sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Contraponto 14.425 - "A direita quer que Marina seja sua tábua de salvação"

Brasil 247 -
Já vão aparecer pesquisas, que correm para aproveitar o clima de consternação, para não perder esse clima e pressionar a Marina e o PSB com intenções de voto mirabolantes. É ela, tem que ser ela, senão, ao contrário, a Dilma ganha e no primeiro turno


EMIR SADER

(originalmente publicado na Carta Maior)

Emir  SaderA campanha eleitoral transcorria modorrenta, com resignação por parte da oposição. Tinha esgotado os graus de manipulação dos resultados de pesquisa, conseguindo, no máximo, passar a ideia de que os escândalos não tinham feito baixar o apoio ao Aécio.

As acusações ao governo ja chegavam ao nível patético do caso da Wikipedia, não sobrava muito, nem para as perguntas à Dilma no JN. Tinham conseguido subir o máximo possível ao pastor. Aécio e Eduardo Campos ficavam nos seus patamares consolidados, as entrevistas dos dois no JN não entusiasmavam a ninguém.

Quando de repente veio o trágico acidente e a morte de Eduardo Campos. Os restos nem havia chegado a Recife a os ventríloquos da direita já se assanhavam com a possibilidade de Marina ser a candidata no lugar dele.

Especulações e esperanças, aqui e lá fora, já projetavam uma reviravolta no quadro sucessório. O segundo turno estaria garantido, os riscos todos iam pra cima da Dilma. Marina partiria com  os tais 20 milhões de votos - que  parece que ela teria o poder de ter guardado na bolsa, intactos -  para disputar com Dilma. Os institutos de pesquisa corriam formular suas desinteressadas perguntas, tipo: Voce estaria disposto a mudar seu voto para Marina, se ela for candidata a presidente? Quem você prefere: Dilma ou Marina?

Mas de repente começam a surgir as dúvidas: Não é possível que a Marina não se aproveite dessa oportunidade de ouro de tirar o PT do governo? Será que o PSB vai querer lançar um candidato do próprio partido? Onde está a consciência cívica da oposição, que pode perder a possibilidade que o destino lhe deu de ganhar as eleições? De derrotar o PT?

Plenamente dispostos a enterrar definitivamente ao debilitado Aecio, as vozes da direita se excitam, entre frenesi e angustia de perder essa oportunidade. Não importa se Marina não é uma pessoa confiável. Que pode assustar os empresários do agronegocio. Que tenha suas manias ecológicas. O que importa é tirar o PT do governo. Depois a gente vê. Se ela  chegar a ganhar, vai precisar do apoio parlamentar e dos governadores tucanos, vai precisar da mídia. Se dá uns apertões e ela vai ceder, até porque não tem apoio próprio.

A direita quer que Marina os tire do aperto em que se meteram, com dois candidatos que, no máximo, poderiam levar a disputa para o segundo turno. Quer que Marina seja a sua tabua de salvação para derrotar o PT. Livrar-se da reeleição da Dilma e, quem sabe, até de um retorno do Lula!

Numa hora boa, quando tinham esgotado seu arsenal de futricas, quando o horário eleitoral vai começar e as condições da Dilma ganhar no primeiro turno aumentariam, acontece o acidente e recoloca a possibilidade da Marina mobilizar os votos do desinteressados nos candidatos apresentados. Justo quando a direita se preocupava em mobilizar os do voto nulo, do voto em branco, da abstenção, dos indecisos, mas não conseguia entusiasmá-los com Aecio e Eduardo Cunha, aparece quem pode servir para resgatá-los.

Já vão aparecer pesquisas, que correm para aproveitar o clima de consternação, para não perder esse clima e pressionar a Marina e o PSB com intenções de voto mirabolantes a favor dela e decepcionantes para qualquer outro candidato do PSB. A cena está montada. É ela, tem que ser ela, senão, ao contrário, a Dilma ganha e no primeiro turno.

Todos menos a Dilma – essa a candidatura da oposição, que agora olha para a Marina como sua bala de prata.

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