03/09/2011
Na abertura do IV Congresso Nacional do PT, nesta sexta-feira, mídia foi alvo de críticas dos principais oradores. Inclusiva da presidenta Dilma Rousseff, que vê tentativa "envergonhada" da imprensa de afastá-la de Lula. Documento que será aprovado no fim do encontro dirá que é "urgente" debater novo marco regulatório para rádio e TV.
André Barrocal
BRASÍLIA – A imprensa foi uma das estrelas da abertura do IV Congresso Nacional do PT, na noite desta sexta-feira (02/09), em Brasília. Esteve presente, na condição de ré, nos três discursos mais importantes: da presidenta Dilma Rousseff, do antecessor dela, Luiz Inácio Lula da Silva, e do presidente do PT, Rui Falcão.
O peso político dos autores das críticas ajuda a entender porque a mídia também será protagonista no documento final que os petistas vão aprovar domingo. O texto vai cobrar um marco regulatório para emissoras de rádio e TV, que vem sendo discutido dentro do governo desde o ano passado.
A critica presidencial explorou o que Dilma considera ser uma tentativa da imprensa de afastá-la do padrinho, Lula. Para ela, a mídia estaria tentando, de forma “solerte, envergonhada, insinuada”, separar os dois ao disseminar a tese de que que Dilma precisaria administrar uma “herança não bendita”.
Esse tipo de raciocínio surgiu, por exemplo, na abordagem sobre a inflação no início do ano, que seria resultado de “gastança” de Lula. E, mais recentemente, no noticiário sobre denúncias de corrupção envolvendo os agora ex-ministros Antonio Palocci, Alfredo Nascimento e Wagner Rossi.
Dilma discorda do conceito de “legado", já que fez parte do governo Lula e, portanto, tem responsabilidade pelo que vem de antes. E não aceita que o que administra seja algo negativo. “A nossa herança é daqueles que transformam o Brasil. Nós mudamos a lógica de crescimento do país”, disse.
Antes dela, tinha sido a vez de o próprio Lula atacar a imprensa, como fez tantas vezes, especialmente no segundo mandato. Disse que, nos últimos dias, um jornal noticiou que ele teria sido consultado e dado aval a uma moção em favor do ex-ministro José Dirceu, cujo quarto que ocupa em um hotel de Brasília sofreu tentativa de invasão por um repórter da revista Veja.
“O jornal mentiu. Ninguém me perguntou nada. Mas a nota tem o meu aval”, declarou Lula. Afirmou ainda que não é verdade a notícia de que ele seria a favor de acabar com prévias para definir candidatos no PT. “Não é possível eles mentirem e a gente ter de se explicar."
A moção a favor de Dirceu e de repúdio à revista foi apresentada no primeiro discurso da noite, feito pelo presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique da Silva Santos. Ele abriu a fala propondo moção contra o “crime cometido por uma famosa revista”.
Depois de Lula e Dilma, Dirceu foi o petista mais aplaudido quando teve o nome anunciado para compor o palco de abertura do Congresso.
Ao discursar, o presidente do PT, Rui Falcão, fez uma crítica mais genérica aos meios de comunicação. Condenou o que enxerga como “monopólio midiático”, “partidarização da mídia” e “jornalismo marrom que às vezes flerta com a criminalidade”. “O PT luta para votar um marco regulatório”, afirmou.
O documento que será colocado em discussão no Congresso petista sábado e domingo diz ser “urgente provocar a ampliação do debate sobre esse marco regulatório”. O marco regularia emissoras de rádio e TV, que são concessões públicas.
O texto, ao qual Carta Maior teve acesso, afirma que o marco regulatório deve ter nove princípios, entre eles, liberdade de expressão, pluralidade de fontes de informação, apoio às redes públicas e comunitárias de comunicação e participação social nas políticas de comunicação.
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