sábado, 4 de outubro de 2014

Contraponto 14.953 - "Campanha termina como começou com Dilma favorita"

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1604803 10152525256786638 7418396291520710597 n Campanha termina como começou com Dilma favorita

Ricardo Kotscho 


Do mesmo jeito que começou, e depois de muitas reviravoltas, a campanha presidencial terminou nesta quinta-feira (2) com as últimas pesquisas do Ibope e do Datafolha mostrando ampla vantagem de Dilma Rousseff, tanto no primeiro como no segundo turno, se houver.

Após 87 horas de propaganda eleitoral na televisão, a disputa se limita neste momento ao segundo lugar, brigado pau a pau entre Marina e Aécio, para ver quem será o desafiante da presidente candidata à reeleição.

A análise completa das pesquisas dos dois institutos para a eleição presidencial e a situação nos principais Estados estão aqui, no Jornal da Record News.

Vamos então direto  ao debate da Globo, que ao final de duas horas de bate-boca não apresentou nada que possa alterar os números mais recentes das pesquisas em que Aécio aparece subindo e Marina caindo, semana a semana, desde o início de setembro, quando ela chegou a abrir 20 pontos de vantagem sobre o tucano (agora são apenas três no Datafolha).

Como se ninguém fosse perceber, o bem produzido espetáculo comandado por William Bonner para impedir a reeleição de Dilma, no último debate do último dia de campanha, manteve o roteiro das campanhas anteriores: candidatos levantando a bola entre eles e todos batendo no PT.

Desta vez, os nanicos laranjas, que só serviriam para fazer figuração, dominaram a cena e nem disfarçavam seu papel neste "reality show" político. Os coadjuvantes perderam a modéstia e viraram protagonistas, com destaque para o pastor Everaldo, que roubou o posto ocupado por Levy Fidelix no debate da Record.

Apesar de seu discurso homofóbico, Everaldo, todo sorriso, chamou Aécio de "meu querido", ao convocá-lo para responder no púlpito, antes mesmo que o moderador sorteasse o tema da pergunta que deveria fazer, como se já estivesse tudo combinado.

A exemplo do que  aconteceu nas intervenções de outros nanicos, o pastor não se preocupou em perguntar nada, mas apenas em atacar Dilma e ajeitar a bola para o candidato do PSDB bater no gol. Com ares de grande estadista de inícios do século passado, o candidato do PSC, que se apresenta como porta-voz da família brasileira, comportava-se como se estivesse mesmo disputando a eleição para valer.

Este último debate serviu apenas para explicar os motivos do favoritismo de Dilma, menos por seus próprios méritos e mais pela mediocridade dos adversários, apesar de todos os problemas enfrentados pelo seu governo, que não é nenhuma Brastemp.

Muito à vontade no ambiente global, como se estivesse num programa de auditório, Aécio se sentiu até no direito de pedir aplausos à plateia quando fez um elogio ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Cada um ali procurava desempenhar seu papel determinado pelos roteiristas.

O verde Eduardo Jorge, fazia o de clown simpático, sem maiores compromissos com o resultado das eleições, mais preocupado em marcar posições comportamentais para arrancar risos da plateia e promover memes nas redes sociais.

A radical Luciana Genro, do PSOL, jogava seus cabelos revoltos para todos os lados tentando chocar a burguesia com seu sorriso de Barbie da maturidade.

O inacreditável Levy Fidelix, com seus cabelos e bigodes exageradamente pintados, anunciava o apocalipse se não fosse ele o eleito para o lugar de Dilma.

O prestativo pastor Everaldo, a serviço da direita mais primitiva, procurava apenas ajudar Aécio a levar Aécio ao segundo turno, se possível tirando dele a presidente Dilma.

A indignada ambientalista Marina Silva, com um demagógico discurso populista no melhor estilo do "Tea Party" americano, fazia-se de vítima dos poderosos, no papel de "mulher, negra e pobre", como se queixou em entrevista à CNN.

Deixando um pouco de lado o gênero folgazão de garoto de praia, Aécio jogou seus últimos trunfos tentando incorporar um Carlos Lacerda básico, mas não convenceu muito no novo papel de defensor da moral e dos bons costumes públicos.

A Dilma, atacada por todos os lados, só restou ser cada vez mais Dilma, a gerentona brava e implacável, que não leva desaforo para casa, cheia de números e rasa de ideias novas para despertar as esperanças do eleitorado.

Não aguento mais ouvir a voz esganiçada de nenhuma delas nem ver a canastrice de nenhum deles. Ainda bem que acabou.

O que está em disputa, na verdade, não é o varejo dos tiros trocados nos debates sobre a governança e as lambanças na Petrobras, mas a quem caberá tomar conta, pelos próximos quatro anos, do tesouro do pré-sal, que tanta cobiça desperta tanto aqui dentro como lá fora.

Diante deste quadro, que projeta uma guerra feroz no segundo turno, se eu tivesse que pedir para algum deles tomar conta dos meus netos, não teria nenhuma dúvida. Chamaria a Dilma. Só não pode perder a paciência e bater nas crianças.

Para não variar, a mais brilhante análise desta reta final de campanha foi feita pelo José Simão:
"E a Dilma pode ser reeleita, mas pela margem de erro pode ser presidente da Argentina ou da Venezuela".

Vamos agora, com muita calma, aguardar a abertura das urnas no domingo e saber qual foi a decisão de sua excelência, o eleitor.

Bom final de semana e bons votos para todos.

Vida que segue.

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