quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Contraponto 15.302 - "Dilma disse que Dilma seria mais Dilma. Qual a dúvida? "

De início, uma questão bastante pontual: Dilma não quer encerrar mais cedo seu primeiro mandato. Ela não está obtendo, nem de aliados e muito menos de adversários, a trégua de praxe para poder organizar a nova etapa da administração. Enquanto nos Estados Unidos até a mídia, considerada a mais avançada do planeta, concede 100 dias contados de ausência de críticas a um presidente eleito, por aqui o que se tem são ataques minuto a minuto até mesmo à legitimidade da vitória da presidente.

 Foram 3,5 milhões de votos a mais, mas, na crítica do PSDB e na decupagem dos resultados oficiais feitas por alguns jornais, parece que todos saíram da região Nordeste e deveriam valer menos de 1.

Melhor do que renegar a soma dos sufrágios seria fazer proposta de mudar o sistema eleitoral, para atribuir ponderação sobre o eleitorado de cada Estado, como acontece, para repetir o exemplo, nos Estados Unidos com seu sistema indireto de eleição presidencial. Importante: no segundo turno, por mais de uma vez, Dilma lembrou que, no Brasil, cada pessoa vale um voto – e era por isso que ela acreditava na vitória. Só não ouviu quem não quis.

PRIMEIRO MANDATO ACABA EM 31 DE DEZEMBRO - Interessada em não encerrar antes da hora determinada o seu primeiro governo, que vai até o dia 31 de dezembro, a presidente demarcou em duas entrevistas logo após sua vitória, nas emissoras Record e Globo, que anunciaria seus novos ministros na segunda quinzena de novembro. "Depois da reunião do G20", demarcou. De novo, quem não entendeu a informação oficial, dada da boca da presidente, só pode ter sido por que não quis.

Aliados, sob o conforto da vitória, e adversários, na trincheira fria da oposição, têm cobrado de Dilma pressa na definição dos nomes de seu novo ministério. Pode-se cobrar, mas querer, nestas circunstâncias, que a presidente faça o que se quer é um tanto de arrogância. Afinal, ela não mandou recado, mas avisou que tomaria seu tempo para fazer as mudanças na equipe. Caso a promessa tivesse sido diferente, algo como "agora que ganhei, vou fazer tudo o que meus apoiadores e a oposição me mandarem fazer", a frustração seria compreensível. Mas Dilma não enganou ninguém, deixou claro, ao contrário, as suas datas. Por que o espanto?

Enquanto Dilma governa ao seu estilo, como ela mesma disse que faria, não se tem notícia de que o mundo ou o Brasil tenham acabado. Ao contrário, na economia nacional o que se vê são indicadores absolutamente naturais, como a redução da taxa de inflação em outubro sobre setembro, um leve aumento na produção industrial e a manutenção nas taxas de emprego.

Neste quadro, Dilma deixou vazar que estuda alguns nomes para o lugar de Guido Mantega no Ministério da Fazenda. Estão entre eles o do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles e o do ex-secretário executivo da Fazenda Nelson Barbosa, mas não será mais surpresa se Alexandre Tombini, presidente do BC, assumir o posto. Outra alternativa igualmente poderá ser efetivada.

Pode-se gostar ou não da escolha a ser divulgada, mas que foi mesmo que obteve o direito de fazê-la? A pessoa que teve seu nome mais teclado nas urnas eletrônicas tanto no primeiro, como no segundo turno, de iniciais D.R., número 13 na tela.

O PT, 13, não apenas pode como deve, por ser o partido da presidente, fazer as suas pressões por cargos e nomes. A oposição, mesmo sob o risco de animar projetos antidemocráticos, tem o papel do ataque. Mas não é função de Dilma ceder nem a um nem à outra. Lembre-se: ela anunciou que Dilma seria mais Dilma a partir de agora.

Mesmo legítimas, as tentativas de pressionar a presidente mais se parecem com iniciativas para sequestrar o mandato conseguido por Dilma Rousseff – um novo período de quatro anos na Presidência que, de resto, nem começou.

DIALOGAR NÃO É CEDER - Dilma também prometeu, isso é fato, ouvir mais e dialogar mais com as forças políticas e a sociedade. De modo institucional, tem recebido lideranças e partidos, reunindo informações para fazer suas reflexões. Dialogar não significa, necessariamente, fazer o que o outro queira. Se fosse assim, Dilma também poderia exigir que, em lugar dela, seus interlocutores entendessem suas posições e cedessem eles mesmo. Por que o que se deseja é que apenas ela dê o passo atrás?

Na campanha, Dilma chegou a ser ironizada por ter anunciado que o ministro Mantega deixaria o cargo no segundo governo, em respeito à promessa de 'governo novo, ideias novas'. Foi ironizada em diferentes setores da mídia tradicional. No PSDB acreditou-se que ali estava um erro crucial, e logo o candidato Aécio Neves anunciou o ex-presidente do BC Armínio Fraga como seu futuro ministro da Fazenda. O que os eleitores acharam das duas estratégias ficou-se sabendo no dia 26 de outubro. Será que Dilma precisa mesmo dizer a todos que a presidente atual e futura, por delegação popular, é ela?
.

Nenhum comentário :

Postar um comentário

Veja aqui o que não aparece no PIG - Partido da Imprensa Golpista