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15/11/2014
A Operação Lava Jato e o futuro do financiamento político
Não se sabe ainda quais jogadas políticas se escondem por trás da
Operação Lava Jato. Se for seletiva em relação a partidos políticos,
desmoraliza. O vazamento de depoimentos na véspera das eleições é uma
mancha na operação.
Se for, de fato, republicana, muda a história política e a luta
contra a corrupção no país. E, por republicana, entenda-se o
aprofundamento de todas as relações políticas do doleiro Alberto
Yousseff - e aí entram o PT, o PSDB, PMDB, PP e demais partidos.
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Até agora, as mazelas políticas do país sempre foram tratadas de
forma oportunista pela cobertura midiática. Jornais valem-se das
denúncias não como instrumentos de aprimoramento do país, mas como armas
do jogo político, em atendimento a seus interesses empresariais e de
seus parceiros políticos e empresariais.
Na CPI do Banestado, a Polícia Federal levantou e-mails de um
lobista da Andrade Gutierrez alertando José Serra de que, se as
investigações não fossem interrompidas, iriam bater nos recursos da
privatização. Segundo o procurador Celso Três, que participou das
investigações, houve "aberrante morosidade na investigação", devido à
atuação do então Procurador Geral da República Geraldo Brindeiro -
denominado de "o engavetador-mor" de FHC. A morosidade do MPF permitiu a
prescrição dos crimes.
A Operação Castelo de Areia envolvendo a Camargo Correa, alguns
anos atrás, flagrou pagamento de propinas a políticos de ponta do PSDB
paulista, como o ex-Chefe da Casa Civil do governo Alckmin, Arnaldo
Madeira. Acabou sepultada no Superior Tribunal de Justiça (STJ), sob a
alegação de que se iniciara a partir de uma denúncia anônima. Votaram
pela anulação a ministra Maria Thereza de Assis Moura, e os ministros Og
Fernandes e Celso Limonge.
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Outra operação, a Satiagraha, atingiu o coração de um vasto esquema
de corrupção que envolvia do mensalão do PSDB ao do PT. Foi sufocada
por uma pressão conjunta do governo Lula, dos grupos de mídia, de
aliados de José Serra - cuja filha era sócia de Daniel Dantas - , e do
óbvio Ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
O STJ anulou a operação, através dos votos do ministro Jorge Mussi,
do relator, desembargador Adilson Macabu, e o ministro Napoleão Nunes
Maia Filho. No Congresso, Dantas recebeu o apoio entusismado dos
notórios senadores Arthur Virgilio (PSDB-AM) e Álvaro Dias (PSDB-PA). Na
imprensa, apoio da revista Veja, depois de presenteá-la com dois
cadernos de publicidades de empresas de telefonia controlada por ele.
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Até agora, a Operação Lava Jato recebeu amplo apoio dos grupos de
mídia por visar, por enquanto, apenas o PT e os governos Dilma e Lula.
Não se pense, da parte dos grupos de mídia, em nenhuma bandeira
desfraldada contra a corrupção, mas em interesses políticos e
empresariais bastante objetivos.
A Operação, em si, revela uma imensa teia de jogadas envolvendo a
Petrobras, a maior empresa brasileira e montadas a partir de executivos
indicados no governo Lula. A liberdade conferida a Paulo Roberto Costa
superou todos os limites do bom senso. Se o PT pretendia inserir-se no
establishment político brasileiro, conseguiu com louvor. Mas sem
blindagem.
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Yousseff é muito mais que isso. É mencionado no livro "A privataria
tucana" como homem-chave na remessa de recursos de caixa dois de
caciques tucanos para o exterior. Participou diretamente de operações
que passavam por recursos da privatização, além das operações do notório
Ricardo Sérgio - o homem de Serra no Banco do Brasil.
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Se houver, de fato, espírito republicano por parte do juiz Sérgio
Moro, do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, aplica-se um
golpe de morte em todo sistema de financiamento clandestino de campanha
eleitoral.
Depois da prisão de executivos, nenhuma grande empresa irá correr mais riscos de continuar nesse jogo.
O STF já votou contra o financiamento privado de campanha. A
votação não foi homologada ainda devido ao vergonhoso Gilmar Mendes que,
mesmo já sendo voto vencido, pediu vistas do processo e engavetou-o.
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