A notícia veiculada no Uol e em O Globo é sintomática, avalia
Pimenta. Segundo ele, a pressão da sociedade, por meio das redes
sociais, pela revelação dos brasileiros relacionados no escândalo
precipitou o surgimento dos nomes dos empresários da mídia. “Não parece
um paradoxo que o jornalista Fernando Rodrigues tenha convidado
justamente O Globo para auxiliar na pesquisa dos dados do Swissleaks?”
questiona. Rodrigues, que trabalha no Uol, tem exclusividade de acesso
aos dados das contas secretas no HSBC divulgados pelo Consórcio
Internacional de Jornalistas Investigativos.
Na reportagem deste sábado de Uol e O Globo, surgiram nomes como
Otavio Frias, do Grupo Folha, que controla o Uol. E também Lily Marinho,
falecida em 2011, ex-mulher do fundador das Organizações Globo, Roberto
Marinho (também já morto). Há ainda nomes como o do apresentador
Ratinho, do SBT, Jhonny Saad, do Grupo Bandeirantes, e de José Roberto
Guzzo, colunista e membro do conselho editorial da Abril (leia mais
aqui).”Não
podemos aceitar essa seletividade filtrada por Uol e Globo”, critica
Pimenta. “Essa reportagem só confirma nossa denúncia de vazamento
seletivo de modo a conduzir a opinião pública numa direção específica”,
reforça.
Privatizações
O deputado Paulo Pimenta já encaminhou requerimentos ao Ministério da Justiça e à Procuradoria Geral da República (mais
aqui)
pedindo ações para investigar eventuais crimes na remessa de dinheiro
para o HSBC suíço. Também esteve no Banco Central e com o secretário da
Receita Federal, Jorge Rachid. Nesta semana, em reunião com o ministro
José Eduardo Cardozo, Pimenta recebeu a informação de que estão
adiantadas as tratativas com o Embaixada da França para que o Fisco
daquele país, depositário institucional das informações do consórcio de
jornalistas, entregue todos os dados às autoridades nacionais.
O gaúcho lembra que países como a própria França, Inglaterra,
Alemanha, Bélgica, Argentina e Austrália já conseguiram repatriar US$
1,360 bilhão das contas secretas do HSBC em razão de movimentações
irregulares. Pimenta pondera, entretanto, que nem todas as contas podem
ser consideradas ilegais. Mas sustenta que o histórico do dinheiro que
chegou às contas do banco suíço pode levar ao crime original, como já
revelado em casos envolvendo contraventores e traficantes de drogas.
O deputado petista tem interesse especial em por a lupa sobre
possíveis personagens envolvidos nas privatizações do governo Fernando
Henrique Cardoso (PSDB) entre os anos de 1997 e 2001. “Tenho convicção
de que esta investigação vai nos permitir fazer o caminho inverso ao
dinheiro e resgatar um período importante da vida pública nacional que
até hoje permanece nos subterrâneos”, acredita.
Pimenta também mantem contatos frequentes com o senador Randolfe
Rodrigues (PSol-AP), artífice da CPI do HSBC (ou CPI do Swissleaks),
instalada no Senado pelo presidente Renan Calheiros (PMDB-AL). Os
líderes dos partidos já indicaram representantes. O deputado acha que a
comissão pode jogar luz em muitos casos envolvendo evasão de divisas,
lavagem de dinheiro e sonegação fiscal.
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