segunda-feira, 27 de abril de 2015

Contraponto 16.582 - "André Singer: PMDB e PSDB se aliam para dar sequência ao desmonte da CLT iniciado por FHC"

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27/04/2015


André Singer: PMDB e PSDB se aliam para dar sequência ao desmonte da CLT iniciado por FHC



Viomundo - publicado em 26 de abril de 2015 às 15:56


Eduardo Cunha e FHC



O pivô

25/04/2015

por André Singer, na Folha de S. Paulo

Como se pode observar no quadro abaixo, o apoio ao projeto de lei 4.330

na Câmara dos Deputados quarta-feira passada foi o mesmo no PMDB e

 no PSDB.
Juntos, os dois derrotaram o PT. Os demais partidos, em graus variados,

se distribuíram entre esses polos.

O PP se alinhou ao bloco conservador.

O PDT e o PC do B marcharam contra a terceirização.

O PSB ficou em posição intermediária.



terceirização

Para chegar a tais resultados, computei os votos a favor do PL 4.330 em cada agremiação sobre o total de deputados votantes do partido. No caso do PMDB, considerei como favorável também o presidente da Casa, Eduardo Cunha, pelo empenho em aprovar a medida. Na prática, houve uma aliança entre peemedebistas e tucanos para dar sequência ao desmonte da CLT iniciado nos tempos de FHC, o qual foi brecado com a eleição de Lula em 2002.

O breque foi uma das razões pelas quais, nos debates sobre o caráter do lulismo, insisti que era errado chamá-lo de neoliberal. Talvez não tenha ocorrido, como assinalavam alguns, forte expansão de direitos, mas sem dúvida houve um stop na ofensiva desregulamentadora que o PSDB capitaneara. O paradoxo é que agora a precarização pode recomeçar sob o mesmo governo lulista. Como explicar tal virada?

Desde o fim de 2012, com as “101 propostas para modernização trabalhista” da Confederação Nacional da Indústria (CNI), cresceu a pressão empresarial para flexibilizar as regras que protegem o trabalhador. A crise econômica mundial e o ensaio desenvolvimentista de Dilma, ao que tudo indica, desmontaram a coalizão entre sindicatos e industriais herdada do período áureo do lulismo. Este foi o pano de fundo da eleição de 2014.

O PMDB da Câmara, dirigido por personagem frio e determinado, entendeu que, ao chamar Joaquim Levy para a Fazenda, Dilma adotou o programa do capital e tirou todas as consequências do fato. Mandou o PT para a oposição e, funcionando como pivô, juntou-se ao PSDB para completar a redução do custo da mão de obra que o desemprego, fruto da recessão programada por Mãos de Tesoura, promete.

Ainda existe o Senado e um possível veto da presidente para sabermos se o lulismo irá mesmo mudar de caráter. Quem viver verá.


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