04/11/2012
“Renovação é coisa do PT”, reage Serra
Por Altamiro Borges
Há fortes indícios de que a crise no PSDB, o principal
partido da direita nativa, vai se aprofundar nos próximos meses. Isto talvez ajude
a explicar a histeria da mídia “privada”, que nos últimos dias intensificou seu
bombardeio contra o ex-presidente Lula. As declarações desencontradas do
derrotado José Serra, do caudilho FHC e do cambaleante Aécio Neves indicam que
o clima não anda nada bom no ninho tucano. A tendência é que as bicadas sejam mais
sangrentas e explícitas. A oposição direitista depende, cada vez mais, da mídia
venal!
Terminada a eleição municipal e confirmado o encolhimento nas
urnas dos demotucanos, alguns caciques do PSDB passaram a propor a “renovação” da
sigla. O pavão FHC, que nunca morreu de amores por Serra, logo abonou a tese.
Aécio Neves, que até hoje teme ser rifado na disputa pela vaga para a sucessão
presidencial de 2014, também aplaudiu a ideia. Mas não demorou nem 48 horas a
proposta da “renovação”. José Serra sentiu-se como a “Geni dos tucanos”, como
já ironizou o jornalista Ilimar Franco, e reagiu irritadiço.
As sangrentas bicadas tucanas
Segundo relato do Estadão, que publicou editorial em apoio
ao tucano em São Paulo, “na segunda-feira, 29, um dia depois da derrota, Serra
telefonou e enviou e-mails para ex-integrantes de sua campanha e aliados no
PSDB paulista. Afirmou que a defesa da renovação era um tema que interessava
apenas ao PT e reclamou das declarações feitas pelos integrantes do partido... Serra
disse que o PSDB estava se submetendo a uma estratégia dos petistas e que as
declarações de defesa dessa tese eram uma traição à sua candidatura”.
“Serra também fez críticas duras às declarações do
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que, antes mesmo do fim da votação,
afirmou que ‘a renovação é necessária sempre e o Brasil está mostrando isso
mais uma vez’... Serra procurou os seus principais aliados para debater a
questão. Vários deles passaram, então, a criticar o discurso da renovação”. O
senador Aloysio Nunes Ferreira e o ex-governador Alberto Goldman, dois fiéis
aliados do derrotado, desancaram a tese da renovação. “Isto é bobagem”, afirmou
Goldman.
DNA envelhecido do PSDB
Diante da estridente reação e temendo o pior, com a lavagem
da roupa suja em público, os caciques tucanos logo recuaram. FHC foi o primeiro
a fugir do confronto com Serra. Afirmou que defendia a “renovação das ideias”,
e não das pessoas. “Juventude, em si, não produz ideias novas. O mais
importante são as ideias, não necessariamente novas, mas renovadas para fazer
frente às conjunturas”, bravateou o ex-presidente. O mineiro Aécio Neves também
preferiu contemporizar e passou a elogiar o seu “amigo” Serra.
De fato, o problema do PSDB não é apenas com os seus quadros
decrépitos – que dão golpes internos e impõem suas candidaturas eternas. O
problema é que a própria sigla está envelhecida, apegada ao velho discurso
neoliberal e distante da nova realidade do país. E é exatamente neste terreno,
o das ideias, que a briga interna tende a ser mais sangrenta. Não há como mudar
o DNA dos tucanos, elitista e antipovo. A tendência é que o PSDB mantenha o seu
oposicionismo raivoso, o que produzirá novas crises internas!
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