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06/02/2015
PEC da Bengala é conluio entre STF e Congresso; democracia no Brasil se tornou de ocasião
Palavra Livre - 06/03/2015
Por Davis Sena Filho
Vamos
aos fatos: a Proposta de Emenda à Constituição 457/05 é um golpe contra
a democracia. Um golpe descarado e antidemocrático. A verdade é que a
proposição, conhecida como "PEC da Bengala", tem por objetivo, e somente
esta causa, impedir que a presidenta trabalhista Dilma Rousseff, eleita
por mais de 54 milhões de brasileiros, seja impedida de nomear cinco
juízes do Supremo Tribunal Federal (STF).
A
resumir: o Congresso Nacional conservador, presidido por Eduardo Cunha,
um deputado do PMDB do Rio de Janeiro, partido importante da base
Governo, juntou-se a um STF igualmente conservador, e que faz política
para que Dilma Rousseff não nomeie juízes mais progressistas, legalistas
e que não se entreguem à falação e à vaidade, a terem como espelho os
microfones e as imagens da imprensa meramente de negócios privados e de
histórico golpista.
É
exatamente o que está a acontecer. A direita brasileira, uma das mais
ricas, entreguistas, colonizadas e perversas do mundo, não deseja que
uma mandatária cumpra seu papel constitucional, além de tentar paralisar
seu mandato e administração legítimos. Agora a estratégia é obstar o
direito de Dilma Rousseff de escolher os magistrados do principal
tribunal do País, como forma de combate político desleal e sem trégua,
que tem início nos apoios de protestos da classe média udenista e
pró-impeachment, e termina na tentativa de inviabilizar o Governo
Trabalhista de todas as formas e maneiras.
Exemplos
graves são as paralisações de obras, as demissões de milhares de
trabalhadores e a tentativa de uma oposição direitista e predadora do
País, que aposta, por exemplo, na depredação da Petrobras, no fim da
politica de conteúdo e da quebra do setor naval e de empresas como a
Sete Brasil. Toda essa engrenagem malévola acontece porque a burguesia
brasileira é pária dos interesses internacionais e jamais se dedicou a
pensar o Brasil e defender seus interesses. As classes dominantes
brasileiras, grande parte do empresariado, a imprensa de mercado e os
partidos conservadores não se conduzem politicamente apenas contra o
Governo Trabalhista. Mas, sobretudo, são contra o Brasil. E é aí que
mora o perigo...
A
direita norte-americana, a inglesa, a alemã, bem como a francesa, por
exemplo, são socialmente duras, xenófobas, lutam contra a distribuição
de renda e riqueza e tem uma postura hegemônica e imperialista perante o
mundo, mas defendem os interesses de seus países, com determinação e
nacionalismo. Por seu turno, a direita brasileira, em quase todas suas
vertentes, não tem vergonha na cara, comporta-se como pária mundial dos
países ricos, pois, lamentavelmente, entreguista, subordinada,
subserviente, antinacionalista e portadora de um inenarrável e
incomensurável complexo de vira-lata.
Chega
a dar pena do ridículo dessa burguesia e pequena burguesia, pois é
total a falta de discernimento de seu papel vergonhoso perante a Nação
brasileira e os governantes dos países considerados desenvolvidos, que,
por sinal, devem ironizar, debochar, e, por sua vez, não terem o mínimo
respeito pela direita tupiniquim de cabeça eternamente colonizada.
Essa
conduta predadora de parte da população brasileira é canalizada,
calculadamente e oportunisticamente, pelas mídias privadas dos magnatas
bilionários de imprensa, que desde meados do século XIX sonham com as
cortes europeias e agora a norte-americana. Vivenciaram no passado a
Corte portuguesa no Brasil, mas sempre com os olhos no outro lado do
Atlântico e não em si mesmos, de forma que pudessem lutar pelo
desenvolvimento do povo deste grande País. Assim essa gente complexada
é, e sempre o será... Contra o Brasil.
Neste
exato momento, os magnatas bilionários, seus meninos e meninas de
recado, além dos "especialistas" de prateleiras, como os da Globo News,
estão a deitar falação em suas mídias de direita e de oposição ao
Governo Trabalhista, inclusive a apoiar a entrega do mercado nacional da
construção civil, portadora de muito conhecimento técnico e científico,
a estrangeiros, bem como exigem que o pré-sal seja também explorado
pelas "chevrons" da vida. Esse pessoal pedante, que odeia o Brasil e a
ascensão econômico-financeira das classes populares, querem a volta do
modelo de concessão e o fim do modelo de partilha, implementado no
Governo Lula, que resgatou a Petrobras para os brasileiros.
