Convocado pela Rede Globo, insuflado
pela manchete marota da Folha de S. Paulo e legitimado por aquelas PMs
que só baixam o cacete quando os manifestantes têm cheiro de povo, os
protestos deste domingo foram constrangedoramente minguados pela
expectativa de seus organizadores-negociantes.
Ficou claro que muita gente que foi à
manifestação anterior, do 15 de março, movida por um sentimento até que
sincero de revolta e de esperança, tratou de debandar.
Quem estava lá, desta vez, eram os
convictamente antidemocráticos – os lambe-botas dos militares – e os
tolinhos desinformados, fora os coxinhas do selfie, loucos para
extravasar em qualquer evento público, seja velório ou show de rock, o
seu despolitizado exibicionismo.
A mídia da oligarquia, do
privilegio, abriu as câmeras e as páginas parta tentar reanimar o
cadáver do impeachment. Acordou cedo no domingo. Mobilizou helicópteros
estridentes. Torceu e distorceu.
A Globo quer o impeachment, a Folha
também (não cito o Estadão porque, como se sabe, o Estadão faleceu, que
descanse em paz). Mas fica difícil convencer o país a tirar a Dilma para
botar no lugar um vice – e é a Datafolha quem tem de admitir, ainda que
contrariadíssima – o qual ninguém conhece.
Os antidemocratas e os patetas com
certeza voltarão às ruas, incentivados pela mídia dos fariseus e
acobertados pelos policiais que, nas outras horas, agridem os
verdadeiros revoltosos, os que genuinamente têm sede de justiça.
Mas que o golpe ficou mais difícil, isso ficou.
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