segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Contraponto 15.287 - "A falácia de Noblat e os desafios do governo"

A falácia de Noblat e os desafios do governo

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Dia sim, dia não, a Globo cita os blogueiros “progressistas”.
Hoje foi a vez de Noblat, o blogueiro oficial da Globo.
Ele encerra sua coluna semanal com uma assertiva supostamente sarcástica:
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Hoje foi a vez de Noblat, o blogueiro oficial da Globo.
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Hoje foi a vez de Noblat, o blogueiro oficial da Globo.
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Hoje foi a vez de Noblat, o blogueiro oficial da Globo.
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Hoje foi a vez de Noblat, o blogueiro oficial da Globo.
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Hoje foi a vez de Noblat, o blogueiro oficial da Globo.
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Dia sim, dia não, a Globo cita os blogueiros “progressistas”.
Hoje foi a vez de Noblat, o blogueiro oficial da Globo.
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10/11/2014

 

A falácia de Noblat e os desafios do governo



Do Cafezinho -  postado em novembro 10th, 2014

 

Dia sim, dia não, a Globo cita os blogueiros “progressistas”.
Hoje foi a vez de Noblat, o blogueiro oficial da Globo.

Ele encerra sua coluna semanal com uma assertiva supostamente sarcástica:

“Dizem até que [Aécio] degola bodes, mas aí já acho que é maldade dos nossos blogueiros progressistas.”

Dia sim, dia não, a Globo cita os blogueiros “progressistas”.
Hoje foi a vez de Noblat, o blogueiro oficial da Globo.
Ele encerra sua coluna semanal com uma assertiva supostamente sarcástica:
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Agradeço sinceramente a forma carinhosa com que Noblat se refere aos blogs.

Entretanto, discordarei de quase todos os raciocínios de Noblat. Digo quase, porque, ao cabo, concordarei em parte com ele.

A sua coluna sintetiza o novo esforço da mídia e da oposição, de enganar o público com uma falácia quase infantil: a de que Dilma teria praticado um “estelionato eleitoral”, e que estaria tomando as mesmas medidas que sua campanha denunciava que seriam feitas por Aécio Neves.

O artigo de Noblat não engana ninguém.

Ele faz uma confusão entre medidas macro-econômicas, reajuste de preços, e estatísticas sociais.

As medidas que o Brasil temia, sob um governo tucano, não eram pequenos reajustes de 0,25% nos juros, nem aumento de 3% no preço da gasolina, após anos e anos de preço estável.

Em primeiro lugar, Dilma tem crédito na questão dos juros. Sua ação de governo mais ousada, durante sua primeira gestão, foi a redução dos juros, muitas vezes forçada, na base de intervenção direta em bancos públicos.

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Depois os juros voltaram ao nível anterior, mas ainda assim se mantendo em patamar historicamente baixo, e sem apagar os ganhos que tivemos enquanto eles se mantiveram ao menor nível de sua história.

Milhões de brasileiros tiveram acesso a crédito mais barato, e o governo economizou algumas centenas de bilhões de reais.

A temporada de juros baixos proporcionada por Dilma, entre 2011 e 2013, fez o Brasil ganhar dezenas de vezes mais do que todas as privatizações feitas durante a era FHC.

O povo brasileiro dá um voto de confiança a Dilma, de que os juros, embora aumentando levemente nesse último trimestre, serão reduzidos em seguida. É o tipo de confiança que não daríamos a Aécio Neves.

Quanto ao aumento da gasolina, trata-se de hipocrisia e desinformação deliberada de Noblat.

Um aumento de 3% do preço da gasolina na fonte, e ainda menor no preço final, é inferior à inflação, e infinitamente abaixo da elevação do poder aquisitivo do trabalhador.

Um salário mínimo, ao final do governo FHC, comprava 89 litros. O salário de hoje compra 241 litros.

Essa é a diferença entre Dilma e Aécio. A primeira se preocupa com possíveis impactos sociais de todas as suas ações. O segundo, não.

O preço da gasolina andava defasado há anos, e o aumento foi modesto. Era importante aumentar os preços, porque a saúde financeira da Petrobrás é essencial para a estratégia do nosso desenvolvimento. Não faz sentido, porém, defender aumentos maiores, como faz a nossa mídia, de olho em ganhar com as ações da Petrobrás. Nossa gasolina não é barata, embora não esteja entre as mais caras. Note que um dos maiores produtores de petróleo do mundo, a Noruega, vende a gasolina mais cara do planeta.

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Valores de 2012, não muito diferentes de hoje.

gasolina
Gráfico do blog Tijolaço
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Valores de 2012, não muito diferentes de hoje.

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Valores de 2012, não muito diferentes de hoje.
gasolina


Gráfico do blog Tijolaço


Quanto aos índices de miséria, a hipocrisia de Noblat e oposição é apenas ridícula. Estão usando uma retórica barata para discutir o assunto. A redução da miséria durante os governos do PT é um fenômeno sem paralelo no mundo, em tão pouco espaço de tempo. A estagnação de 2013 não lhe tira o mérito.

Por outro lado, ninguém passará a mão na cabeça do governo.

Sabemos que o jogo é bruto, a crise econômica no mundo não pode ser desmerecida, e ninguém espera milagres. Sabe-se que haverá um brutal embate, como sempre desigual, entre uma mídia aliada do mercado financeiro, pressionando por medidas de austeridade, e a base popular do governo, exigindo mais investimento público e mais ousadia política.

Para reativar o crescimento econômico, deve-se reduzir juros, elevar o investimento público, e fazer ouvidos de mercador à mídia, cujo ideário já levou o Brasil e outros países à falência por diversas vezes.

