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17/03/2015
A limonada que se tira de um domingo azedo: reforma política já
Há um claro cinismo dos que batem panela contra a corrupção, mas que se opõem a uma reforma política que proíba o financiamento de campanhas por empresas. Afinal, todos são contra a corrupção?
João Alvarez / Fotos Públicas
Combate à corrupção: oposição adota discurso genérico para desestabilizar governo, sem tocar no que interessa
por Helena Sthephanowitz
Nos movimentos de rua do domingo (15), é fato que os
setores oposicionistas neoliberais e conservadores marcaram uma vitória
política ao conseguirem organizar uma manifestação significativa em
várias cidades e de grandes proporções, especialmente em São Paulo, com
cerca de 210 mil participantes ao longo do dia, segundo a métrica do
Instituto Datafolha.
É bastante gente, sem dúvida, mas minorias barulhentas não se sobrepõem à maioria silenciosa da nação.
Essa maioria silenciosa que ficou em casa ou escolheu fazer outras atividades no domingo – são mais de duzentos milhões de brasileiros – é composta em grande parte de apoiadores ao governo, ainda que criticamente. Outra parte votou na oposição e votaria de novo mas, em sua grande maioria, respeita o resultado das urnas e discorda de aventuras que levem a retrocessos, tanto nas nas liberdades democráticas, duramente conquistadas pela sociedade, como também nos avanços sociais e econômicos dos últimos anos.
Foi para esta maioria silenciosa, não radicais, que os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Secretaria-Geral da Presidência da República, Miguel Rossetto, falaram em entrevista coletiva, no noite do domingo.
Reconheceram a óbvia normalidade de protestos pacíficos com os quais qualquer democracia estável e livre deve saber conviver, e pegaram o gancho no principal apelo dos manifestantes, a corrupção, para defender o que sempre defenderam: uma reforma política em que empresas financiarem campanhas eleitorais sejam terminantemente proibido – e esta é a principal raiz da corrupção.
Quem é contra a corrupção? Todos os brasileiros o são, é claro. A não ser aqueles que não têm escrúpulos.
E é aí que vemos o cinismo de algumas lideranças políticas da oposição e empresariais: gente envolvida em denúncias de crimes, alguns escandalosos, mas "batendo panelas contra a corrupção".
Até mesmo os empresários de mídia, com seus editoriais e colunistas esbravejando contra a corrupção, fizeram uma espécie de "auto-delação premiada" em seus próprios jornais e portais na sexta-feira, antecipando que tiveram contas secretas no HSBC suíço.
Assim, mesmo das manifestações planejadas com fins golpistas, as forças políticas e da sociedade civil que querem um ambiente político mais representativo dos anseios populares, e menos do poder econômico, podem fazer do limão a limonada.
Praticamente ninguém sensato acredita na ladainha de que o país vai melhor apenas e simplesmente derrubando só a presidenta. As mazelas políticas que vão das Câmaras de Vereadores até o Congresso Nacional, começam com empreiteiras, bancos e outras empresas financiando quem é eleito. Na melhor das hipóteses, os honestos ficam devendo favores, limitando sua independência na hora de legislar contra os interesses das empresas que os financiaram. E na pior das hipóteses, há a eleição proposital de corruptos, que colocam seus mandatos a serviço das empresas que lhes dão dinheiro, e não a serviço de seus eleitores.
A grande maioria da nação, silenciosa ou barulhenta, compreende facilmente essa situação se tiver acesso ao debate e a explicações claras. Se todos os agentes políticos, desde a presidenta da República até o cidadão militante, mostrarem insistentemente ao eleitor que misturar dinheiro de banco e empreiteira com atividade política é raiz, tronco e frutos da corrupção, a proibição do financiamento de campanhas eleitorais por empresas vira clamor popular.
É bastante gente, sem dúvida, mas minorias barulhentas não se sobrepõem à maioria silenciosa da nação.
Essa maioria silenciosa que ficou em casa ou escolheu fazer outras atividades no domingo – são mais de duzentos milhões de brasileiros – é composta em grande parte de apoiadores ao governo, ainda que criticamente. Outra parte votou na oposição e votaria de novo mas, em sua grande maioria, respeita o resultado das urnas e discorda de aventuras que levem a retrocessos, tanto nas nas liberdades democráticas, duramente conquistadas pela sociedade, como também nos avanços sociais e econômicos dos últimos anos.
Foi para esta maioria silenciosa, não radicais, que os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Secretaria-Geral da Presidência da República, Miguel Rossetto, falaram em entrevista coletiva, no noite do domingo.
Reconheceram a óbvia normalidade de protestos pacíficos com os quais qualquer democracia estável e livre deve saber conviver, e pegaram o gancho no principal apelo dos manifestantes, a corrupção, para defender o que sempre defenderam: uma reforma política em que empresas financiarem campanhas eleitorais sejam terminantemente proibido – e esta é a principal raiz da corrupção.
Quem é contra a corrupção? Todos os brasileiros o são, é claro. A não ser aqueles que não têm escrúpulos.
E é aí que vemos o cinismo de algumas lideranças políticas da oposição e empresariais: gente envolvida em denúncias de crimes, alguns escandalosos, mas "batendo panelas contra a corrupção".
Até mesmo os empresários de mídia, com seus editoriais e colunistas esbravejando contra a corrupção, fizeram uma espécie de "auto-delação premiada" em seus próprios jornais e portais na sexta-feira, antecipando que tiveram contas secretas no HSBC suíço.
Assim, mesmo das manifestações planejadas com fins golpistas, as forças políticas e da sociedade civil que querem um ambiente político mais representativo dos anseios populares, e menos do poder econômico, podem fazer do limão a limonada.
Praticamente ninguém sensato acredita na ladainha de que o país vai melhor apenas e simplesmente derrubando só a presidenta. As mazelas políticas que vão das Câmaras de Vereadores até o Congresso Nacional, começam com empreiteiras, bancos e outras empresas financiando quem é eleito. Na melhor das hipóteses, os honestos ficam devendo favores, limitando sua independência na hora de legislar contra os interesses das empresas que os financiaram. E na pior das hipóteses, há a eleição proposital de corruptos, que colocam seus mandatos a serviço das empresas que lhes dão dinheiro, e não a serviço de seus eleitores.
A grande maioria da nação, silenciosa ou barulhenta, compreende facilmente essa situação se tiver acesso ao debate e a explicações claras. Se todos os agentes políticos, desde a presidenta da República até o cidadão militante, mostrarem insistentemente ao eleitor que misturar dinheiro de banco e empreiteira com atividade política é raiz, tronco e frutos da corrupção, a proibição do financiamento de campanhas eleitorais por empresas vira clamor popular.
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