muita coisa ainda está ruim na administração do Estado brasileiro. Mas a última coisa de que o país precisa é que a situação fique ainda pior — como aconteceu em Brasília. Com sua atuação concreta, a direita vem apresentando uma proposta de governo tóxica — não há níveis seguros de consumo para as substâncias que utiliza em sua conduta.

Plantão da palavra

Na outra margem, o cenário é bem diferente. Lula sintetiza um movimento histórico de oposição a tudo isso descrito acima. E nesses tempos bicudos, o talento político fez dele um general nessa guerra. Com Lula na Presidência da República, o Brasil ficou devendo o reaprender da velha lição, eterna como a humanidade, do poder da palavra. Sua briga para mostrar os avanços do país foi na garganta. Poucas vezes na história deste país uma pessoa falou tanto a tanta gente em tão pouco tempo.

Com a mídia em seus calcanhares, ele está sempre a postos, dia a dia indormidos, no plantão da palavra. E com uma clareza digna de um dia nordestinamente luminoso. Não é à toa que os prelados da mídia têm vontade de tirar as calças e sapatear sobre elas toda vez que o presidente decide escancarar mentiras e torpezas da direita. Catedrático na política, toda vez que Lula fala às massas uma tromba d’água desaba nas redações.

Farinha no saco

Fernando Mitre, diretor de jornalismo da Rede Bandeirantes de Televisão, usou o termo “tempestade”. Para ele, o presidente causa tempestade porque diz coisas em linguagem popular que “nem sempre” correspondem à realidade. Mas o que ocorre mesmo, quando a “realidade” da mídia é confrontada pelo presidente, é uma tromba d’água. A tempestade tem relâmpagos que a anunciam. A tromba d´água surpreende todo mundo ao desabrigo, no meio da rua, a céu aberto. Como a mídia vive de falsidade, é sempre pega na mentira.

Lula é o grande engenheiro das vitórias que vão reduzindo a direita ao seu tamanho efetivo. No processo político democrático, a verdade conta muito — só a força pode detê-la. (Tenho experiência pessoal nisso: na militância sindical, em duas ocasiões conduzi processos políticos que depois de vitoriosos democraticamente foram golpeados pela imposição da autoridade por meio do mais obtuso autoritarismo.) E essa tem sido a grande aliada dos talentos políticos e oratórios de Lula.

Com isso, o discurso da direita vai ficando cada vez mais morno e dimensionado à sua insignificância mais velha do que ela própria. É por isso que o presidente, que suportou as maiores torpezas que uma pessoa pode suportar como um Jó, nem se queixa das pernadas da mídia. “Olha para a minha cara e vê se eu estou preocupado”, dizia ele logo que surgiram as primeiras “denúncias” da mídia torpe contra seu governo. O tempo passou. E nada como o tempo e alguns homens-cueca — como os de Brasília — para mostrar quem tem farinha no saco e quem vive de safadezas, tentando agarrar o imponderável pelos calcanhares.
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