A elite brasileira costuma seguir a seguinte máxima: política é a arte do sacrifício; sacrifício do outro.

Entretanto, numa coisa Noblat acertou, embora sem querer.

O governo começou a ficar para trás.

Já era tempo de transmitir mensagens políticas positivas para a sociedade. De pautar a mídia, tanto a velha quanto a nova, com discursos e medidas de impacto.

É preciso um choque de energia e criatividade.

Falar que vai discutir a regulação da mídia no segundo semestre do ano que vem não adianta nada, sobretudo se a imprensa vem repleta de notinhas maldosas, falsas ou não, sobre o assunto.

A democratização da mídia é um processo político para o qual a regulação parlamentar é apenas um ponto. Há muitos outros que podem ser conduzidos sem isso.

A presidenta vai usar mais a rede nacional, ou ficará com temor de ser tachada de bolivariana?

A primeira gestão do governo Dilma se caracterizou por um grande apagão político e de comunicação. E que ainda não foi sanado nessas primeiras semanas pós-eleitorais.

Por exemplo, o governo brasileiro deve ser o único no mundo que não possui um porta-voz.

O Departamento de Justiça inicia investigação sobre a Petrobrás, e não há um porta-voz do governo brasileiro para falar sobre o assunto.

Qual o calendário de inauguração das grandes obras?

Dilma foi eleita com uma agenda de mudanças. Se estas não podem ser realizadas do dia para a noite, o mínimo que se deve fazer é criar uma agenda e um calendário políticos, devidamente conectados a um sistema inovador de comunicação oficial, para oferecer ao povo ao menos uma noção acerca da orientação das mudanças que estão por vir.

Para começar, o governo poderia falar mais sobre os projetos mencionados na campanha, as novas creches, pronatec, habitações populares, etc.

Há algum novo discurso para a classe média?

Cada dia de silêncio é um dia de derrota  para o governo, e ampliação da base social da oposição.

A base social de Dilma se mantém firme, esperando novidades, tentando resistir às provocações e manipulações da mídia.

Por quanto tempo?

O governo deve ter seus planos, mas não pode esquecer que a política não tolera o vácuo. Enquanto fica em silêncio, a oposição ganha espaço.

A eleição deste ano mostrou que, se há interlocução entre o governo, os partidos de esquerda, e as bases sociais, através de uma campanha, tanto de comunicação quanto de mobilização, o governo ganha força e as bases ficam energizadas.

No entanto, o apoio das bases sociais, essencial para a vitória nas eleições, não poderá resistir por tempo indeterminado, caso o governo não faça uma mudança profunda em sua estratégia de comunicação, que hoje é parte essencial da própria estratégia política.

A classe política, após ver o que aconteceu com Sérgio Cabral, e com a própria Dilma, já deveria ter aprendido que “popularidade” de instituto de pesquisa é uma coisa volátil, se não for amparada em bases sociais orgânicas e organizadas.

E estratégia de comunicação não é somente dar entrevistas à grande imprensa.

Falamos de uma coisa maior, de produção de símbolos.

Passa, inclusive, pela mudança no visual do governo e da presidenta.

Pela criação de novos slogans, novas metas, novas leituras políticas, pela construção de novas maneiras de se comunicar e interagir com a população.

O governo tem o vício de pensar que ele é o principal prejudicado pela partidarização da mídia, porque não se consegue se fazer ouvir através dela.

Ora, a principal vítima da situação não é o governo, mas o povo brasileiro, cuja voz não chega ao governo. Cuja voz não chega a si mesmo!

A mídia tem orgulho de ser “crítica” ao governo.

Ora, criticar o governo é um privilégio, porque serve para orientar a administração, e por isso mesmo não deveria ser monopolizado pela mídia.

Criticar o governo dá muito mais prestígio e dinheiro do que defendê-lo.

Eu também queria poder fazer mais críticas ao governo, mas de forma que este pudesse realmente ouvir, e de maneira que as críticas não fossem manipuladas para enfraquecê-lo, em benefício das forças que vampirizam o Estado e a sociedade.

Não quero criticar o governo para fortalecer a mídia e o mercado financeiro.

Por isso o governo deveria ampliar seu sistema de ouvidorias, para poder auscultar diretamente o povo.

Isto também tiraria força da mídia corporativa, ou seja, também faz parte da estratégia da democratização da mídia.

Seria salutar, pelas mesmas razões, que o governo oxigenasse a administração pública, trazendo novos quadros da sociedade, fazendo um ministério menos partidário e mais conectado com a opinião pública – não a opinião dos jornais, mas a verdadeira, a das ruas, progressista e rebelde.

Dilma venceu a oposição no primeiro e no segundo turnos. Também ganhou o terceiro turno, que foi a tentativa de pôr em dúvida a lisura das eleições.

No quarto turno, porém, será derrotada, caso não faça um governo diferente, na política e na comunicação.

A presidenta tem tudo para fazer um grande governo, porque será o período de colheita.

Obras magníficas serão inauguradas em sua gestão, como a transposição do São Francisco, hidrelétricas, eólicas, refinarias, portos, estradas, ferrovias, metrôs, vlts, milhares de creches, mais 12 milhões de beneficiados pelo Pronatec, o programa Mais Especialidades, etc.

Nada disso terá resultado político, todavia, se o governo não se comunicar.

O que significa: falar, falar, falar.

Mas sobretudo ouvir, ouvir, ouvir.
Gasolina1
Valores de 2012, não muito diferentes de hoje.

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