sábado, 22 de agosto de 2009

Contraponto 135 - Ibope: Não precisa eleição

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Com o Montenegro do Ibope, não precisa nem eleição

por Brizola Neto sábado, 22 agosto, 2009 às 19:21

Montenegro vê o futuro. Ou será que faz o futuro?

Não é à toa que Leonel Brizola sempre denunciou os institutos de pesquisas como “máquinas de fazer a cabeça do eleitorado”. A entrevista do dono do Ibope, que acabei de ler no Blog do Noblat é um verdadeiro escárnio a qualquer idéia de seriedade com que possam ser tratadas pesquisas eleitorais.

Carlos Augusto Montenegro, o homem que comanda o instituto de pesquisas que vai dar, pela Rede Globo, as chances de vida e de morte das candidaturas a Presidente e a Govenador diz, mais de um ano antes das eleições, de forma peremptória:

“A Dilma, em qualquer situação, teria 1% dos votos. Com o apoio de Lula, seu índice sobe para esse patamar já demonstrado pelas pesquisas, entre 15% e 20%. Esse talvez seja o teto dela. A transferência de votos ocorre apenas no eleitorado mais humilde. Mas isso não vai decidir a eleição“.

“Faltando um ano para as eleições, o governador de São Paulo, José Serra, lidera as pesquisas. Ele tem cerca de 40% das intenções de voto. Em 1998, também faltando um ano para a eleição, o líder de então, Fernando Henrique Cardoso, ganhou. Em 2002, também um ano antes, Lula liderava – e venceu. O mesmo aconteceu em 2006. Isso, claro, não é uma regra, mas certamente uma tendência“.

Pesquisas eleitorais são - ou deveriam ser - coisa séria. Ao ponto de que o responsável pelo maior instituto que as realiza devesse abster-se de dizer que os resultados serão A, B ou C. Se quer ser consultor político, mude de ramo. Os partidos políticos não têm meios, na prática, de conferir a exatidão das pesquisas, embora elas estejam obrigadas a registro na Justiça Eleitoral. Mas só depois do início da campanha. Nem mesmo a amostragem pode ser checada.

Depois, em todas elas, há um quadro em que, seja qual for a pesquisa, a candidatura José Serra não apresenta crescimento há tempos e faz tempo que a soma das candidaturas Dilma e Ciro se aproxima ou ultrapassa os seus índices. Sem contar que não é provável que os votos de Heloísa Helena, sempre acima de 10%, fossem se somar aos de Serra num segundo turno.

A foto aí do lado é um retrato do mais famoso fiasco dos institutos de pesquisa, quando o democrata Harry Truman, em 1948, comemorou a vitória sobre o republicano Thomas Dewey segurando, sorridente, a manchete do jornal Chicago Daily Tribune onde era proclamado com base em pesquisas.

Montenegro não admite dúvidas. É 100% seguro, como as urnas eletrônicas de Nélson Jobim. Ele não está deixando o papel de pesquisador pelo de adivinho. Está apenas assumindo sem disfarces que as pesquisas de opinião, como os jornais, passaram a ser ferramentas de propaganda eleitoral. Não é por acaso que a entrevista é à Veja, a maior revista semanal de desinformação do país.
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