06/08/2015
A eleição de Janot e o caso Romário
O fato de mais de 80% da categoria
votarem pela recondução de Rodrigo Janot ao cargo de Procurador Geral da
República é uma demonstração expressiva do pensamento majoritário dos
procuradores em relação a Lava Jato.
Essa demonstração de prestígio traz créditos e responsabilidades a Janot.
O crédito é de reforçar seu nome na
votação do Senado. Se o seu nome for rejeitado, os senadores terão pela
frente um Ministério Público ainda mais agressivo, independentemente do
procurador que for escolhido. E abrir caminho para livrar o país da
mancha de ver a Câmara Federal comandada por um parlamentar do nível de
Eduardo Cunha.
A responsabilidade é reduzir o show
midiático, acelerar os trabalhos da Lava Jato e comprovar de forma cabal
que não existem mais territórios blindados.
Enquanto não se identificar claramente
os parlamentares ameaçados, não haverá espaço para um acordo político
que coloque uma pausa no incêndio político. E é hora de conter os
vazamentos indiscriminados de depoimentos, de jogar para as manchetes
meras suposições e de alimentar esse jogo sem limites da mídia. A Lava
Jato já tem resultados, o acesso a todos os dados e a concordância dos
tribunais superiores. Não tem mais a necessidade de se valer do tribunal
midiático, ainda mais conhecendo-se o nível de quem comanda o roteiro
em alguns veículos de mídia.
Ontem, o senador Romário desmascarou de
forma cabal a jogada da Veja. A revista valeu-se de um documento
falsificado para tentar inibir os trabalhos de Romário na CPI da CBF. E
atribuiu a origem do documento ao Ministério Público Federal.
O banco suíço BSI denunciou a
falsificação ao Ministério Público suíço. E por aqui? Além de se valer
de uma falsificação, a revista atribuiu-a a um procurador, valeu-se da
reputação do Ministério Público Federal para dar verossimilhança à sua
falsificação. Só admitiu a burla quando informada que o banco suíço
havia feito a denúncia ao MP suíço.
Esse poder da Veja, de falsificar
provas, documentos, de invocar o Ministério Público em suas jogadas,
foi-lhe conferido pela parceria com procuradores, pela imagem que passa
de conseguir transformar qualquer factoide em representação do MPF.
Esta semana os procuradores pediram a
prisão de um jornalista, devido a pagamentos recebidos de empreiteiras
envolvidas na Lava Jato. No entanto, a exaustiva exposição de provas da
parceria da Veja com a organização criminosa do bicheiro Carlinhos
Cachoeira não produziu um resultado sequer. Os crimes da Abril foram
expostos pela Operação Monte Carlo e pela CPMI de Cachoeira. Mas o MPF
não se moveu. E Cachoeira provavelmente voltou a trabalhar sem ser
incomodado, depois que o país constatou que ele tinha padrinhos fortes
na mídia.
.
Nenhum comentário :
Postar um comentário
Veja aqui o que não aparece no PIG - Partido da Imprensa Golpista