segunda-feira, 4 de junho de 2018

Nº 24.318 - "Petrobras salva pelo gongo"

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04/06/2018


Petrobras salva pelo gongo


Do Jornal O Povo -  03/06/2018

Por Valdemar Menezes

Valdemar Menezes
A semana terminou com o registro de uma grande vitória do povo brasileiro: a queda do presidente entreguista da Petrobras, Pedro Parente, depois das greves de caminhoneiros e petroleiros, apoiadas amplamente pela população. As perseguições contra os grevistas foram marcadas pela ótica ideológica de classes. Os petroleiros, por exemplo, sentiram toda a parcialidade da Justiça do Trabalho, mesmo seu movimento não contribuindo para desabastecimento, tendo prazo para terminar e obedecendo toda a legislação. Mas, foram inviabilizados por multas escorchantes por terem denunciado a política de preços dos vendilhões da Petrobras. 


MANOBRA


A vitória foi parcial E será enganosa se não for desfeita a trama aprontada pelo governo contra o povo ao pretender cobrar deste o repasse que fez à Petrobras, através da isenção de impostos destinados a financiar programas e serviços sociais imprescindíveis, inclusive o SUS. Tudo para não diminuir o lucro exagerado dos acionistas privados da empresa (a maioria americanos). Michel Temer não se importa que o povo continue a pagar os preços absurdos da gasolina e do gás de cozinha, desde que os acionistas não sofram qualquer perda. Aliás, foi para isso que ele foi posto no cargo, ilegitimamente. Ora, quem deve pagar a conta é a Petrobras que tem, segundo o especialista Paulo Lima, uma margem de lucro de 150% em cada litro de diesel produzido. Ou seja, o preço de custo de um litro de diesel produzido no Brasil sai a R$ 0,93 centavos e é vendido aos distribuidores a R$ 2,33.


POLÍTICA DE PREÇOS


Não haverá vitória real, sem a reestatização da Petrobras. No mínimo, voltar, pelo menos, à política de preços da época dos governos petistas, quando a empresa era utilizada como instrumento para proteger os consumidores do Brasil (um país autossuficiente em petróleo e, na época, quase também, em derivados) da especulação internacional. A Petrobras foi criada no governo Getúlio para dar suporte a um projeto de desenvolvimento nacional. Não para atuar como empresa privada interessada apenas em dar lucros aos acionistas. Em torno da empresa havia-se formado, durante os governos do PT, uma grande cadeia industrial de óleo e gás, com seus múltiplos desdobramentos (estaleiros, fabricação de plataformas marítimas, indústria química, engenharia, pesquisa e inovação – dentro da filosofia de conteúdo nacional (produzir e comprar preferencialmente no Brasil), gerando milhões de empregos e dando musculatura à soberania nacional e projeção internacional ao Brasil, além de deter supremacia mundial tecnológica na exploração de petróleo no fundo do mar. PROTAGONISMO

A soberania sobre o petróleo deu ao Brasil a margem de manobra suficiente para traçar uma política externa de acordo com seus próprios interesses, sem se subordinar à imposição das grandes potências (sobretudo dos Estados Unidos). Assim pôde exercer um papel de liderança regional, incentivando a integração da região em termos econômicos, comerciais, diplomáticos e militares. Além do mais, o Brasil abria novas fronteiras comerciais na África e Ásia, onde suas empreiteiras rivalizavam com as multinacionais americanas.

Ganhou ainda mais importância quando passou a integrar um bloco de países (Brics) articulados para criar alternativas ao desenvolvimento neoliberal e suas políticas de austeridade, recessão e exclusão social. 


GEOPOLÍTICA



Vendo-se suplantados, cada vez mais, pela ofensiva comercial e geopolítica da China na América Latina, os EUA se alertaram para seu quintal sul-americano. Foi a hora de elaborar uma forma de dar golpes de estado assépticos, sem militares (utilizando o Parlamento e o Judiciário, apoiados na grande mídia). Criaram uma sequência no Brasil: julgamento do mensalão do PT, Lava Jato, deposição de Dilma - com um impeachment forjado - e prisão de Lula. Tudo sob o pretexto de combate à corrupção (só que colocando no poder o grupo político mais corrupto do Brasil). O que incomodava mesmo era a autonomia do Brasil e sua política de petróleo do País: convocaram Pedro Parente para o serviço sujo. Basta ver a denúncia formulada pela presidente deposta Dilma Rousseff, que visitou Lula na prisão, quinta feira, e trouxe o recado dele sobre o quadro de desmonte da Petrobras e do Brasil:  http://bit.do/ekVSM 


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