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03/02/2015
Eduardo Cunha é retrocesso, mas é calculista. Sabe que não sobrevive se embarcar no golpe.
Amigos do Presidente - segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015
Confesso que subestimei a capacidade da maioria dos deputados federais
de quererem viver perigosamente, não procurando melhorar a imagem do
Congresso Nacional e da classe política.
Achava que muitos estavam acenando apoio a Eduardo Cunha (PMD-RJ) apenas para conseguirem mais espaço no governo, mas pelo menos a metade acabaria votando em Arlindo Chinaglia (PT-SP) no segundo turno para evitar mais desgastes diante da opinião pública.
Chinaglia sempre passou uma imagem republicana, de parlamentar que dignifica a política. Já foi presidente da Casa e nunca criou constrangimentos para imagem do parlamento, e nunca apareceu envolvido em escândalos. Como a Operação Lava Jato irá atingir muitos parlamentares (segundo dizem), pensei que a maioria iria querer limpar um pouco a imagem do legislativo, colocando na presidência um deputado menos polêmico do que Eduardo Cunha.
Engano meu. Cunha venceu em primeiro turno, com 267 votos.
Cunha sozinho é o que é. Agora quando a maioria dos deputados preferem segui-lo fica mais difícil qualificar a política, combater o fisiologismo e as causas da corrupção, passar reformas transformadoras e leis de interesse popular e conquistar avanços progressistas. O Congresso fica inclinado para uma agenda voltada para os mais ricos, para privilégios e sabe-se lá mais o quê.
A oposição ganha em dois pontos. Em geral, quando Dilma não atender as demandas de Cunha, gerará crises e desgastes. Quando atender também.
De positivo, pela votação de Chinaglia menor do que a esperada (136 votos) ficou claro que Dilma não fez nenhum toma-lá-dá-cá daqueles impublicáveis que os tucanos costumavam fazer. O PSDB também colheu uma derrota, ainda que pequena, porque sem segundo turno e com os tucanos apoiando Júlio Delgado (PSB) no primeiro turno, o PMDB não ficou devendo nada aos tucanos.
Esse número mostra didaticamente para os movimentos sociais e para a militância que elegeu Dilma, que contamos com apenas cerca de 136 votos no Congresso, o que não dá para nenhum presidente da República fazer na canetada coisas como Lei dos Meios, Reforma Política progressista, imposto sobre grandes fortunas, etc. Não adianta movimentos sociais pressionarem o poder executivo sem mobilizar mais povo para pressionar o legislativo.
Também não vamos exagerar no significado da vitória de Cunha. É bem provável que sua gestão não seja tão diferente assim do que foi a de Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Ambos sempre foram afinadíssimos nos últimos dois anos, com Alves na presidência da Câmara e Cunha na liderança do PMDB. Ambos já atuavam juntos para votar contra e a favor do governo, conforme a votação. Na prática, há uma continuidade.
O amigo leitor deve estar pensando que eu me esqueci do sonho de consumo da oposição: o impeachment. Não acredito que Cunha vá se aventurar por este caminho, justamente por ele ser um pragmático e calculista.
Cunha não tem o perfil de paladino da ética para conduzir um processo de impeachment sem que sua própria cabeça acabe rolando no processo e levando junto uma parte dos 267 deputados que votou nele.
Dilma tem uma imagem austera e trabalhadora, não ostenta sinais de enriquecimento na política, não tem nenhuma mácula pessoal em sua biografia, não blinda a corrupção, pelo contrário apoia seu combate, e sairia como vítima no processo caso a oposição conseguisse derrubá-la no tapetão.
E banalizar um processo traumático como impeachment, sem uma causa compreendida como justa pelo povo, não dá estabilidade para nenhum sucessor ficar na presidência. Além disso, é enorme o risco de deflagrar um clima popular para derrubada do Congresso eleito, de governadores e prefeitos impopulares.
É como a estória de que é fácil derrubar alguém de um cavalo bravo, mas o difícil é tomar o lugar e ficar em cima dele.
