Ocupar Wall Street chga à TV Globo
Do Blog do Miro - 7/10/2011
Por Altamiro Borges

Os protestos na Praça Liberty, nas imediações do centro financeiro da Wall Street, tiveram início em 17 de setembro. Aos poucos, eles ganharam a adesão de diversos setores da sociedade e se espalharam por mais de 50 cidades dos EUA. Nesta semana, a AFL-CIO, a principal central sindical do país, finalmente saiu da sua letargia e anunciou o apoio ao movimento.
“Cobrem impostos de Wall Street”
Na quarta-feira (5), mais de 10 mil manifestantes voltaram a tomar o centro de Nova York, demonstrando que não se intimidaram diante da feroz repressão quatro dias antes – quando mais de 700 pessoas foram presas e muitas ficaram feridas. Eles criticaram a minoria de ricaços do país – 1% - que explora e oprime 99% dos estadunidenses e exigiram políticas de geração de empregos.
A palavra de ordem dos manifestantes foi “All day, all week, occupy Wall Street” [o dia todo, a semana toda, ocupem Wall Street]. Os acampados se deslocaram da Praça Liberty até se encontrarem com as colunas de trabalhadores convocados pelos sindicatos. Eles portavam cartazes com reivindicações: “façam postos de trabalho e não cortes”, “cobrem imposto de Wall Street”.
Adesão de trabalhadores e universitários
Estudantes universitários também deixaram as aulas para engrossar o ato, que contou com a participação organizada de metalúrgicos, professores, metroviários, enfermeiras, aposentados, mutuários e desempregados. Entre as organizações sociais, destaque para a Coalizão dos Sem Teto, que reúne milhares de estadunidenses que foram despejados de suas casas devido à crise econômica.
O presidente da AFL-CIO, Richard Trumka, divulgou nota em que afirma que “o Ocupem Wall Street capturou a imaginação e a paixão de milhões de americanos que tinham perdido a esperança. Nós apoiamos os manifestantes em sua determinação de imputar Wall Street e criar bons empregos”.
"EUA não funcionam para 99% das pessoas"
Já o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes, Larry Hanley, afirmou que “estes jovens falam pela vasta maioria de americanos frustrada pelos banqueiros e especuladores. Enquanto nós batalhamos duro dia após dia, mês após mês, os milionários e bilionários de Wall Street se aboletam, não são penalizados, e pontificam sobre o nível do nosso sacrifício”.
Michael Mulgrew, presidente da Federação Unida dos Professores, que representa 200 mil docentes, disse aos manifestantes que “a forma como nossa sociedade é dirigida não funciona para 99% das pessoas. Assim, quando o Ocupem Wall Street começou, ele captou isso e foi capaz de gerar um debate nacional que nós pensamos que há anos precisava ser instaurado”.
Repressão não cala os manifestantes
No final do protesto, a polícia voltou a realizar prisões e a lançar spray de pimenta contra manifestantes, numa prova de que a tal democracia estadunidense, tão propagandeada pela mídia e bajulada pelas elites colonizadas, é pura falsidade. Além de matar milhões de pessoas em suas intervenções expansionistas pelo mundo, o império reprime duramente quem protesta nos EUA.
A repressão, porém, não tem conseguido calar os manifestantes. Os protestos decorrem da grave situação econômica do país. O coração do capitalismo está enfermo. Já são mais 25 milhões de desempregados; cenas de miséria, antes só vistas na periferia do sistema, multiplicam-se no império, com pessoas despejadas de suas residências, moradores de rua e filas de famintos.
Obama frustra e direita se assanha
Barack Obama, que surgiu como esperança de mudança, tornou-se uma decepção. Diante da pressão dos grupos econômicos, ele optou pelo pragmatismo e abandonou as suas promessas de campanha. Diante da acelerada queda da sua popularidade, Obama tenta agora sair das cordas, mas já parece tarde. A direita republicana mais hidrófoba ameaça retornar ao poder em 2012.
O complexo industrial-financeiro-militar não aceita perder qualquer privilégio. Quer jogar todo peso da grave crise econômica nas costas dos trabalhadores e da juventude. Segundo dados oficiais, os 400 maiores ricaços dos EUA possuem riqueza equivalente a 180 milhões de estadunidenses. E riqueza dessa minoria parasitária cresceu 12% em pleno período da recessão que atingiu o país.
É contra essa brutal desigualdade que as vítimas da crise nos EUA decidiram “ocupar Wall Street”. As contradições do capitalismo finalmente se expressam com maior força e visibilidade no coração deste sistema exploração. Algo de novo pode estar surgindo! Até a TV Globo está preocupada.
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