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21/04/2015
Igor Fuser: 'A Globo é o principal agente da imbecilização da sociedade brasileira'
Diário Liberdade - Publicado em Terça, 21 Abril 2015 08:50
Brasil - Diário Liberdade
- A Rede Globo de Televisão está completando 50 anos de existência em
abril de 2015.
Este instrumento de manipulação da burguesia opera como o
principal agente da imbecilização da sociedade brasileira no plano
cultural, na opinião de Igor Fuser, jornalista e professor de Relações
Internacionais na Universidade Federal do ABC (UFABC).
Em depoimento para o Diário Liberdade, ele afirma que o papel da Globo "é sempre o de anestesiar as consciências, bloquear qualquer tipo de reflexão crítica".
Leia também: 'A Globo, quando quer, derruba seus inimigos'
Para acabar com esse monopólio da mídia, Fuser acredita que é preciso uma verdadeira democratização das comunicações no Brasil, que "passa, necessariamente, pela adoção de medidas contra a Rede Globo".
Confira a seguir o depoimento do jornalista e professor Igor Fuser, sobre o papel histórico da Globo, na política, na cultura e nas suas coberturas jornalísticas.
A Rede Globo é o aparelho ideológico mais
eficiente que as classes dominantes já construíram no Brasil desde o
início do século XX. Substitui perfeitamente a Igreja Católica como
instrumento de controle das mentes e do comportamento.
A Globo esteve ao lado de todos os
governos de direita, desde o regime militar – no qual se transformou no
gigante que é hoje – até Fernando Henrique Cardoso. Serviu caninamente à
ditadura, demonizando as forças de esquerda e endossando o discurso
ufanista do tipo "Brasil Ame-o ou Deixe-o" e as versões sabidamente
falsas sobre a morte de combatentes da resistência assassinados na
tortura e apresentados como caídos em tiroteios. Mais tarde, após o fim
da ditadura, alinhou-se no apoio à implantação do neoliberalismo,
apresentado como a única forma possível de organizar a economia e a
sociedade.
No plano cultural, é impossível medir o
imenso prejuízo causado pela Rede Globo, que opera como o principal
agente da imbecilização da sociedade brasileira. Começando pelas
novelas, seguindo pelos reality shows, pelos programas de auditório, o
papel da Globo é sempre o de anestesiar as consciências, bloquear
qualquer tipo de reflexão crítica.
A Globo impôs um português brasileiro
"standard", que anula o que as culturas regionais têm de mais importante
– o sotaque local, a maneira específica de falar de cada região.
Pratica ativamente o racismo, ao destinar aos personagens da raça negra
papéis secundários e subalternos nas novelas em que os heróis e heroínas
são sempre brancos. Os personagens brancos são os únicos que têm
personalidade própria, psicologia complexa, os únicos capazes de
despertar empatia dos telespectadores, enquanto os negros se limitam a
funções de apoio. Aliás, são os únicos que aparecem em cena trabalhando,
em qualquer novela, os únicos que se dedicam a labores manuais.
A postura racista da Globo não poupa nem
sequer as crianças, induzidas, há várias gerações, a valorizar a pele
branca e os cabelos loiros como o padrão superior de beleza, a partir de
programas como o da Xuxa.
O jornalismo da Globo contraria os padrões
básicos da ética, ao negar o direito ao contraditório.
Só a versão ou
ponto de vista do interesse da empresa é que é veiculado. Ocorre nos
programas jornalísticos da Globo a manipulação constante dos fatos. As
greves, por exemplo, são apresentadas sempre do ponto de vista dos
patrões, ou seja, como transtorno ou bagunça, sem que os trabalhadores
tenham direito à voz. Os movimentos sociais são caluniados e a violência
policial raramente aparece. Ao contrário, procura-se sempre disseminar
na sociedade um clima de medo, com uma abordagem exagerada e
sensacionalista das questões de segurança pública, a fim de favorecer as
falsas soluções de caráter violento e os atores políticos que as
defendem.
No plano da política, a Rede Globo tem
adotado perante os governos petistas uma conduta de sabotagem
permanente, omitindo todos os fatos que possam apresentar uma visão
positiva da administração federal, ao mesmo tempo em que as notícias de
corrupção são apresentadas, muitas vezes sem a sustentação em provas e
evidências, de forma escandalosa, em uma postura de constante
denuncismo.
A Globo pratica o monopólio dos meios de
comunicação, ao controlar simultaneamente as principais emissoras de TV e
rádio em todos os Estados brasileiros juntamente com uma rede de
jornais, revistas, emissoras de TV a cabo e portais na internet.
Uma verdadeira democratização das
comunicações no Brasil passa, necessariamente, pela adoção de medidas
contra a Rede Globo, para que o monopólio seja desmontado e que a sua
programação tenha de se submeter a critérios pautados pela ética
jornalística, pelo respeito aos direitos humanos e pelo interesse
público.
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