07/04/2016
Ataques da direita à democracia agora visam ministros do Supremo
Eduardo Guimarães
Por certo já está se formando no Supremo Tribunal Federal entendimento de vários de seus membros no sentido de que essa Corte entrou na mira do consórcio fascista que reúne a mídia – Rede Globo à frente – e setores do Ministério Público, da Polícia Federal e do Judiciário – incluído, aí, o próprio STF.
Nas últimas semanas, dois ministros do STF sofreram forte bombardeio da mídia e dos grupos obscuros que promovem manifestações de rua exigindo dos Poderes Constituídos a defenestração do governo Dilma Rousseff e o encarceramento do ex-presidente Lula, tudo isso a qualquer preço e sob qualquer motivo.
Os ministros em questão: Teori Zavascki e Marco Aurélio Mello.
O primeiro, foi alvo de agressões em frente à sua residência e até de ameaças de violência física em redes sociais, tudo por ter tirado o processo de Lula das mãos do juiz Sergio Moro após este divulgar ilegalmente escutas ilegais envolvendo o ex-presidente e a atual presidente da República.
Moro chegou a pedir “desculpas” pela ilegalidade cometida, mas nem assim os fanáticos de ultradireita se convenceram do acerto da decisão de Zavascki.
A violência contra esse magistrado foi de tal ordem que este Blog se viu obrigado a promover um desagravo a ele que recebeu mensagens de adesão de cerca de 1.200 leitores, o que por certo contribuiu para que o ministro entenda que há, sim, muita gente que discorda do processo fascista que se abateu sobre o país.
Teori não se abalou. Nesta semana, rejeitou duas ações que pedem que Lula seja impedido de assumir a Casa Civil no governo Dilma. Por isso é importante manifestar apoio às autoridades que não se intimidam diante da pressão desses grupos organizados e financiados de forma obscura.
O segundo alvo dos fascistas e da mídia está sendo Marco Aurélio Mello por suas declarações contrárias à condução coercitiva de Lula para depor e, agora, por ter determinado que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, dê prosseguimento a representação que pede abertura de processo de impeachment também do vice-presidente da República, Michel Temer.
Logo após a decisão de Melo, começaram os ataques da mídia. O jornal da Globo abriu assim sua edição de terça-feira, na locução de Willian Waack:
“O ministro Marco Aurélio Mello,
do STF, chocou colegas do mundo jurídico e o Legislativo ao determinar
que o presidente da Câmara dos Deputados abra um processo de impeachment
contra o vice-presidente Michel Temer“
Assista ao vídeo.
Mello “chocou colegas do mundo jurídico”? Quais? E mesmo se houve algum desses “colegas” de Mello que discordaram dele, quantos são os que apoiaram sua decisão? E será que o mordomo de filme de terror da Globo não se refere a Gilmar Dantas, estafeta do PSDB no STF, ao aludir a “colegas chocados” de Mello?
Seja como for, pouco antes, inclusive antes da decisão envolvendo Cunha – agora defendido pela Globo, como se vê no vídeo acima -, Mello participou do programa Roda Viva e foi alvo de um verdadeiro bombardeio.
Uma das questões mais absurdas levantadas pelos entrevistadores foi feita por um jornalista do Valor Econômico e endossada por outro da revista Época. Eles quiseram saber de Mello o que ele pensava de comentário do ministro da Justiça, Eugênio Aragão, de que puniria membros da Polícia Federal que vazassem informações relativas a investigações sob segredo de Justiça.
Mello respondeu o óbvio, que o ministro tem razão porque um policial federal vazar informações sob segredo de Justiça é crime. Eis que os entrevistadores propõem uma questão ainda mais insólita que você pode conferir no vídeo desse trecho do programa, abaixo. Retomo o post em seguida.
Os desinformados jornalistas-pistoleiros perguntam, em suma, se Lula, na Casa Civil, não iria manietar a PF a fim conter as investigações da Lava Jato. Mello poderia ter respondido que se Lula não manietou a PF quando era presidente da República e esta fustigava seu partido e até a ele mesmo com o escândalo do mensalão, não seria agora que o petista faria isso.
Convenhamos: quem foi que dotou a PF, o Ministério Público e o próprio STF de liberdade total para investigar até o governo? Não foram os governos Lula e Dilma que fizeram isso? Ah, não foram, é? Não é isso o que diz o procurador da Lava Jato Carlos Fernando dos Santos Lima, que comandou a 24a fase da Operação, que conduziu Lula “sob vara” para depor e que tem sido um carrasco impiedoso do PT.
Confira abaixo, leitor, declaração dessa autoridade ao Estadão no sentido de que foi o PT que deu liberdade a órgãos de controle como a PF que governos anteriores não davam:
Do que é que esses dois panacas do Valor e da Época estão falando no vídeo acima, então? Se a própria Lava Jato diz que governos anteriores ao do PT impediam investigações e os governos do PT não impedem, que porcaria de teoria é essa que os pistoleiros do Valor e da Época apresentaram a Mello?
Há que destacar a coragem de Zavascki e de Mello. Zavascki, após ameaças e insultos dos fascistas, rejeitou ações que tentam impedir Lula de assumir a Casa Civil. Mello, que teve o impeachment pedido por um desses grupos fascistas por criticar Eduardo Cunha e ameaçá-lo com a lei, já respondeu, na lata, a esse grupo que não tem medo de tentativas de intimidação.
Porém, a ofensiva continua. O UOL publica reportagem em que leva a sério um pedido desse grupo fascista ao Senado para impedir Mello.
Veja trecho da matéria ameaçadora:
Seja como for, o fato é que esse assédio da mídia e dos movimentos fascistas contra ministros do STF pode vir a ser um tiro no pé. Estão despertando espírito de corpo naquela Corte. Em breve, só restarão Gilmar Dantas e Tóffoli fazendo o joguinho da mídia tucana. Este Blog crê que a maioria do STF está indignada com as tentativas da mídia de intimidar ministros.
Assim como o showzinho da Janaína, essa nova ideia “jenial” dos fascistas vai colocar o golpe ainda mais longe do alcance deles. Quem viver, verá.
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