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25/04/2016
A contribuição milionária do homem mais rico do país ao debate contra a desigualdade. Por Paulo Nogueira
O maior problema do Brasil é a desigualdade.
Não haverá estabilidade sem igualdade
Você leu isso várias vezes no DCM, um site apartidário que se bate tenazmente por um Brasil ‘escandinavo’.
Não existe nada mais corrupto e depravado que a desigualdade. A real corrupção é a iniquidade, “os extremos de opulência e miséria” para usar a grande expressão de Rousseau.
Para nós, igualitários, foi especialmente agradável ouvir a causa antidesigualdade ser defendida pelo homem mais rico do Brasil, Jorge Paulo Lemann.
Num seminário internacional, Lemann disse que não haverá estabilidade no Brasil enquanto perdurar a desigualdade.
Escrevi algumas vezes que é um sintoma da miséria moral da imprensa brasileira nunca haver levantado tal bandeira. Isso expõe quanto os donos da mídia plutocrática nacional lucram com o quadro de iniquidade que marca desde sempre o país.
A fala de Lemann foi um marco no debate brasileiro. Nenhum empresário é tão admirado na comunidade de negócios do Brasil quanto ele, um homem discreto e frugal.
Em meus anos de jornalismo de negócios, Lemann foi de longe o personagem que mais me impressionou. Estive com ele e seus sócios repetidas vezes, sempre com proveito.
Quando Lemann diz alguma coisa, todos os executivos brasileiros param de falar e ouvem.
Ele mora na Suíça, de onde sua família é originária, e disse o óbvio: é uma sociedade muito mais feliz que a brasileira.
O Brasil só chegará ao grau de felicidade suíço, acrescentou ele, quando todos tiverem as mesmas oportunidades. Esta a verdadeira meritocracia.
Para tanto, assinalou Lemann, é imperioso que todos possam frequentar as mesmas escolas, as mesmas escolas e por aí vai.
É o modelo escandinavo.
Tal sistema é o oposto do thatcherismo que Temer pretende colocar em prática no Brasil se chegar ao poder e tiver força para fazer qualquer coisa.
O thatcherismo, amplamente adotado no mundo e inspiração clara da gestão FHC, levou a uma brutal concentração de renda contra a qual acabaria se erguendo, nos útimos anos, uma pujante onda igualitária internacional.
Temer e os que o apoiam – a mídia acima de tudo – vão na direção oposta. Querem um Brasil não escandinavo, mas vitoriano na disparidade de renda entre as classes.
Os programas sociais e os direitos trabalhistas têm que avançar para o Brasil ser menos desigual. Temer acena com o oposto.
Não poderia vir em melhor hora a manifestação igualitária de Lemann. Pela liderança que ele exerce entre os empresários e executivos brasileiros, a mensagem será ouvida, discutida e em larga medida aceita.
Ficará muito mais fácil defender, daqui por diante, um Brasil menos iníquo. Já não se poderá dizer que é coisa de comunista, esquerdista, socialista etc etc.
Lemann teve um momento de extrema lucidez ao clamar contra a desigualdade, e o Brasil como um todo só tem a agradecer.
(Acompanhe as publicações do DCM no Facebook. Curta aqui).
Não haverá estabilidade sem igualdade
Você leu isso várias vezes no DCM, um site apartidário que se bate tenazmente por um Brasil ‘escandinavo’.
Não existe nada mais corrupto e depravado que a desigualdade. A real corrupção é a iniquidade, “os extremos de opulência e miséria” para usar a grande expressão de Rousseau.
Para nós, igualitários, foi especialmente agradável ouvir a causa antidesigualdade ser defendida pelo homem mais rico do Brasil, Jorge Paulo Lemann.
Num seminário internacional, Lemann disse que não haverá estabilidade no Brasil enquanto perdurar a desigualdade.
Escrevi algumas vezes que é um sintoma da miséria moral da imprensa brasileira nunca haver levantado tal bandeira. Isso expõe quanto os donos da mídia plutocrática nacional lucram com o quadro de iniquidade que marca desde sempre o país.
A fala de Lemann foi um marco no debate brasileiro. Nenhum empresário é tão admirado na comunidade de negócios do Brasil quanto ele, um homem discreto e frugal.
Em meus anos de jornalismo de negócios, Lemann foi de longe o personagem que mais me impressionou. Estive com ele e seus sócios repetidas vezes, sempre com proveito.
Quando Lemann diz alguma coisa, todos os executivos brasileiros param de falar e ouvem.
Ele mora na Suíça, de onde sua família é originária, e disse o óbvio: é uma sociedade muito mais feliz que a brasileira.
O Brasil só chegará ao grau de felicidade suíço, acrescentou ele, quando todos tiverem as mesmas oportunidades. Esta a verdadeira meritocracia.
Para tanto, assinalou Lemann, é imperioso que todos possam frequentar as mesmas escolas, as mesmas escolas e por aí vai.
É o modelo escandinavo.
Tal sistema é o oposto do thatcherismo que Temer pretende colocar em prática no Brasil se chegar ao poder e tiver força para fazer qualquer coisa.
O thatcherismo, amplamente adotado no mundo e inspiração clara da gestão FHC, levou a uma brutal concentração de renda contra a qual acabaria se erguendo, nos útimos anos, uma pujante onda igualitária internacional.
Temer e os que o apoiam – a mídia acima de tudo – vão na direção oposta. Querem um Brasil não escandinavo, mas vitoriano na disparidade de renda entre as classes.
Os programas sociais e os direitos trabalhistas têm que avançar para o Brasil ser menos desigual. Temer acena com o oposto.
Não poderia vir em melhor hora a manifestação igualitária de Lemann. Pela liderança que ele exerce entre os empresários e executivos brasileiros, a mensagem será ouvida, discutida e em larga medida aceita.
Ficará muito mais fácil defender, daqui por diante, um Brasil menos iníquo. Já não se poderá dizer que é coisa de comunista, esquerdista, socialista etc etc.
Lemann teve um momento de extrema lucidez ao clamar contra a desigualdade, e o Brasil como um todo só tem a agradecer.
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