quinta-feira, 23 de julho de 2015

Contraponto 17.285 - " Agora já está faltando ‘senso de ridículo’ a Moro na Lava Jato, diz advogado "


23/07/2015


Agora já está faltando ‘senso de ridículo’ a Moro na Lava Jato, diz advogado


Diário do Centro do Mundo - Postado em 23 de julho de 2015 às 12:15 pm


Do advogado Thiago Gomes Anastácio, no site de justiça Jota:

(…)

Muito se tem falado do bilhete de Marcelo Odebrecht… E tudo já foi dito.

Resumo simples: o sujeito, simplesmente o maior empresário do país, acusado de ser um Lex Luthor agindo contra a Petrobrás, seria burro de pedir para destruir uma prova que já estava com a Justiça (como o faria?) e mais, escreveria num bilhete e o entregaria aberto a um agente da PF?

Superado o óbvio, vamos lembrar que o motivo de sua prisão é, essencialmente, porque cometeu os crimes; ou seja, ele foi pré-julgado.

Curioso: se afirma que o sujeito, antes de apresentar defesa, cometeu os crimes, mas, MALANDRAMENTE, sempre se fundamenta com aquela afirmação “ao menos sob uma análise preliminar”.

O que significa isso? Um juiz afirmando que alguém é preliminarmente culpado? Preliminarmente culpado significa presumidamente culpado… Preliminarmente culpado e demonstrador de periculosidade porque saiu em sua própria defesa (esse é o principal fundamento da prisão)?

E agora, não bastasse tudo isso, que coloca em risco a operação e milhões e milhões de dinheiro gasto nessas investigações, chegamos à culminância do ridículo, pois sim, não estamos mais falando de Estado Policial, violação constitucional, violação de princípios do processo penal, juízes e super-heróis, marketing e política interna das instituições… Está-se falando de falta de senso de ridículo.

Simplesmente queriam impedir a advogada de advogar. E qual o fundamento? Ela não poderia participar de ato investigativo porque seria testemunha.

E testemunha do que?

Sobre o que ela deve manter em sigilo, mais especificamente, a relação (comunicação e confiança) entre ela e seu cliente.

Leitores: é consternado que escrevo o que escreverei, mas paciência.

Causa-me espécie que, dentre todas as opiniões publicadas e manifestações de apoio dirigidas à advogada, tenha-se esquecido do principal, mais útil e importante, e diria até, da mais óbvia constatação.

A lei impõe ao advogado o sigilo para com seu cliente e o protege com firmeza.
O Código de Ética da Ordem dos Advogados (artigos 25 a 27) estipula o sigilo como inerente a profissão e, para se tenha ideia de sua importância jurídica, o Código Penal afirma ser crime qualquer violação ao mesmo (art. 154).

Até aqui, tudo bem?

Mas e se alguém, em atuação por função pública, impele o advogado a violar esse sigilo?

O art. 286 do Código Penal traz a resposta.

É CRIME INCITAR ALGUÉM A COMETÊ-LO!

Na modalidade instigação, o delegado da polícia federal, que fez ou fará indagações, pretendendo que a advogada simplesmente lance um “a” sobre sua relação (ou circunstâncias de sua relação) com o cliente, a está instigando (pois sabe que a relação é sigilosa) a praticar um crime.
Sim, a conduta é criminosa.

E agora, pasme-se, o juiz de direito, o MORO, intimou a defesa para se manifestar sobre o tal bilhete – que jamais poderia ter sido lido por terceiro, pois sigiloso por força de lei (esteja ela certa ou errada).

E então, o crime também é cometido pela toga. Qualquer resposta da defesa implicará, por força do art. 31 do CP, a responsabilização penal do juiz.

Ou será do homem?

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