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20/09/2012
Miudezas do mensalão e a cegueira de Joaquim Barbosa
Do Esquerdopata - 20/09/2012
Miudezas do mensalão
JANIO DE FREITAS
O que explica haver quantias de repasses em valores tão quebrados que chegam até aos centavos?
JANIO DE FREITAS
O que explica haver quantias de repasses em valores tão quebrados que chegam até aos centavos?
Já abordado pelo relator no Supremo Tribunal Federal, o capítulo dos
repasses de dinheiro a políticos, no chamado valerioduto, mantém em
aberto uma curiosidade que vem desde os primórdios do escândalo do
mensalão.
Não há sinal de que o inquérito da Polícia Federal, em qualquer altura,
tenha buscado a devida explicação para o valor de cada uma das quantias
repassadas a dirigentes partidários e deputados.
Em sua extensa peça de acusação, o procurador-geral da República,
Roberto Gurgel, também não inclui tal explicação. Nem dá indicação de
que a tenha ao menos buscado. O relator Joaquim Barbosa ainda pode vir a
oferecê-la, mas, a rigor, conviria que já a houvesse feito.
Eis a questão: o que explica haver quantias de repasses, feitos por
ordem do PT e destinados a dirigentes partidários e deputados, em
valores tão quebrados que chegam até aos centavos?
A preliminar do procurador-geral e do relator para a ocorrência dos
repasses é de que se deram como suborno, de bancadas partidárias e de
deputados como indivíduos, para apoio ao governo na Câmara.
As muitas quantias redondas constatadas pelas investigações adequam-se à
preliminar, dado que o valor redondo é próprio daquela e das formas de
corrupção em geral. Em princípio, não suscitariam estranheza, mesmo.
Já a acusada compra de apoio do PL (hoje PR) e de seu dirigente Valdemar
Costa Neto, um dos mais vorazes mordedores do PT no valerioduto, chega
em seus sucessivos milhões à minúcia dos centavos.
Até em se tratando de Valdemar Costa Neto, é difícil supor que fixasse o
seu preço ou o do PL com a precisão gananciosa dos centavos. E não são
esses os únicos centavos e reais miúdos no dinheiro ilícito.
Algum significado tem essa peculiaridade de determinados repasses.
Identificá-lo pode chegar a motivos desprezíveis, mas também é possível
que dê um indício a mais, uma pista ou esclarecimento no processo que
tem forçado tantas deduções.
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