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28/ 3/2015
Tijolaço: Janine vai ajudar o Brasil a pensar
"A escolha do professor de Ética e Filosofia da USP Renato Janine Ribeiro foi uma prova de sabedoria", diz Fernando Brito, editor do Tijolaço; "Janine não é um sabujo à procura de poder e é disso que Dilma precisa, até porque isso corresponde à sua própria natureza. Não fará a política calculando o número de votos que lhe dará em São Paulo ou quantas vezes irá aparecer na Folha. Até porque já aparece, lá e em muitos lugares, dizendo o que pensa"
Aqui neste blog, onde tanto se
criticam as vacilações de Dilma Roussef em se decidir por uma
depois da indicação de Edinho Silva para a Secom.
sinalização direta à sociedade da direção e dos métodos de seu Governo, reconheço, com prazer, que a Presidenta emplacou sua segunda “bola dentro” do dia,
A escolha do professor de Ética e Filosofia da USP Renato Janine Ribeiro foi uma prova de sabedoria.
Não apenas pelas qualidades de Janine, mas porque, já de início, tira de Aloizio Mercadante a condição de “intelectual do Governo”.
Porque Mercadante, embora seja um homem com imensa quantidade de informações absorvidas é desprovido da clorofila que transforma, como versejou Caetano, luz do sol em verde novo.
Janine não é um sabujo à procura de poder e é disso que Dilma precisa, até porque isso corresponde à sua própria natureza.
Não fará a política calculando o número de votos que lhe dará em São Paulo ou quantas vezes irá aparecer na Folha.
Até porque já aparece, lá e em muitos lugares, dizendo o que pensa.
Dois dias antes de sua nomeação, lá na mesma Folha, publicou um artigo.
Onde não tapa o sol com a peneira sobre a insatisfação existente na sociedade, mas afirma o caminho da superação sem ficar no flácido “respeitamos as manifestações”.
Vale a pena ler e ver quem Dilma chamou para junto de si:
Renato Janine Ribeiro: Tem razão quem se revolta
“On a raison de se révolter”, dizia o filósofo francês Jean-Paul Sartre no fim da vida, quando, depois de maio de 1968, se cansou de esperar que o Partido Comunista se consertasse e fez causa comum com os maoistas. Não é fácil traduzir a frase de Sartre. Seria algo como “tem razão quem se revolta”.
Mas qual razão, quanta razão? Eu diria que é a razão do sintoma: sente-se a dor, procura-se a infecção, mas queixar-se não é diagnosticar a doença, menos ainda curá-la. O último dia 15 de março foi isso. A queixa é correta, o tecido social está sofrendo, mas diagnóstico e prognóstico ficaram pela metade.
A queixa: não se aguenta mais a corrupção. O caso da Petrobras mostra uma crise grave em uma de nossas maiores empresas. Pior, uma empresa que pertence a todos nós. Muito resta a explicar, da falta de controle à pura indecência. Como o PT foi entre tolerante e partícipe do processo, ele se torna a bola da vez.
A dor: como fizeram isso com nosso país? E o erro: fizeram, quem? Isso, o quê? Nosso, de nós, quem? Aqui está o problema.
Quem “fizeram” é só o PT ou, mais que ele, o PP ou, ainda mais, um sistema político que se acostumou a ser eficiente pela via da desonestidade? Porque há um subtexto em nossa sociedade que diz: resolva o problema, “não quero saber como”.
Não queremos saber como funcionam as coisas, desde que elas funcionem. Vejam o que chamamos de “segurança pública”. Ela depende muito da violência policial contra inocentes. Não queremos saber a que custo reina alguma paz em nossos bairros. O preço dessa paz é a violência contra três Ps: pobres, pretos e putas.
Ainda que insuficiente, a eficiência que o Estado consegue deve-se, em vários casos, ao “não quero nem saber”. Só que agora está emergindo o iceberg inteiro. Nós nos acostumamos ao “por fora bela viola, por dentro pão bolorento”; fingíamos que não havia bolor, mas ele está aparecendo. Tanto no Metrô de São Paulo como na Petrobras.
O avanço da democracia desnuda esse preço, esse bolor. Há uma reação tola: não quero saber do preço. Um dos modos dessa reação é carimbar um culpado bem afastado de nós. O PT cumpre hoje esse papel de demônio, que já foi de Getúlio Vargas. Assim se afasta de nós esse cale-se. Somos poupados.
As manifestações do dia 15 de março, legítimas na medida em que “tem razão quem se revolta” (mas alguma razão, não toda), caíram no engodo de construir um Outro demoníaco, aquele que acabou com o que era doce. O passado fica como uma idade, senão de ouro, pelo menos de prata.
Um teste simples: se alguém contesta os males atuais em nome de um passado que teria sido melhor, essa pessoa está pelo menos mal informada. Nossa história tem podres que mal começamos a enxergar.
O presente pode parecer horrível, mas só porque expôs a chaga purulenta. O bom que era doce se assentava em mentiras. Aumentaram as mentiras? Ou, na sociedade da informação, é mais fácil descobri-las do que antes? O mensalão do DEM teria sido exposto, não fosse uma microcâmera escondida? Delações premiadas funcionariam se os cúmplices mantivessem a lealdade dos mafiosos, que morrem, mas não falam?
Sem uma força-tarefa como a da Operação Lava Jato, teriam sido pegos? Quem deve teme. Por que tantos querem que a investigação foque só o PT? A apuração não deve ser ampla, geral e irrestrita?
Tratar o sintoma não é a solução. Meias medidas são meros paliativos. É preciso chegar às causas. Venceremos a corrupção quando ela parar de servir de pretexto político de um lado contra o outro e for mesmo repudiada pela maior parte da população. Não é o caso –ainda.
