por Miguel do Rosário
Sempre que vejo um agente político assumir um risco e fazer uma jogada ousada, lembro do romance Kim, a obra-prima de Rudyard Kipling.
O livro conta a história de um garoto indiano que ingressa no serviço secreto do império britânico, que fazia, na época, uma guerra de espionagem contra o império russo, também interessado nas riquezas da Índia.
Essa guerra de espionagem ficou conhecida como o “Great Game”, o Grande Jogo.
O PT, nesta sexta-feira, fez um movimento ousado no tabuleiro político. Uma ação digna deste Grande Jogo político, que terá dois rounds: 2016 e 2018.
Em 2016, será difícil o PT evitar um declínio, mas se conseguir reduzir os danos, já está de bom tamanho. O desafio será reconstruir a imagem do partido para 2018. Um desafio e tanto, que passará inclusive pelo enfrentamento das conspirações judiciais que a direita já desencadeou contra o partido.
Nessa guerra pela imagem, a decisão do PT de não mais receber doações empresariais representará um divisor de águas.
A partir de agora, as estratégias de campanha terão de se voltar mais para o trabalho de base, do que para campanhas milionárias de publicidade.
As campanhas terão de ser mais políticas e menos marketeiras.
Com essa decisão, o PT, o maior partido brasileiro, com mais filiados, mais deputados, o que mais ganhou eleições presidenciais consecutivas, faz a roda da história girar mais rápido.
Houve gente que achou que o partido se precipitou, que foi ingênuo, que enfrentará uma concorrência desleal contra partidos que continuarão a receber financiamento empresarial.
Talvez.
É um movimento arriscado, daqueles em que você entrega um cavalo para comer uma torre daqui a algumas jogadas.
Mas só o fato do partido assumir riscos, o que requer coragem, já representa um alento enorme para os 54 milhões de eleitores que votaram na candidata do PT no ano passado.
O que o PT perderá em recursos financeiros, poderá ganhar em prestígio, votos e ética.
O PT, enfim, resolveu jogar.
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PT abre mão de financiamento empresarial
Decisão deverá ser referendada no Congresso Nacional do partido, em junho
Na Agência PT
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, declarou que o partido não receberá financiamento empresarial em suas campanhas políticas. A partir de agora, o financiamento acontecerá exclusivamente por meio de doações de pessoas físicas.
A afirmação foi dada em entrevista coletiva, nesta sexta-feira (17), após reunião do Diretório Nacional, em São Paulo. A decisão será submetida a referendo durante o 5º Congresso Nacional do PT, previsto para acontecer em junho, em Salvador (BA).
Segundo ele, o partido elabora um mecanismo transparente para receber as doações da sociedade. O objetivo é criar uma ferramenta eletrônica onde o cidadão possa colaborar financeiramente com o PT. Os valores das contribuições deverão variar entre R$ 15 e R$ 1 mil.
Essa experiência já foi realizada durante a última campanha, segundo a Secretária de Coordenações Regionais , Vívian Farias, quando a Juventude do PT fez um ensaio e o modelo foi aprovado.
“Parte do que foi arrecadado foi gasto exclusivamente para a campanha”, explicou.
Apesar dos membros da Executiva aprovarem o modelo, o projeto precisa ser aprovado durante o 5 Congresso Nacional do PT, que acontecerá entre o dias 11 e 14 de junho, em Salvador.
De acordo com o presidente do PT, Rui Falcao, os diretórios nacional, estaduais e municipais não receberão mais as doações.
“A decisão é um gesto do partido para lutar pela mudança na lei de doações”, disse Falcão.
Por Michelle Chiappa da Agência PT de Noticias.
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