24/03/2015
Know how do Bolsa Família servirá de apoio à política agrária
Jornal GGN - ter, 24/03/2015 - 20:28 Atualizado em 24/03/2015 - 20:28
Em entrevista exclusiva, ministro do Desenvolvimento Agrário fala das estratégias de sustentação para a agricultura familiar
O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) conseguiu, de 2002 a 2013, aumentar em mais de 717% o volume de crédito contratado pela agricultura familiar por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), alcançando um volume de R$ 21 bilhões. A título de comparação, no mesmo período, o crédito contratado pelo agronegócio aumentou em 342%. Agora, o novo ministro da pasta, Patrus Ananias, pretende aumentar ainda mais o número de propriedades familiares com acesso ao crédito rural, levando a experiência que ganhou do Bolsa Família, quando esteve à frente do Ministério do Desenvolvimento Social.
As propriedades de pequeno porte, geridas por famílias, representam
hoje 84% dos estabelecimentos rurais do país. Esse dado revela o quanto
é importante a existência de políticas de incentivo à agricultura
familiar. Durante sua participação no programa Brasilianas.org (TV
Brasil), o ministro Patrus Ananias, que acaba de assumir a pasta do MDA,
apontou que um dos desafios das políticas públicas para o setor é
ampliar o número de propriedades familiares capacitadas para obter
crédito pelo Pronaf. Isso porque, o programa atende hoje cerca de 2
milhões de propriedades em um universo de 4,3 milhões de unidades
agrícolas familiares.
Para o ministro, um passo importante que precisa ser dado para
melhorar a sustentabilidade econômica dos pequenos produtores é
incentivar o cooperativismo. Tradicionalmente as regiões brasileiras do
Sul e Sudeste tem o cooperativismo mais consolidado, deferentemente do
Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Para tanto, o MDA buscará melhorar os
acordos com as universidades agrícolas, reforçar o trabalho da Agência
Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater), criada por
decreto em 2014, além da Embrapa.
Foto: Tamires Kopp/MDA
“Estou cada dia mais convencido que a agricultura familiar, para se
viabilizar no mercado, de forma rentável, além de outros objetivos,
precisa gerar excedentes e isso passa pelo cooperativismo associativo,
fundamental para agregar valor é criar sinergias”, completou Patrus
Ananias em entrevista ao apresentador do programa Luis Nassif.
Segundo o ministro, metade das propriedades de agricultura familiar no
Brasil está situada no Nordeste. Já o Sul e Sudeste respondem por 19% e
16%, respectivamente, do total de propriedades familiares. Nessas duas
últimas localidades os produtores pequenos são, em sua maioria,
autossuficientes, produzem alimentos para o comércio, muitas vezes
vinculados à agroindústria. Em outras palavras, possuem capacidade para
agregar valor à produção.
“No Nordeste temos uma situação mais desafiadora, especialmente nas
regiões do semiárido. onde existem os problemas da seca. Precisamos
também [nessa região] de investimentos tecnológicos para melhorar a
qualidade do solo”, completou o ministro.
Levar know how do Bolsa Família
Patrus Ananias foi Ministro do Desenvolvimento Social (MDS) quando o
programa Bolsa Família foi ampliado e desenvolvido de forma capilar
chegando à todos os municípios com renda paga diretamente às mulheres,
chefes de família, por meio da Caixa. Ele espera, agora, usar a
experiência desse programa para ampliar o Pronaf.
No caso do Bolsa Família, já existia uma rede de assistência social
em todo o país que foi aproveitada e ampliada para melhorar a coleta de
dados de famílias necessitadas. O MDS, passando pela gestão de Tereza
Campello, melhorou o recolhimento de informações consolidadas hoje no
Cadastro Único, com dados de famílias que recebem até três salários
mínimos. Agora, a frente do MDA, Patrus pretende pegar emprestado esses
dados.
“Pretendemos trabalhar muito com esse cadastro, inclusive para
fazer um levantamento das famílias acampadas, com perspectivas de ter
acesso à terra através da reforma agrária”, completou.
Existe latifúndio no Brasil?
Em relação à reforma agrária e a atuação junto com o Ministério da
Agricultura, Patrus admitiu que existem diferentes objetivos entre as
duas pastas. Por outro lado, arrematou que as diferenças são “normais e
saudáveis”, e acredita que quando houver necessidade de trabalho
conjunto entre os dois ministérios será possível encontrarem pontos de
consenso.
Patrus levantou esse tema devido a uma fala da Ministra da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Kátia Abreu, dada em uma
coletiva, em que afirmava não existir no Brasil latifúndio. O ministro
do Desenvolvimento Agrário preferiu não criticar o posicionamento de
Kátia Abreu, respondendo que o Brasil é um “país muito grande, com
extraordinárias possibilidades e potencialidades”.
“Fazemos parte do mesmo governo. Considero como latifúndio no
Brasil toda a grande propriedade que não esteja produzindo dentro de
suas potencialidades, de suas possibilidades. Agora, o que define se uma
propriedade é produtiva, ou não, são os índices de produtividade que é
uma matéria que tem que ser definida pela sociedade brasileira,
inclusive pelo Congresso Nacional”, afirmou, reforçando, em seguida, que
seu objetivo à frente do MDA será buscar ação integrada com todos os
atores envolvidos nos temas da política agrária para de pequenos
agricultores.
Acompanhe a seguir a entrevista completa, dada ao jornalista Luis
Nassif, onde o ministro fala das propostas para fixar o jovem no campo,
do desafio de se estabelecer uma agricultura ecológica e do papel do
Partido dos Trabalhadores na nova sociedade.
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