segunda-feira, 2 de abril de 2012

Contraponto 7747 - "Gabriel Bonis: Carta some estranhamente das bancas em Goiânia"

.
02/04/2012

Gabriel Bonis: Carta some estranhamente das bancas em Goiânia


Do Viomundo 1 de abril de 2012 às 20:09

por Gabriel Bonis, em CartaCapital

“A fotocópia da matéria custa cinco reais, quer que eu reserve? Não tenho mais como tirar outra, porque a tinta da máquina acabou”, oferece, por telefone, a vendedora de uma revistaria de Goiânia.

CartaCapital ligava para saber se o estabelecimento ainda tinha em estoque a edição 691, que traz em sua capa reportagem sobre os laços dos negócios ilegais do bicheiro Carlinhos Cachoeira, o senador Demóstenes Torres e o governador de Goiás, Marconi Perillo, identificados pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo.

A revista, que teve acesso exclusivo ao relatório da operação da PF, recebe desde a manhã deste domingo 1 inúmeras mensagens em seu portal e contas nas redes sociais Twitter e Facebook a alertar sobre a estranha dificuldade em encontrar a edição nas bancas da capital goiana.

Com medo de quê?

A reportagem de capa, assinada pelo jornalista Leandro Fortes, aborda documentos, gravações e perícias da Operação Monte Carlo que indicam uma sinergia total entre o esquema do bicheiro, Demóstenes e o governador de Goiás, Marconi Perillo.

Uma gravação telefônica de 5 de janeiro de 2011 entre Cachoeira e seu principal auxiliar, Lenine Araújo de Souza, vulgo Baixinho, captada por agentes federais, mostra a interferência do bicheiro no governo de Perillo.

De Miami, o empresário recebe a notícia de que um de seus indicados para o governo de Goiás, identificado apenas por Caolho, foi preterido sem maiores explicações, aparentemente sem o conhecimento do governador. “Marconi, hora que souber disso (sic) vai ficar puto”, reclama o bicheiro, no telefonema a Souza. E acrescenta, a seguir: “Já mandei avisar ele (sic)”.

A reportagem também informa que Demóstenes recebeu ordem de Souza para falar diretamente com o governador – que nega envolvimento no caso – sobre o assunto.

Esta, no entanto, não foi a única interferência do bicheiro no governo de Perillo, segundo a PF. Há registro de conversas em que Cachoeira se mostra incomodado com a atuação de um coronel em Anápolis, que poderia atrapalhar os seus negócios.

Na semana passada, CartaCapital revelou que o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) tinha direito a 30% da arrecadação geral do esquema de jogo clandestino comandado pelo bicheiro – e que movimentou, em seis anos, 170 milhões de reais (Leia mais AQUI).

Pelo Twitter, diversos usuários relataram que a edição da revista teria sido comprada em grandes lotes por indivíduos em carros sem placas, supostamente ligados ao bicheiro e a pessoas próximas dos envolvidos nas denúncias ao governador de Goiás, para evitar que a população tivesse conhecimento do caso.

Segundo relatos nas redes sociais, a edição teria sido comprada, em grande parte, logo após a abertura das bancas.

A reportagem de CartaCapital entrou em contato neste domingo, por telefone, com cerca de 30 bancas de jornal, livrarias e revistarias da capital goiana, entre as milhares que existem na cidade.

Apenas seis atenderam à ligação e confirmaram que a revista estava esgotada. Informaram também não ter vendido grande número de revistas a poucos indivíduos ou a alguém com um carro a “recolher” a publicação das bancas.

Devido a dificuldade em averiguar pessoalmente o caso neste domingo, não é possível confirmar se o mesmo ocorreu em outras bancas ou partes da cidade, ou se os próprios contatados foram instruídos a negar a venda em lotes.

Mas os relatos deste tipo de venda são inúmeros, entre eles o do deputado federal Luiz E. Greenhalgh, via Twitter. “São muitas as pessoas que testemunharam o sequestro da CartaCapital em Goiânia. Amigos me telefonaram. Fato inadmissível nos dias de hoje”, disse.

Em comentários no site da revista, os internautas afirmam não haver mais revistas em diversas partes da cidade e questionam o sorrateiro desaparecimento das edições. “Antes das bancas de revista abrirem, a revista CartaCapital já estava sendo recolhida pelos jagunços do chefe da quadrilha”, relata o leitor que identifica como Sílvio.

Outro internauta, Flávio Câmara especula sobre a possibilidade de a revista estar esgotada pela ação ‘’de políticos” a agir “estrategicamente” e encobrir “o caso envolvendo Carlinhos Cachoeira e os políticos goianos.”

A leitora Sônia relata ter tentado comprar a revista pela manhã e não a encontrou. “Em uma delas, o rapaz disse que um homem passou e comprou todos os exemplares. Se isso não é manipulação política, qual será o nome disso?”, questiona.

A reportagem de CartaCapital continua a averiguar a situação, a fim de confirmar ou não as denúncias dos internautas.

O texto de Leandro Fortes será disponibilizado na íntegra nesta segunda-feira 2 no site de CartaCapital.


PS do Viomundo 1: E-mail enviado ao Viomundo por Rafael Laia confirma o estranho sumiço:

Impressionante (ou não!): Moro em Natal /RN e acabei de receber uma ligação da minha família residente em Goiânia / GO me pedindo para comprar a Carta Capital desta semana (que tem na capa: “O crime domina Goiás – Relatório inédito da PF mostra como o bicheiro Cachoeira manipulava Demóstenes e influía no governo de Marconi Perillo”). Por que eles me pediram para comprar a revista aqui em Natal??? A revista simplesmente sumiu de todas as bancas da cidade!

PS do Viomundo 2: O leitor Rafael Silva avisa que o mesmo está acontecendo em Anápolis (GO):

Incluam a cidade de Carlinhos Cachoeira. Moro em Anápolis-GO e aqui a revista não é encontrada nem pra remédio!

.

Nenhum comentário :

Postar um comentário

Veja aqui o que não aparece no PIG - Partido da Imprensa Golpista