247 - A pesquisa
Datafolha deste domingo, ainda que publicada com pouco destaque pela
Folha de S. Paulo, que a escondeu num pé de página do caderno Mercado, é
uma má notícia para o senador José Serra (PSDB-SP). Isso porque a
pesquisa revelou que os brasileiros, em sua grande maioria, ainda
atribuem valor simbólico à Petrobras e rechaçam sua privatização (leia
mais
aqui).
Dois dias antes de sua divulgação,
na última quinta-feira, Serra apresentou uma polêmica iniciativa:
o projeto de lei que revoga obrigatoriedade de a Petrobras participar
das licitações de exploração e produção de petróleo da camada pré-sal
com uma fatia de pelo menos 30%.
“A Petrobras tem que voltar a
crescer e a recuperar sua eficiência. Para isso, é preciso retirar a
obrigatoriedade da empresa de estar presente em todos os poços, ser
operadora única dos consórcios e assumir os altos custos das operações",
disse ele.
Na prática, o Plano Serra para a
Petrobras abriria o pré-sal à exploração majoritária por empresas
internacionais, como Shell, Exxon e Chevron. Além disso, como o preço do
barril está em patamares muito baixos, as concessões, provavelmente,
seriam vendidas a preço vil.
Além de abrir o pré-sal, Serra
também defendeu a privatização parcial da empresa, com a venda de ativos
não estratégicos – entre eles, a própria BR Distribuidora. “A Petrobras
tem que se concentrar mais na atividade que é sua razão de existir:
prospecção e extração de petróleo. Em qualquer circunstância, mesmo que
não tivesse o ‘Petrolão’, estaria em dificuldade”, disse ele. Ao
defender o projeto, ele criticou a manutenção, pela empresa, de número
excessivo de atividades, como a distribuição de combustíveis no varejo, a
produção de fertilizantes e de fios têxteis.
Não bastasse a pesquisa Datafolha,
outro fator deve contribuir para colocar em marcha lenta o Plano Serra.
Na semana passada, a Petrobras anunciou um novo recorde na produção do
pré-sal, com 737 mil barris dia (saiba mais
aqui).
Uma produção expressiva que é fruto, também, da obrigatoriedade de
participação da empresa nos blocos do pré-sal, ainda que de forma não
exclusiva – em Libra, por exemplo, ela é sócia da Shell e de duas
empresas chinesas.
O regime de partilha é um dos
pilares do modelo do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff
para o setor de petróleo. Serra, que é um dos potenciais candidatos do
PSDB à presidência da República em 2018, deve utilizar um argumento que
vem sendo usado por simpatizantes tucanos nas redes sociais: o de que a
Petrobras já foi privatizada, em favor do PT. No entanto, o que o
Datafolha revela é que o sentimento nacional em torno da companhia ainda
é bastante forte. Ou seja: é muito improvável que o Plano Serra saia do
lugar.
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