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13/12/2011
Será a covardia uma espécie de herança moral dos direitistas?
Querem que os militares façam para eles o serviço sujo. Como faziam os
capatazes, os feitores, os senhores de escravos e seus capitães do mato
em tempos idos
LULA MIRANDA
São inúmeros os exemplos de covardia da classe dominante, ou seja, dos conservadores ao longo da história: contra os inconfidentes, contra os sem-teto, os sem terra, os indígenas; contra os negros, os judeus, as mulheres, os homossexuais; contra o ímpeto mudancista da juventude e dos estudantes em tantas ditaduras, aqui e mundo afora etc.
Mas vamos a alguns episódios emblemáticos, mais recentes e
“ordinários”, cotidianos, desprezíveis, mas reveladores, ocorridos nos
dias que correm, aqui mesmo na nossa pátria mãe gentil.
Primeiro, tivemos o caso do artista Lobão que “amarelou”,
para utilizar uma linguagem mais palatável aos mais jovens, quando Mano
Brown, ícone do rap brasileiro, chamou-lhe às falas. Lobão foi, digamos
assim, “prudente” ao se acovardar. Pois, sabemos, o ex-roqueiro e atual
candidato a líder dos reacionários é o eterno garotão irreverente
egresso da Zona Sul carioca, criado a pão de ló e muito, muito leite
condensado. Já Brown é, como sugere a alcunha, “mano”. Foi criado –
talvez fosse mais honesto dizer, sobreviveu – nas quebradas da periferia
de São Paulo. Um criado e educado na opulência; outro, na mais absoluta
precariedade e insegurança. Essa distinção, por si só, já diz muito,
quase tudo. Porém, é forçoso dizer, não faltou coragem nem argumentos a
Brown para encarar o embate, digo, o debate.
Recentemente, Diogo Mainardi, ex-enfant terrible
da revista “Veja”, dirigiu-se aos nordestinos utilizando-se dos
impropérios usuais que povoam o imaginário e o vocabulário das elites
conservadoras de fato, e dos incautos que se supõem (ou se pretendem)
integrantes dessa mesma elite. Teria chamado os meus conterrâneos
nordestinos de “bovinos”, “retrógrados” e “gente pouco instruída”, ou
algo nessa linha, utilizando-se sem pejo de qualificativos ou expressões
reveladores de abjeto preconceito de classe e outras mazelas do
pensamento e do caráter.
Ato contínuo, levou uma reprimenda de um célebre paraibano, o incrível Hulk – não o personagem da Marvel Comics,
claro, mas o jogador de futebol que defendeu a seleção brasileira.
Mainardi, que não bate assim nenhum bolão e nunca se destacou em nenhuma
seleção, foi também prudente, diga-se, ao pedir desculpas na TV, ao
vivo e em cores. Afinal, Hulk faz jus ao apelido e é incrivelmente
forte, corpulento, intimidador. E o arauto do conservadorismo,
diretamente de Veneza, falou uma sandice inacreditável e não é assim,
digamos, um forte. Por mais esta sandice, irá responder a processo no
Ministério Público. Pois, avise-se ou se relembre aos navegantes,
vivemos dias em que não se pode, impunemente, injuriar ou ofender as
pessoas, ainda mais com essas inacreditáveis diatribes que evidenciam
cacoetes de racismo, xenofobia e outros preconceitos improváveis.
No período eleitoral um cadeirante, o blogueiro Enio
Barros Filho, foi agredido porque usava na camisa um broche no formato
da estrelinha do PT. Veja como são “valentões” esses conservadores!
Agora, também recentemente, um milheiro de reacionários
(alguns contestam, dizem que foram dois milheiros e meio) desfilou seu
corso infame pela Avenida Paulista, em SP, pedindo intervenção militar
no Brasil. E por que clamam pela intervenção dos militares no Brasil?
Por que não intervêm eles mesmos, mas no plano institucional? Por
exemplo, elegendo um candidato que represente as suas ideias (ou a falta
destas) para o País, ou mesmo se engajando em algum partido que
represente ou dê guarida a suas supostas “reivindicações”. Por quê?
Porque são covardes. Simples assim.
Procuram, sem rumo, um atalho, o caminho mais fácil, o descaminho.
Querem que os militares façam para eles o serviço sujo.
Como faziam os capatazes, os feitores, os senhores de escravos e seus
capitães do mato em tempos idos. Como faziam os milicos nos tempos da
ditadura: prender, torturar, silenciar e/ou matar quem ousasse divergir e
pensar diferente.
Aos direitistas lhes apraz a covardia.
Talvez sintam falta dos tempos em que testemunharam
calados a tortura de jovens (e até de senhores já grisalhos!) nos porões
da ditadura. Os covardes e os sádicos provavelmente gostariam de ver
novamente, silentes e cúmplices, mulheres, algumas grávidas, serem
seviciadas e torturadas, das maneiras mais bárbaras e aterradoras – não
entro em detalhes em respeito à memória das que morreram na tortura e
das que sobreviveram à dor, à humilhação, ao escárnio e ao vilipêndio.
Algumas hoje são ministras de Estado e, veja bem, uma até conseguiu
chegar à Presidência da República. Agora reeleita.
Mas é exatamente esta que os reacionários pretendem
derrubar em sua sanha maldita, infame, covarde. Os covardes já clamam
pelo impeachment da presidente.
Covardes!
Covardes!!! – reitero.
Os militares, em consonância com os tempos modernos, sabem
de cor e salteado a lição que aprenderam com a nova ordem mundial, com
as novas gerações (de militares, inclusive) e com os novos tempos: o
respeito aos direitos humanos é pedra fundamental para se edificar
qualquer sociedade que se pretenda civilizada.
Os militares de hoje, é preciso que se reconheça e louve,
compreendem o seu importante papel na sociedade: trabalham em obras do
PAC, em campanhas de vacinação, nos programas sociais do governo, em
missões de assistência humanitária, dentro e fora do país. O exército
está plenamente integrado à cidadania e à democracia. E dá o exemplo.
Faz a sua parte.
Mas...
O querem esses reacionários? O que desejam? O que pretendem?
Qual o papel desses indivíduos numa sociedade moderna? Um “papelão”?
Que exemplos pretendem dar? Quais as suas demandas?
São “ativistas de hospício”; loucos militantes abnegados da falta de razão e senso? Necessitam de auxílio psiquiátrico?
Porque aos que loucos não são...
Já não lhes basta morar nas melhores casas, apartamentos ou bairros?
Já não lhes é suficiente comer as melhores comidas, almoçar ou jantar nos melhores restaurantes?
Já não lhes basta que seus filhos estudem nas melhores escolas e universidades?
Já não lhes é o bastante, aos brancos bem nascidos, serem
detentores de algo em torno de 80% da renda; não lhes basta receberem os
melhores salários e empregos?
O que querem mais os reacionários?
Querem impedir os avanços da sociedade – no âmbito da economia, da justiça social, mas também da moral e da cultura?
Não querem que fiquemos nem com suas migalhas? Pois são
contra a “esmola” (segundo a sua retórica contaminada pelo ódio e pela
intolerância) do Bolsa Família.
São covardes e caretas os reacionários!
É uma gente infeliz.
Nobre Miranda,
ResponderExcluirBrilhantíssimo texto.
Quanto à série de perguntas no final, uma resposta simplista e simples: são uns idiotas atendendo bovinamente - está em voga - as ordens do império do north. Só que não sabem. Não são dotados de inteligência o bastante para verem isso.
Acham também que é bonito trabalhar - nós os pobres evidentemente - para sustentar os red necks ....
Abraços
José Sabino
O Pueril