sábado, 9 de agosto de 2014

Contraponto 14.384 - "Chomsky & Cia"

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09/08/2014

"Chomsky & Cia"


Do Facebook 9/8/014
 Editado ·

Seria muito bom se as pessoas que nunca leram Noam Chomsky dedicassem ao menos duas horinhas de suas preciosas vidas para assistir a esse excelente documentário, "Chomsky & Cia", de 2008: https://www.youtube.com/watch?v=IHSe9FRGpJU

Sinceramente, eu não sei o que passa na cabeça de algumas pessoas. Eu vejo muitos céticos por aí desconfiando de tudo e de todos, mas completamente dóceis e crédulos em relação à imprensa.

É como se o mundo fosse dividido entre, de um lado, o poder econômico (empresários, banqueiros) ganancioso, espoliador, predador... Destrói o planeta, polui, explora as pessoas. De outro lado, o poder político (governos) corrupto, ladrão, aproveitador, espertalhão... No meio deles, a imprensa (que, muitas vezes, nem é reconhecida como um Poder: poder midiático) pura e santa imprensa, comprometida apenas com a verdade, sem nenhuma outra intenção que não seja informar o público com isenção e imparcialidade, desinteressadamente. Ou seja, segundo esse "ceticismo ingênuo", o mundo é uma selva, mas a imaculada imprensa é um oásis redentor. Curioso isso, não?

Numa determinada altura do documentário citado acima, alguém faz a seguinte pergunta ao Chomsky: "qual é o mecanismo pelo qual o governo influencia a mídia?". Certamente, a pergunta se referia ao governo estadunidense, "o mais poderoso do mundo"...

Chomsky foi curto e grosso: "o governo não tem influência sobre a mídia. Isso é o mesmo que perguntar como o governo convence a General Motors a aumentar seus lucros. Não faz sentido. A mídia é feita de corporações enormes, que têm os mesmos interesses das empresas que controlam o governo. O governo não pode dizer à mídia o que fazer. Ele não tem esse poder".

O que muita gente parece não compreender é que o poder econômico controla tudo (e eu não digo isso de forma resignada. Ao contrário: minha aposta na política é uma atitude de inconformismo porque eu não vejo outra saída a não ser pela política). Tem uma cena do filme "Rede de intrigas", de 1976, em que esse domínio material do mundo corporativo sobre as nossas vidas é traduzido em palavras muito claras: "não existem nações, não existem pessoas. Não existem russos, não existem árabes. Não existe terceiro mundo. Não existe oeste, não existe leste. Só há um sistema holístico de sistemas. Um vasto, imanente, interligado, interagente, multivariante, multinacional domínio de dólares! Petrodólares, eletrodólares, multidólares! Marcos alemães, ienes japoneses, francos suíços, libras esterlinas... É o sistema internacional da moeda corrente que determina a totalidade da vida neste planeta. Esta é a ordem natural das coisas, hoje em dia"...

Na verdade, essas palavras, que não são muito diferentes do que o Eduardo Galeano já vem falando com bastante indignação há muito tempo, são um verdadeiro tapa na cara dos cartesianos mais acomodados. Por isso eu acho que os inconformados com a imposição dessa "naturalidade" tão anti-natural, tão violenta e desumanizante, deveriam, na esteira de Noam Chomsky, praticar mais a desconfiança em relação às corporações de mídia, verdadeiras "fábricas de consensos" e lavagem cerebral. Bom sábado!
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