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18/12/2009
Vermelho - 17 de Dezembro de 2009 - 18h03
O sociólogo e professor do Departamento de Jornalismo e Editoração da Universidade de São Paulo (USP), Laurindo Leal Filho, faz um balanço extremamente positivo sobre a 1ª Conferência Nacional de Comunicação que reuniu 1.684 delegados no Centro de Convenções Ulisses Guimarães, em Brasília. Nesta quinta (17), último dia do evento, ele ponderou que a Conferência “conseguiu fazer em quatro dias, em termos de análise crítica e propostas consistentes, mais do que se fez nos últimos 80 anos”.
“Era uma discussão que estava interditada. Não se discutia isso no Brasil. A Conferência abriu a porta. Ainda é uma fresta pequena, mas eu acho que ela abriu a porta e a gente tem que colocar o pé nessa fresta para mantê-la aberta e ampliá-la ainda mais”, disse o professor ao Vermelho em meio aos debates acalorados no plenário do evento.
Segundo ele, só por ter aprovado na Conferência a proposta de criação do Conselho Nacional de Comunicação é um fato inusitado. “Isso vai colocar o Brasil, se for concretizado, junto com as principais nações democráticas do mundo onde têm conselhos de comunicação há várias décadas e nós estamos sempre atrasados porque os empresários impediam essa discussão. O debate foi feito e os empresários aqui presentes aceitaram e espero que o governo implante”, disse Leal.
Conselho de Comunicação como instância de monitoramente, formulação e debate da mídia, conforme foi aprovado, já existe nos Estados Unidos desde 1934. Na Inglaterra, começou a funcionar por volta de 1926 após o surgimento do rádio. “Nós estamos atrasados quase 80 anos, temos um passo pequeno, mas em relação a tudo que não tinha é enorme.
Para ele, a Confecom foi um sucesso diante de todas as dificuldades que foram impostas desde o início da construção com empresários fazendo uma série de exigências e parte deles se retirando do processo. “Agora mesmo, durante a Conferência, (empresários) fazendo mais exigências, quase tornando o governo e a sociedade civil reféns deles, ainda assim tudo foi superado”.
Rádio comunitária
Além da universalização da banda larga, de extrema importância para a democracia brasileira, o professor destacou como importante a decisão a favor da recuperação das agências regionais do Ministério das Comunicações e da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
“Hoje para se legalizar uma rádio comunitária, por exemplo, o sujeito que não tem condição de comprar um microfone, tem que vir a Brasília não sei quantas vezes para dar andamento aos papéis, pura burocracia. Por isso, é fundamental ter essas agências para resolver o problema lá na base”, defendeu.
Ele diz que essa nova estrutura vai ajudar na fiscalização das emissoras comerciais que ferem a legislação existente hoje. “Não há órgão nenhum para controlar isso. Acho que essa é outra questão importante que tem que ser implantada a partir da decisão da Conferência”, diz.
Da Sucursal de Brasília,
Iram Alfaia
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