AMNÉSIA MIDIÁTICA:
COMO O TIGRE CEUTA VIROU UM HAITI FINANCEIRO
Nos anos 80 e 90, a palavra ‘Irlanda’ era pronunciada com a reverencia reservada aos quitutes finos nos banquetes neoliberais. O ‘ajuste irlandês’, iguaria produzida a partir de uma receita de cortes brutais nos gastos públicos, demissão em massa de funcionalismo e isenções maciças de impostos, era vendido nas praças de alimentação do mundo pobre como o cardápio da hora. A Irlanda era por assim dizer a garota do quarteirão do Consenso de Washingnton. Ombrear-se a ela seria possível, mas exigiria uma aplicação de ferro, explicavam os colunistas urbi et orbe, inclusive os ventrílocos nativos que agora demonstram súbita amnésia em relação ao passado desta que é a bola da vez da derrocada européia. Recapitulemos. [Leia mais]
O ROTEIRO DO TERCEIRO TURNO
Passados 18 dias desde a vitória de Dilma Rousseff sobre Serra, por uma vantagem de 12 milhões de votos, a coalizão demotucana e seu dispositivo midiático não recolheram as garras um só minuto. Cinco dias após o revés nas urnas, o candidato da derrota estava em Biaritz levando um 'por que no te callas', em resposta a tentativa de armar o palanque de oposição em território francês. O jornalismo nativo não deixa por menos. Cumpre religiosamente o roteiro do terceiro turno. Dia sim, dia não, tem uma crise produzida, maquiada e estampada nas capas da mídia conservadora --disputa por ministérios; desfeita de Lula a Celso Amorim; desindustrialização galopante; impasse do salário mínimo;crise na Petrobrás; denuncismo contra a equipe de transição; denuncismo contra supostos candidatos a ministro; crise do ENEM; veto do IBAMA a Belo Monte etc etc. Em resumo, não se disfarça a intenção de minar a autoridade da Presidente eleita antes mesmo de sua posse. Agora, a Folha se prepara para dar legitimidade 'jornalística' a um relatório produzido nos porões da ditadura militar sobre a militancia revolucionária de Dilma Rousseff nos anos 70. O enredo dessa trama está para a isenção jornalística assim como o rio Tietê para a preservação do meio ambiente. A aposta em curso é que, uma vez Lula fora da cena política, não haverá força capaz de deter o trator oposicionista, cujas rodas em poucos meses estarão transitando por cima do cadáver político do novo governo. Desta vez, ao contrário do que ocorreu em 2005/2006 eles não hesitarão em lavrar um pedido de impeachment para materializar o terceiro turno agora esboçado. Com a palavra, os movimentos sociais.
(Carta Maior, 18-11)
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