Sei
que alguns coxinhas de classe média vão gritar aos quatro ventos e
exalar seus venenos contra esta assertiva. Todavia, é isto mesmo. Ponto.
Os governos trabalhistas de Lula e de Dilma recuperaram a Petrobras,
ícone empresarial do Brasil e combatida a ferro e fogo pelas elites
entreguistas e subservientes deste País. Antes mesmo de sua fundação, em
1953, a Petrobras já era combatida pela burguesia de passado cafeeiro e
sucroalcooleiro. Esse segmento social e econômico sempre lutou contra o
desenvolvimento do Brasil e apostou em sua dependência e no seu papel
resumido a produtor primário, cuja produção era voltada apenas para a
exportação.
Quem
investigou, prendeu e deu liberdade para as instituições agirem contra
os corruptos e os corruptores foi o Governo do PT. E não vai ficar pedra
sobre pedra. Não adianta a imprensa alienígena espalhar confusões pela
sociedade brasileira. A verdade sempre haverá de prevalecer, e quem está
a combater a corrupção para valer neste País e a cortar na própria
carne é o Governo do PT.
Nunca
vi governos fazerem isto. Na ditadura, nem pensar. Sarney, Collor,
Itamar, FHC não combateram a corrupção, de forma efetiva e sistemática,
como os governos trabalhistas. O incrível e o surreal disso tudo é que
quanto mais a PF prende, mais a imprensa familiar fomenta mentiras,
distorce os fatos e manipula a verdade, como se ela o fosse manipulável.
Acontece é que a história não é escrita pelos escribas dos patrões do
sistema midiático cruzado e cartelizado.
A
história é estudada, pesquisada e escrita pelos historiadores. E ainda
bem, porque se um desavisado, alienado, despolitizado e ignaro chegasse
ao País agora e lesse essa imprensa empresarial de péssima qualidade
editorial pensaria que o Brasil acabou, quando, na verdade, melhorou,
porque os brasileiros, inclusive os coxinhas udenistas de classe média,
nunca tiveram acesso a tantos bens de consumo. Esta é a verdade, e, no
fundo, eles sabem disso. A questão é ideológica e de preconceito de
classe enraizada, profundamente, em certos setores da sociedade
brasileira de passado escravocrata.
Enquanto
isso, o Congresso de maioria conservadora, de forma legal, está prestes
a dar um golpe branco, porque a intenção é notoriamente golpista, já
que evitar que Dilma Rousseff nomeie juízes do STF, ao aumentar a idade
da aposentadoria compulsória de 70 para 75 anos, não é uma questão
relevante para o dia a dia da República, bem como para o capítulo da
Constituição, que dispõe sobre este assunto. Então, vamos à pergunta que
teima em não se calar: "Qual é o motivo de o corpo parlamentar elevar a
idade de juiz do STF para se aposentar?" Respondo: impedir que Dilma
Rousseff exerça plenamente seus direitos como a primeira mandatária do
Brasil.
A
direita teme que a presidenta nomeie juízes progressistas, legalistas,
constitucionalistas e que não sejam propensos a fazer política
indevidamente, como sempre fizeram alguns juízes politicamente e
ideologicamente conservadores, a exemplo de Gilmar Mendes, Joaquim
Barbosa, Celso de Mello, Luiz Fux e Marco Aurélio de Mello. Os juízes do
"domínio do fato", fato este que jamais foi utilizado contra os
políticos do PSDB, porque inimputáveis e blindados totalmente pelas
barras dos tribunais e pela imprensa comercial e privada dos magnatas
bilionários de todas as mídias cruzadas. É dose para leão.
A
PEC da Bengala tem o propósito de afrontar a presidenta Dilma Rousseff.
A matéria não é importante e muito menos urgente. A direita brasileira é
sorrateira e matreira, porque é capaz de até mexer na Constituição para
se locupletar e se beneficiar. Foi esta mesma direita que comprou
parlamentares para aprovar a reeleição de FHC — o Neoliberal I. Hoje, a
oposição demotucana quer o fim da reeleição, porque, evidentemente,
perderam as últimas quatro eleições.
Os
derrotados vivem nos tribunais a criminalizar o Governo Trabalhista e a
judicializar a política, porque perdem no voto popular. Trata-se da
direita da chicana, do terceiro turno e do ódio e do desprezo pelo
Brasil. A PEC da Bengala é um conluio entre o STF e o Congresso
conservadores. A democracia no Brasil se tornou de ocasião. É isso aí.
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