23/11/20217
No regabofe de Temer sobrou comida: adeus reforma
Brasil 247 - 23 de Novembro de 2017

Tereza Cruvinel

Temer fingiu também que entregava a Rodrigo Maia a pasta de Cidades em troca de seu empenho na mobilização do Centrão para aprovar a reforma “enxuta”. Rodrigo, de fato, endossou o nome de Baldy mas quem o indicou mesmo foi o marqueteiro de Temer, Elsinho Mouco, que é primo dele. Rodrigo fez o jogo, colheu elogios de Temer na posse do novo ministro mas continua dizendo que o governo está longe de ter os 308 votos para aprovar a reforma. No plenário da Câmara ontem os governistas diziam para quem quisesse ouvir: esta matéria já perdeu o timing e Temer já torrou seu capital político defendendo-se das denúncias. Não será aprovada nem agora e muito menos no ano que vem.
Agora Temer quer fazer outro leilão, alargando ainda mais o rombo fiscal. Para conseguir votos, está disposto a ampliar as vantagens aos jornalistas que devem ao INSS/Funrural e a antecipar aos governadores compensações pela Lei Kandir (desoneração das exportações pelos estados). Não vai funcionar também.
Temer não aprovará a reforma previdenciária nem qualquer outra medida prometida ao mercado por ocasião do golpe e da posse por uma razão elementar: a chamada sua base nunca passou de ajuntamento de interesses para viabilizar o golpe e o assalto ao butim do poder. Boa parte dele já foi distribuído para garantir a rejeição das denúncias. As disputas cindiram o próprio Centrão e o PSDB perdeu o rumo. A escolha de Carlos Marum, o homem da dancinha da impunidade, para a pasta encarregada da articulação política (Secretaria de Governo) foi uma tentativa de reunificar a manada. Mas em sinal de que sua habilidade como articulador político é pífia, Marum colocou tudo a perder anunciando o convite antes que Temer dispensasse o tucano Imbassahy do cargo. Aécio Neves tomou-lhe as dores e juntamente com Rodrigo Maia, forçou Temer a recuar. Marum ainda pode virar ministro, depois do dia 9, quando Imbassahy sairia como se fosse por vontade própria, em obediência à ordem de desembarque que os tucanos devem aprovar. Mas nesta altura Marum já tomará posse desmoralizado e já se esgotado o tempo para a Câmara aprovar a reforma previdenciária.
E com isso, acabou o jogo. Um presidente eleito poderá propor a reforma, no futuro, se tiver defendido a proposta no curso da campanha. Não Temer, que carece de legitimidade para impor mudanças tão drásticas no sistema previdenciário, com aval de um Congresso que não soube honrar o próprio pacto democrático.
TEREZA CRUVINEL. Colunista do 247, Tereza Cruvinel é uma das mais respeitadas jornalistas políticas do País.
.
Nenhum comentário :
Postar um comentário
Veja aqui o que não aparece no PIG - Partido da Imprensa Golpista