15/03/2010
Lula chega ao Oriente Médio em busca de nova forma de diálogo
Portal Vermelho - 14 de Março de 2010 - 10h20
O presidente Luís Inácio Lula da Silva inicia neste domingo (14) uma viagem ao Oriente Médio que lhe levará a Israel, ao território palestino da Cisjordânia e à Jordânia, com o objetivo de reforçar as relações bilaterais e impulsionar a paz.
Lula
Lula leva oferta de mediação do Brasil ao Oriente Médio
A viagem vai fazer com que Lula se torne primeiro chefe de Estado brasileiro em visita oficial a Israel, e o primeiro que viaja à região desde o Imperador Dom Pedro II visitou a Terra Santa em 1876, segundo fontes diplomáticas brasileiras.
O presidente aproveitará a oportunidade, também, para reiterar apoio à constituição de um Estado palestino viável no curto prazo, para reforçar o credenciamento do Brasil como ator com influência nas questões da região e para apresentar propostas para impulsionar o complexo processo de paz no Oriente Médio, através de uma nova forma de diálogo com o ponto de vista do governo brasileiro.
O processo de paz n aregião está congelado desde dezembro de 2008, quando o presidente palestino suspendeu o diálogo com o ex-primeiro-ministro israelense Ehud Olmert. Na época, Israel tinha iniciado uma nova ofensiva militar na Faixa de Gaza. Segundo o governo brasileiro, a visita de Lula "coroa" um processo iniciado há cinco anos com a aproximação gradual do Oriente Médio.
Programação da visita
O presidente deve chegar hoje ao aeroporto de Ben Gurion, nos arredores de Tel Aviv, às 19h locais (14h em Brasília). A agenda oficial terá início no dia seguinte. Na segunda-feira, pela manhã, Lula encontra seu colega israelense, Shimon Peres, a chefe da oposição, Tzipi Livni, e diversos representantes da sociedade civil, além de comparecer a um seminário empresarial e a uma sessão no Parlamento (Knesset). No mesmo dia, à tarde, se reúne com o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, antes de participar de um jantar em sua homenagem na residência oficial de Peres, em Jerusalém.
Na terça-feira o presidente visita o Museu do Holocausto (Yad Vashem) e a Universidade Hebraica, antes de se deslocar ao território palestino ocupado da Cisjordânia para manter uma reunião em Belém com o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas. À tarde, Lula visita a Basílica da Natividade, local do nascimento de Jesus, segundo a tradição cristã. O presidente também participa do encerramento de um encontro empresarial antes de jantar com Abbas.
No dia seguinte vai a Ramala, onde, além de assinar acordos de cooperação com o presidente da ANP, vai visitar uma escola financiada pelo Brasil, e depositará uma oferenda de flores no túmulo do líder palestino Yasser Arafat. Por volta das 13h locais (8h de Brasília), Lula encerra sua visita à Cisjordânia, e viaja para Amã, onde encontra o rei Abdullah II da Jordânia para uma reunião de trabalho.
Na quinta-feira o presidente brasileiro se reunirá com as autoridades jordanianas, entre elas o primeiro-ministro, Samir Rifai. Antes de encerrar sua viagem à região, participa do encerramento de um seminário empresarial.
Os ministros das Relações Exteriores, Celso Amorim, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, e da Secretaria de Comunicação Social, Franklin Martins, acompanharão o presidente Lula.
Região em crise e fracasso americano
A visita do presidente Lula ocorre num nomento de crise na região, detonada durante a visita do vice-presidente americano, Joe Biden, na semana passada. Biden planejava lançar um novo processo de negociações indiretas entre os dois lados do conflito, quando o Ministério da Defesa de Israel aprovou a construção de 112 residências no assentamento de Beitar Ilit, em território ocupado na Cisjordânia.
O anúncio foi visto como uma ameaça à retomada das negociações, mas a pá de cal veio no dia seguinte, quando o ministério do Interior, controlado pelo Shas, partido ultraortodoxo e a favor da ampliação dos assentamentos, divulgou a aprovação da construção de 1,6 mil casas em Jerusalém Oriental, que os palestinos reivindicam como capital de seu futuro Estado.
A decisão, classificada por muitos como uma humilhação a Biden, azedou relações entre Estados Unidos e Israel e marcou o fracasso da visita do vice de Barack Obama.
Não tardou para que o presidente palestino, Mahmoud Abbas, se retirasse das negociações, Israel decretasse o fechamento temporário do acesso à Cisjordânia e reforçasse o policiamento em Jerusalém.
Um ministro próximo a Lula esmiuçou assim, na semana passada, a crítica à atuação de Washington: os EUA são parte interessada, estão atrelados ao ponto de vista de Israel. A mesma fonte lembrou que, apesar dos avanços iniciais nas negociações que mediou, a Casa Branca não conseguiu fechar um acordo capaz de permitir a convivência pacífica e segura entre os dois lados. "O Brasil está interessado em integrar esse processo, quer jogar em favor da paz. Mas não vai se apresentar como um salvador da pátria", disse o ministro. "Se a negociação ficar pendurada nos EUA, não sei se funcionará."
Da redação,
com agências
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