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05/04/2015
Janio: é hora de lutar contra entrega do pré-sal
Colunista Janio de Freitas, um dos mais
experientes nomes da imprensa brasileira, alerta: o Brasil poderá ter
que travar, novamente, uma batalha semelhante à da campanha 'o petróleo é
nosso'; "A pressão para que seja retirada da Petrobras a exclusividade
como operadora dos poços no pré-sal começa a aumentar e, em breve,
deverá ser muito forte", diz ele, citando o projeto apresentado pelo
senador José Serra (PSDB-SP), que, nos grampos do Wikileaks, fez essa
promessa à empresa americana Chevron; Janio, no entanto, aponta que o
jogo geopolítico é mais complexo; "se a Petrobras perde a confiança de
brasileiros, ganha a da China, que a meio da semana concedeu-lhe US$ 3,5
bilhões em empréstimo com as estimulantes condições do seu Banco de
Desenvolvimento"
247 - O
jornalista Janio de Freitas, um dos mais experientes nomes da imprensa
brasileira, denuncia uma campanha movida por interesses internos e
externos contra a Petrobras e defende uma nova batalha em defesa do
pré-sal, assim como ocorreu há 60 anos, na campanha 'o petróleo é
nosso'.
É o que ele faz no artigo 'De olho no óleo',
publicado neste domingo na Folha de S. Paulo. "A pressão para que seja
retirada da Petrobras a exclusividade como operadora dos poços no
pré-sal começa a aumentar e, em breve, deverá ser muito forte.
Interesses estrangeiros e brasileiros convergem nesse sentido, excitados
pela simultânea comprovação de êxito na exploração do pré-sal e
enfraquecimento da empresa, com perda de força política e de apoio
público. Mas o objetivo final da ofensiva é que a Petrobras deixe de ter
participação societária (mínima de 30%) nas concessionárias dos poços
por ela operados", afirma.
Janio cita a iniciativa do senador
José Serra (PSDB-SP), que já apresentou projeto contra a exclusividade
da Petrobras no pré-sal. "O senador José Serra já apresentou um projeto
para retirada da exclusividade operativa da Petrobras nos poços.
Justifica-o como meio de apressar a recuperação da empresa e de aumentar
a produção de petróleo do pré-sal, que, a seu ver, a estatal não tem
condições de fazer: 'Se a exploração ficar dependente da Petrobras, não
avançará'. A justificativa não se entende bem com a realidade
comprovada. Mas Serra invoca ainda a queda do preço internacional do
petróleo como fator dificultante para os custos e investimentos
necessários às operações e ao aumento da produção pela Petrobras.",
aponta Janio.
Serra enfrentará a resistência, no
Congresso, do senador Roberto Requião (PMDB-PR), que, em entrevista ao
247, classificou o projeto como "entreguismo total" (leia mais aqui).
Requião afirmou que pretende publicar, pela gráfica do Senado, todas as
informações sobre o Brasil já divulgadas pelo Wikileaks, o site de
vazamentos de informações confidenciais criado pelo australiado Julian
Assange.
"Estão ali todas as conversas do Serra com a Chevron, em que
ele promete abrir o pré-sal", avisa.
Tanto Janio quanto Requião usam o
mesmo argumento para contestar a tese de que a Petrobras teria perdido o
acesso aos mercados internacionais e, assim, teria de ceder o controle
do pré-sal a firmas estrangeiras, como a americana Chevron. "Se
a Petrobras perde a confiança de brasileiros, ganha a da China, que a
meio da semana concedeu-lhe US$ 3,5 bilhões em empréstimo com as
estimulantes condições do seu Banco de Desenvolvimento", diz Janio.
O jornalista lembra, ainda, que o
Plano Serra dificilmente teria o apoio dos militares, cuja tradição é
nacionalista – e não entreguista. "O
tema pré-sal suscita mais do que aparenta. As condições que reservaram
para a Petrobras posições privilegiadas não vieram só das fórmulas de
técnicos. Militares identificaram no pré-sal fatores estratégicos a
serem guarnecidos por limitações na concessão das jazidas e no domínio
de sua exploração. A concepção de plena autoridade sobre o pré-sal
levou, inclusive, ao caríssimo projeto da base que a Marinha constrói em
Itaguaí e à compra/construção do submarino nuclear e outros", afirma.
"Há 60 anos e alguns mais, 'O
Petróleo é Nosso' foi mais do que uma campanha, foi uma batalha. Olha aí
o século 20 de volta", conclui o jornalista.
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