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02/11/2014
O que Lula não disse sobre a Veja
Diário do Centro do Mundo - 02/11/2014
Paulo Nogueira
Num vídeo que viralizou, Lula disse que a Veja deve ser vista como um panfleto político, para não provocar azia.
O que Lula não disse é que existe uma diferença não apenas editorial entre panfleto e revista, mas também financeira.
Revistas, como jornais, gozam de uma mamata fiscal que você não encontra em países socialmente avançados: não pagam imposto sobre o papel em que são impressos.
É o chamado “papel imune”.
Conheço bem, por conta de meus anos de Abril.
Certa vez, quando dirigia uma unidade de negócios, pensei em fazer uma divisão dedicada a revistas customizadas, aquelas centradas em marcas.
Desisti quando fui informado, pela área jurídica, de que as revistas customizadas não gozariam da vantagem do papel imune.
Isto tornaria inviável, economicamente, a operação.
Aquele era, e é, um privilégio exclusivo de papel destinado a se transformar em jornal ou revista.
O “papel imune” é apenas uma das imensas facilidades que o Estado foi dando às grandes empresas de jornalismo – sempre com dinheiro público.
Naturalmente, seria muito melhor para a sociedade que o imposto não recolhido na compra de papel terminasse em escolas, hospitais, portos – e não na conta dos barões da mídia.
Panfletos, para voltar à analogia de Lula, não são feitos com “papel imune”.
A Veja é.
A verdade é que não existe motivo nenhum para a manutenção de mais esta mamata para as empresas de mídia.
A mídia brasileira precisa de um choque de capitalismo – e o primeiro passo é serem obrigadas a andar sem as muletas do dinheiro público.
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