06/08/2015
O jornalismo tradicional na véspera do fim
Jornal GGN - qui, 06/08/2015 - 01:0 Atualizado em 06/08/2015 - 01:00
Era
previsível que mais cedo ou mais tarde os jornais deixariam de ser a
porta de entrada para os consumidores de notícias. Primeiro, apareceu a
tecnologia RSS, permitindo receber as notícias de diversos sites
(incluindo os jornalísticos).
Com o advento dos tablets, o modelo sofisticou-se a ponto do internauta poder montar sua própria revista cadastrando os RSSs.
Jornais
continuavam produtores de notícias, mas, para esses leitores, perdiam o
status da edição, da capacidade de definir qual o tema mais ou menos
relevante meramente com a disposição das matérias nas páginas.
***
Não
se trata de mudança banal. Na verdade, o maior fator de influência dos
jornais está na definição das manchetes, não apenas na localização na
página como no conteúdo.
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O
passo seguinte foi a consolidação das redes sociais. Antes delas, houve
um modelo que se firmou mais no Brasil, dos grandes portais agregadores
de sites – como a UOL, Terra e iG – e, nos Estados Unidos, a
experiência fracassada da AOL.
Na
medida em que avançam, as redes sociais tornaram-se o foco primário de
entrada não apenas na rede mas no universo de notícias.
O
primeiro sinal foi dado pelo The Guardian, quando aceitou a oferta do
Facebook para colocar nele todo seu conteúdo, e poder explorar
comercialmente a audiência.
Ali,
consumava-se o primeiro ato da rendição. O jornal abria mão do controle
da sua distribuição e terceirizava para um outro veículo
.
***
Alguém
constatou que os jornais acabarão se tornando meras agências de
notícias, produtores de notícias mas sem controle sobre seu ecossistema.
É por aí que haverá mudança radical na publicidade.
Cada
jornal era composto pela linha editorial, pela disposição das matérias,
pelas manchetes, pelo corpo de colunistas, pelas editorias, todos eles
atuando de forma complementar. As editorias mais populares – Esportes,
Geral, Artes – garantiam a audiência para as editorias de maior peso
editorial.
Os jornais vendiam não apenas o peso da sua opinião mas o perfil socioeconômico de seus leitores.
Daqui
para frente, cada vez mais, haverá a indiferenciação. A publicidade
pagará por audiência em matérias. E as matérias estarão rolando pelas
timelines dos perfis de Facebook, Twitter e outras redes menos votadas.
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A segmentação ocorrerá em alguns canais da TV a cabo, em alguns rádios FM e em alguns sites especializados.
Com
as modernas ferramentas de análises de perfil, Google e redes sociais
podem oferecer a segmentação mais precisa. Hoje em dia, se um brasileiro
entra em um site de jornal britânico, será contemplado com um anúncio
de produto brasileiro, escrito em português. Ou seja, o controle da
segmentação fica por conta do Google, não do jornal
.
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Para
enfrentar o avanço massacrante das redes sociais, os grandes grupos de
mídia lembram muito o governo Dilma: não sabem onde estão e não tem a
menor ideia para onde ir.
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