O PT, como se sabe, nasceu no calor
das greves de metalúrgicos do ABC, em 1980, quando o então operário Luiz
Inácio Lula da Silva liderava multidões nos comícios da Vila Euclides,
em São Bernardo do Campo (SP). Chegou ao poder em 2002 e representa a
mais bem-sucedida experiência de construção de um partido de massas, na
segunda metade do século XX. Desde então, o PT governa um país
continental e, hoje, acumula ainda cinco governos estaduais e mais de
700 prefeituras.
Segundo Pondé, no entanto, é hora de
voltar para o chão de fábrica, de onde o partido nunca deveria ter
saído. Afinal, trabalhador tem que obedecer. Operário não pode ser
patrão.
Esse lógica perversa permite que algumas perguntas sejam feitas ao filósofo:
1) será que os negros deveriam voltar para a senzala, de onde nunca deveriam ter saído?
2) será que as mulheres deveriam voltar para a cozinha, de onde nunca deveriam ter saído?
3) será que os gays deveriam voltar para o armário?
4) será que os palestinos deveriam aceitar a opressão imposta por Benjamin Netanyahu?
A ordem social expressa por Pondé é
avessa ao conceito de igualdade. Lembra até o pensamento da ex-colunista
Danuza Leão, que disse que Paris perdeu a graça depois que ela
descobriu que seu porteiro também podia visitar a cidade-luz (relembre
aqui o caso).
Aliás, mais uma pergunta: o porteiro de Danuza deveria voltar para a guarita, de onde nunca deveria ter saído?
Esse tipo de discurso, tão ou mais
do que o repúdio à corrupção, é o que alimenta a pregação do ódio a um
partido político. Como expressou o cientista político André Singer em
entrevista publicada neste fim de semana, há um fenômeno a ser estudado
no Brasil: a rejeição da elite ao povo brasileiro.
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