PS. Se não bastassem as qualificações acadêmicas de Janine, ele tem uma enorme virtude. A ignorância o odeia, como você pode ver pelo número de posts em que Reinaldo Azevedo o atacava, mesmo fora do Governo.
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sinalização direta à sociedade da direção e dos métodos de seu Governo, reconheço, com prazer, que a Presidenta emplacou sua segunda “bola dentro” do dia,
A escolha do professor de Ética e Filosofia da USP Renato Janine Ribeiro foi uma prova de sabedoria.
Não apenas pelas qualidades de Janine, mas porque, já de início, tira de Aloizio Mercadante a condição de “intelectual do Governo”.
Porque Mercadante, embora seja um homem com imensa quantidade de informações absorvidas é desprovido da clorofila que transforma, como versejou Caetano, luz do sol em verde novo.
Janine não é um sabujo à procura de poder e é disso que Dilma precisa, até porque isso corresponde à sua própria natureza.
Não fará a política calculando o número de votos que lhe dará em São Paulo ou quantas vezes irá aparecer na Folha.
Até porque já aparece, lá e em muitos lugares, dizendo o que pensa.
Dois dias antes de sua nomeação, lá na mesma Folha, publicou um artigo.
Onde não tapa o sol com a peneira sobre a insatisfação existente na sociedade, mas afirma o caminho da superação sem ficar no flácido “respeitamos as manifestações”.
Vale a pena ler e ver quem Dilma chamou para junto de si:
Renato Janine Ribeiro: Tem razão quem se revolta
“On a raison de se révolter”, dizia o filósofo francês Jean-Paul Sartre no fim da vida, quando, depois de maio de 1968, se cansou de esperar que o Partido Comunista se consertasse e fez causa comum com os maoistas. Não é fácil traduzir a frase de Sartre. Seria algo como “tem razão quem se revolta”.
Mas qual razão, quanta razão? Eu diria que é a razão do sintoma: sente-se a dor, procura-se a infecção, mas queixar-se não é diagnosticar a doença, menos ainda curá-la. O último dia 15 de março foi isso. A queixa é correta, o tecido social está sofrendo, mas diagnóstico e prognóstico ficaram pela metade.
A queixa: não se aguenta mais a corrupção. O caso da Petrobras mostra uma crise grave em uma de nossas maiores empresas. Pior, uma empresa que pertence a todos nós. Muito resta a explicar, da falta de controle à pura indecência. Como o PT foi entre tolerante e partícipe do processo, ele se torna a bola da vez.
A dor: como fizeram isso com nosso país? E o erro: fizeram, quem? Isso, o quê? Nosso, de nós, quem? Aqui está o problema.
Quem “fizeram” é só o PT ou, mais que ele, o PP ou, ainda mais, um sistema político que se acostumou a ser eficiente pela via da desonestidade? Porque há um subtexto em nossa sociedade que diz: resolva o problema, “não quero saber como”.
Não queremos saber como funcionam as coisas, desde que elas funcionem. Vejam o que chamamos de “segurança pública”. Ela depende muito da violência policial contra inocentes. Não queremos saber a que custo reina alguma paz em nossos bairros. O preço dessa paz é a violência contra três Ps: pobres, pretos e putas.
Ainda que insuficiente, a eficiência que o Estado consegue deve-se, em vários casos, ao “não quero nem saber”. Só que agora está emergindo o iceberg inteiro. Nós nos acostumamos ao “por fora bela viola, por dentro pão bolorento”; fingíamos que não havia bolor, mas ele está aparecendo. Tanto no Metrô de São Paulo como na Petrobras.
O avanço da democracia desnuda esse preço, esse bolor. Há uma reação tola: não quero saber do preço. Um dos modos dessa reação é carimbar um culpado bem afastado de nós. O PT cumpre hoje esse papel de demônio, que já foi de Getúlio Vargas. Assim se afasta de nós esse cale-se. Somos poupados.
As manifestações do dia 15 de março, legítimas na medida em que “tem razão quem se revolta” (mas alguma razão, não toda), caíram no engodo de construir um Outro demoníaco, aquele que acabou com o que era doce. O passado fica como uma idade, senão de ouro, pelo menos de prata.
Um teste simples: se alguém contesta os males atuais em nome de um passado que teria sido melhor, essa pessoa está pelo menos mal informada. Nossa história tem podres que mal começamos a enxergar.
O presente pode parecer horrível, mas só porque expôs a chaga purulenta. O bom que era doce se assentava em mentiras. Aumentaram as mentiras? Ou, na sociedade da informação, é mais fácil descobri-las do que antes? O mensalão do DEM teria sido exposto, não fosse uma microcâmera escondida? Delações premiadas funcionariam se os cúmplices mantivessem a lealdade dos mafiosos, que morrem, mas não falam?
Sem uma força-tarefa como a da Operação Lava Jato, teriam sido pegos? Quem deve teme. Por que tantos querem que a investigação foque só o PT? A apuração não deve ser ampla, geral e irrestrita?
Tratar o sintoma não é a solução. Meias medidas são meros paliativos. É preciso chegar às causas. Venceremos a corrupção quando ela parar de servir de pretexto político de um lado contra o outro e for mesmo repudiada pela maior parte da população. Não é o caso –ainda.
PS. Se não bastassem as qualificações acadêmicas de Janine, ele tem uma enorme virtude. A ignorância o odeia, como você pode ver pelo número de posts em que Reinaldo Azevedo o atacava, mesmo fora do Governo.
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