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25/04/2016
Lula fala em São Paulo para os líderes mundiais
Jornal GGN seg, 25/04/2016 - 17:10 Atualizado em 25/04/2016 - 17:17
Jornal GGN – Nesta
segunda (25), o ex-presidente Lula deveria discursar na abertura do
seminário “Democracia e Justiça Social”, da Aliança Progressista. Ele
estava sem voz e pediu que o ex-ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Luiz Dulci, o representasse. Em seguida, mudou de ideia, e decidiu dirigir algumas palavras ao público presente.
Ele agradeceu à iniciativa de realizar o
encontro no Brasil em um momento tão delicado da democracia nacional. E
então falou sobre a necessidade de construir uma nova utopia de
esquerda, uma nova economia e uma nova governança para os setores
progressistas.
Lula deu sua visão da crise econômica
mundial. Ele disse que na época em que ainda era presidente do Brasil já
defendia que os “partidos socialistas” que eram governo na Europa
(Portugal, Espanha e Grécia) explicassem para a população as razões da
crise, e não assumissem sozinhos a responsabilidade.
“Eu não sei por que nenhum companheiro
conseguiu fazer um discurso para explicar a origem da crise. O dado
concreto é que a crise não teve solução até agora. Ela tem causado
problemas em vários países do mundo, uns sofrendo mais e outros sofrendo
menos”, afirmou.
Lula esperava que americanos, europeus e
chineses soubessem lidar com a crise. “Porque quando a crise era do
Brasil, todos eles sabiam. Eu lembro como era fácil qualquer economista
de outra parte do mundo, representante do FMI, representante do Banco
Mundial dizer como resolver a crise no Brasil”.
O ex-presidente disse que os
diagnósticos e saídas para a crise estavam errados. “Nós afirmávamos que
para que a crise não perdurasse era preciso evitar o protecionismo e
não permitir que houvesse problemas no comércio exterior. Sobretudo que
os países mais ricos ajudassem a financiar as exportações para os países
mais pobres se dotarem de avanços tecnológicos para poderem se
desenvolver e até continuar comprando. Era uma mera ilusão, isso não
aconteceu”.
Afirmou, então, que o mundo rico está
fracassado, os BRICS estão enfrentando problemas sérios e a América
Latina está retrocedendo, “não apenas do ponto de vista econômico, mas
do ponto de vista da democracia”.
Ele lembrou que desde a aprovação da
Constituição de 1988, só se passaram 28 anos. “Vejam que a elite
brasileira não suporta 28 anos de democracia. Ela não suporta a
perspectiva de um partido, ou o PT ou um partido progressista, continuar
governando o Brasil”.
Lula criticou a mídia. “Eles fazem
política da primeira página à última. Até nos obituários eles fazem
política.
Tal é a necessidade de criminalizar o PT, criminalizar os
partidos progressistas. E agora estão querendo até criminalizar a parte
mais progressista do movimento sindical”. “Não é possível aceitar que um
canal de televisão ou um jornal governem o país”. Ele agradeceu à
imprensa estrangeira “que está dando uma lição de moral na imprensa
brasileira, fazendo uma cobertura dizendo apenas a verdade”.
De acordo com o ex-presidente, a elite
brasileira é “estranha” de modo que o país foi o último da América
Latina a abolir a escravidão e o último em que as mulheres conquistaram
direitos iguais. E o país só teve sua primeira universidade em 1922, 400
anos depois do descobrimento. “Isso demonstra o quanto uma parte da
elite econômica e política desse país foi perversa para não permitir a
subida de um degrau das pessoas mais pobres. Durante um século o Brasil
só conseguiu colocar 3,5 milhões de jovens na universidade. O Brasil
somente agora chegou a 18% de jovens na universidade. Isso porque nós
conseguimos em 12 anos dobrar o número de estudantes universitários
nesse país”.
Para o ex-presidente, tirar a Dilma do
poder “é apenas um gesto”. “O argumento é sempre o mesmo: acabar com a
corrupção. Foi assim que Hitler cresceu, foi assim que Mussolini cresceu
e é assim que a direita cresce em todos os países da América Latina.
Aqui no Brasil, o vice-presidente é constitucionalista, é advogado. E
ele sabe que a Dilma não cometeu nenhum crime que lhe permite sofrer
impeachment. Cassar a Dilma é uma necessidade de cassar o PT. É uma
maneira de dizer ‘o PT não volta tão cedo a governar esse país’”.
Lula disse que o PT vai lutar, porque
“com democracia não se brinca”. “Muita gente morreu para a gente
conquistar a democracia. Jovens, velhos, comunistas, operários,
intelectuais, deram a vida para a gente chegar aonde chegamos.
Inclusive, alguns dos que querem dar o golpe agora foram vítimas, foram
exilados, foram morar no interior. Eu sou frustrado vendo que eles estão
pensando exatamente aquilo que os seus algozes pensavam há 40 anos
atrás”.
“Se eles pensam que vão destruir o PT,
se pensam que vão destruir a nossa motivação, é só olhar para rua e ver a
diferença do povo que está na rua. Do nosso lado tem uma juventude
ávida para discutir política, acreditando que sem política não há saída.
E do outro lado é a turma que nega a política, que político não presta,
que político é tudo ladrão, que político é tudo corrupto. E nem sabem
em quem votaram na última eleição. Se alguém está cansado de democracia,
é bom avisar que nós do PT começamos a gostar dela agora e não vamos
parar de defende-la. Muito obrigado pela solidariedade”.
Abaixo, a íntegra da fala do presidente:
https://soundcloud.com/institutolula/discurso-de-lula-no-seminario-da-alianca-progressista
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