domingo, 12 de dezembro de 2010

Contraponto 4201 - "Para o que serve mesmo a Otan?"

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12/12/2010

Para o que serve mesmo a Otan?

Do Vermelho - 12 de Dezembro de 2010 - 9h01

O objetivo do novo projeto estratégico da Otan é garantir a atual distribuição do poder no mundo, que favorece principalmente os EUA e manter o controle de recursos minerais e energéticos para suas empresas

Por Rómulo Pardo Silva

Não é possível compreender as mudanças na Otan olhando apenas para os acordos de Lisboa. É preciso denunciar seu projeto estratégico. Da mesma forma como os impérios de Espanha, Portugal, Holanda, Inglaterra, França, Alemanha, o objetivo é dominar ou eliminar os povos e apoderar-se de cada recurso do planeta. O que mudou foram o canhão e a espada pelo míssil nuclear e a propaganda. E também a capacidade de extermínio e de terror.

A Otan é a força militar mais poderosa que já existiu. Seu pilar são os Estados Unidos e seu condutor é o poder de fato dos norte-americanos. Os gastos militares dos EUA ultrapassam a soma de todos os demais países e sua contribuição para a Aliança Atlântica subiu, de dez anos para cá, de 49% para 73%. Sua capacidade de guerra consta de milhares de armas nucleares, mísseis ofensivos e defensivos, poderosas bombas convencionais, mais de 800 bases no estrangeiro, frotas em todos os oceanos, instrumentos cibernéticos, armas radioelétricas, bombardeiros em voo permanente. Por trás disso, as burguesias europeias dão o apoio militar e político ao projeto.

EUA-Otan constituem uma cara máquina de destruição que obviamente não foi pensada para combater a Al Qaeda, os piratas do Iêmen, ou grupos terroristas. Sua tarefa é o futuro da humanidade, ainda que seja usada no presente.

Os grandes empresários ocidentais sabem que as crises em desenvolvimento darão fim, em algum momento, ao sistema capitalista e, previdentes, adiantam o controle absoluto do planeta para impor em seu benefício a civilização seguinte.

Com o aquecimento global e sua destruição de paisagens e migração caótica de povos; o esgotamento do petróleo e do gás, e o colapso da indústria e do transporte, a fragilidade do sistema financeiro, a falta de água, a escassez de minerais, terras para uso agrícola, florestas, alimentos do mar, o aumento da população aos bilhões, será impossível man ter a ordem capitalista de livre exploração da natureza.

Ante a impossibilidade de crescimento econômico constante com recursos finitos e ao consequente colapso das forças políticas, sociais, ideológicas, os donos das multinacionais preparam a Otan como instrumento de seu modelo de ditadura mundial fascista, “um governo, um exército, um pensamento”.

Que podem fazer os magnatas transnacionais ocidentais sem água, minerais, energia, climas convenientes? Apropriar-se, com o poder das armas, de todas as riquezas do planeta. Repetir de um modo agora absoluto suas próprias histórias coloniais.

Não é um plano secreto. Os figurões da Otan dizem isso abertamente. O secretário geral Anders Fogh Rasmussen declarou que suas forças atuarão em qualquer lugar do mundo para defender “nossa paz” e “prosperidade”! Em um documento oficial anterior falavam de defender seu “estilo de vida”. Chomsky explica: “…A doutrina de Bill Clinton [ex-chefe nominal da Otan] era que os EUA estavam autorizados a usar a força militar para assegurar ‘o acesso desinibido a mercados chave, fornecimentos energéticos e recursos estratégicos´ sem sequer a necessidade de inventar pretextos...”

O objetivo chave são os recursos. Faz pouco tempo a situação ficou tensa quando se acreditou que a China bloquearia a exportação de metais raros, indispensáveis para a indústria eletrônica. O Brasil terá seis submarinos nucleares para proteger seu petróleo e, para 2047, vai incorporar 20 submarinos convencionais, pois é conhecido o interesse de Washington pela Amazônia.

A fria vontade de usar a força dos EUA-Otan se mostrou na destruição da Iugoslávia, Afeganistão, Iraque, nos bombardeiros no Paquistão. No cerco à Rússia e à China. Nos planos de ataque ao Irã e à República Popular da Coréia. A construção de um escudo anti-mísseis que permita ataques impunes. Sua ameaça é tão grave que o presidente Medvedev e a burguesia russa estão optando por se tornarem clientes do império, o que deixaria a China sozinha.

O alvo da Otan está mais no presente do que no futuro. Se o Brasil, país em desenvolvimento, planeja para cinquenta anos à frente, a Otan dona do poder e da tecnologia tem que pensar em séculos.

Os pobres de cada país são vítimas do desígnio da Aliança Atlântica, que usará a força para assegurar sua prosperidade. O socialismo do futuro deve sabe-lo, dizê-lo e levantar a alternativa solidária e sustentável por todos.

Fonte: www.malpublicados.blogspot.com
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