"Considerando as provas do
envolvimento da empresa na prática de crimes, incluindo a confissão de
seu ex-presidente, recomendo à empresa que busque acertar sua situação
junto aos órgãos competentes, Ministério Público Federal, CADE,
Petrobras e Controladoria-Geral da União", disse ele. "Este
juízo nunca se manifestou contra acordos de leniência e talvez sejam
eles a melhor solução para as empresas considerando questões relativas a
emprego, economia e renda", completou (leia mais
aqui).
Tal posição representa a primeira
divergência de fundo da força-tarefa que conduz a Lava Jato. Em
entrevistas recentes, os dois principais procuradores do caso, Deltan
Dallagnol e Carlos Fernando de Lima, se manifestaram contra a celebração
de tais acordos entre governo e empreiteiras.
"A depender do modo de celebração
desse tipo de acordo (com a CGU), ele pode ser prejudicial ao interesse
público", disse Dallagnol. "Embora
legítima a preocupação do governo com consequências econômicas e
sociais, a maior preocupação deve ser com as consequências econômicas e
sociais da corrupção praticada e em desenvolvimento", afirmou.
O procurador Carlos Lima também adotou uma posição frontalmente contrária aos acordos.
"Infelizmente,
a despeito de todas as obrigações internacionais assumidas pelo Brasil,
as primeiras e únicas tentativas do Governo após a publicação da Lei
Anticorrupção foram sempre no sentido de contorná-la, de desrespeitar o
mínimo ético imposto por essa legislação. Num esquema em que se
evidencia a utilização da corrupção como meio de se alcançar maioria
parlamentar, o único caminho que pode levar a população a crer novamente
no sistema político passa pela completa apuração, pelo processo e
condenação daqueles que a Justiça entender haver provas de corrupção. O
sistema político precisa ser depurado, dentro das regras
constitucionais, o que inclui também a punição das empresas envolvidas,
nos termos da lei. Qualquer discurso no sentido de proteger essas
empresas é absurdo e desrespeitoso à população", afirmou.
.
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