Como disse o deputado Sibá Machado (PT-AC), é vida que segue. Quem é de luta não pode desistir.
Achava que muitos estavam acenando apoio a Eduardo Cunha (PMD-RJ) apenas para conseguirem mais espaço no governo, mas pelo menos a metade acabaria votando em Arlindo Chinaglia (PT-SP) no segundo turno para evitar mais desgastes diante da opinião pública.
Chinaglia sempre passou uma imagem republicana, de parlamentar que dignifica a política. Já foi presidente da Casa e nunca criou constrangimentos para imagem do parlamento, e nunca apareceu envolvido em escândalos. Como a Operação Lava Jato irá atingir muitos parlamentares (segundo dizem), pensei que a maioria iria querer limpar um pouco a imagem do legislativo, colocando na presidência um deputado menos polêmico do que Eduardo Cunha.
Engano meu. Cunha venceu em primeiro turno, com 267 votos.
Cunha sozinho é o que é. Agora quando a maioria dos deputados preferem segui-lo fica mais difícil qualificar a política, combater o fisiologismo e as causas da corrupção, passar reformas transformadoras e leis de interesse popular e conquistar avanços progressistas. O Congresso fica inclinado para uma agenda voltada para os mais ricos, para privilégios e sabe-se lá mais o quê.
A oposição ganha em dois pontos. Em geral, quando Dilma não atender as demandas de Cunha, gerará crises e desgastes. Quando atender também.
De positivo, pela votação de Chinaglia menor do que a esperada (136 votos) ficou claro que Dilma não fez nenhum toma-lá-dá-cá daqueles impublicáveis que os tucanos costumavam fazer. O PSDB também colheu uma derrota, ainda que pequena, porque sem segundo turno e com os tucanos apoiando Júlio Delgado (PSB) no primeiro turno, o PMDB não ficou devendo nada aos tucanos.
Esse número mostra didaticamente para os movimentos sociais e para a militância que elegeu Dilma, que contamos com apenas cerca de 136 votos no Congresso, o que não dá para nenhum presidente da República fazer na canetada coisas como Lei dos Meios, Reforma Política progressista, imposto sobre grandes fortunas, etc. Não adianta movimentos sociais pressionarem o poder executivo sem mobilizar mais povo para pressionar o legislativo.
Também não vamos exagerar no significado da vitória de Cunha. É bem provável que sua gestão não seja tão diferente assim do que foi a de Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Ambos sempre foram afinadíssimos nos últimos dois anos, com Alves na presidência da Câmara e Cunha na liderança do PMDB. Ambos já atuavam juntos para votar contra e a favor do governo, conforme a votação. Na prática, há uma continuidade.
O amigo leitor deve estar pensando que eu me esqueci do sonho de consumo da oposição: o impeachment. Não acredito que Cunha vá se aventurar por este caminho, justamente por ele ser um pragmático e calculista.
Cunha não tem o perfil de paladino da ética para conduzir um processo de impeachment sem que sua própria cabeça acabe rolando no processo e levando junto uma parte dos 267 deputados que votou nele.
Dilma tem uma imagem austera e trabalhadora, não ostenta sinais de enriquecimento na política, não tem nenhuma mácula pessoal em sua biografia, não blinda a corrupção, pelo contrário apoia seu combate, e sairia como vítima no processo caso a oposição conseguisse derrubá-la no tapetão.
E banalizar um processo traumático como impeachment, sem uma causa compreendida como justa pelo povo, não dá estabilidade para nenhum sucessor ficar na presidência. Além disso, é enorme o risco de deflagrar um clima popular para derrubada do Congresso eleito, de governadores e prefeitos impopulares.
É como a estória de que é fácil derrubar alguém de um cavalo bravo, mas o difícil é tomar o lugar e ficar em cima dele.
Como disse o deputado Sibá Machado (PT-AC), é vida que segue. Quem é de luta não pode desistir.
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