sexta-feira, 31 de julho de 2015

Contraponto 17.366 - "Serra e a entrega do pré-sal, por Pedro Celestino"


31/07/2015


Serra e a entrega do pré-sal, por Pedro Celestino


Tijolaço - 31 de julho de 2015 | 12:53 Autor: Fernando Brito

serracelestino




Pedro Celestino, candidato de consenso à Presidência do Clube de Engenharia, sintetiza, com clareza e didatismo, as contradições e erros do projeto do Senador José Serra que retira da Petrobras a condição de operadora única e a propriedade de, no mínimo, 30% das jazidas  de petróleo do pré-sal:

“Cabe registrar a disposição do nobre senador José Serra de, finalmente, oferecer à opinião pública as razões que o fizeram apresentar o PL 131, que retira a obrigatoriedade de a Petrobras ser a operadora única dos campos do pré-sal. O debate de idéias em termos elevados é intrínseco à democracia. É pena, entretanto, que tal disposição só tenha se manifestado após 46 senadores terem rejeitado o pedido de urgência para a tramitação do seu projeto; caso o houvessem aprovado, a deliberação sobre assunto de vital interesse para o país seria tomada sem discussão. É que o senador considera o petróleo uma “commodity”, e não um insumo estratégico para o Brasil. Não vê, ou não quer ver, que o controle do petróleo é, e continuará a ser nas próximas décadas, o pano de fundo dos principais conflitos geopolíticos mundiais.

Considere-se, por exemplo, o cenário antevisto pela AIE – Agência Internacional de Energia, que prevê que:

a) a produção mundial de petróleo continuará a crescer, passando dos atuais 85 milhões de barris/dia para quase 100 milhões de barris/dia em 2035;

b) os campos produtores atuais atingiram seu pico de produção (65 milhões de barris/dia) em 2007/2008, entrando em declínio desde a partir daí;

c) em 2035 cerca de 38 milhões de barris/dia serão produzidos por campos já descobertos, (mas não em produção) por campos novos a serem descobertos.

Resultado deste cenário: a ampliação do estoque de reservas para futura produção de petróleo continuará a ser o principal objetivo das petrolíferas privadas mundiais (Shell, Exxon, Chevron, BP e Total). E quando se fala de petróleo, área em que os projetos são de longa maturação, pois envolvem largo espectro de riscos e incertezas, assenhorear-se de áreas já descobertas, em que tais imprevisibilidades sejam minimizadas, torna-se objetivo prioritário dessas empresas. Não foi outro o motivo que levou recentemente a Shell a comprar a BG. Segundo o seu presidente a Shell, ao adquirir a BG, aumentará nos próximos 5 anos a produção de petróleo no Brasil, dos atuais 100 mil barris/dia para 500 mil barris/dia. Com isso, 20% da sua produção mundial sairá do Brasil.

No planeta, nos últimos 30 anos, a maior descoberta de petróleo foi a do pré-sal brasileiro, com reservatórios a exibir níveis de produtividade incomuns (poços que produzem mais de 20 mil barris/dia), com baixo custo de extração (US$ 9,00/barril, segundo a Petrobrás). Esta é a razão do desesperado interesse das petrolíferas privadas mundiais no nosso pré-sal.

Qualquer empresa petrolífera preocupa-se simultaneamente com o aumento da produção e o aumento das reservas. Se é a produção que sustenta financeiramente a empresa, são as reservas que propiciam o lastro econômico que, por sua vez, promove a sustentabilidade do seu futuro. A produção dos campos produtores decai em média 10% ao ano e as reservas se esgotam rapidamente, por isso a atividade de exploração e produção (E&P) é tão frenética na busca de novas reservas.

No Brasil, após a quebra do monopólio estatal do petróleo em 1997, a estratégia das petrolíferas privadas mundiais foi a de aguardar os resultados dos esforços exploratórios – como se sabe, carregados de riscos e incertezas – da Petrobrás, para aí sim, sem risco exploratório algum, adquirir as áreas promissoras, em leilões promovidos pela ANP, agência cada vez mais capturada por interesses privados. Basta dizer que sua diretora-geral defende a revisão da Lei da Partilha. Não por acaso, a ANP é tão cara ao senador Serra, desde o tempo de David Zylberstajn, o competente genro de FHC.

O modelo de partilha foi adotado para assegurar ao país ganhos maiores, em áreas de risco exploratório muito baixo, como é o caso do pré-sal. Ao propor que a Petrobrás deixe de ser a operadora única do pré-sal, o senador Serra presta um serviço às petrolíferas privadas mundiais. É da entrega do nosso petróleo, é disto que se trata, o que não é novidade. Basta recordar o que ocorreu após a quebra do monopólio da Petrobrás. Para atrair as empresas estrangeiras, determinou-se irresponsavelmente à Petrobrás reduzir a aquisição de blocos para explorar, descobrir e produzir petróleo nas rodadas I, II, III e IV (esta em 2002). Se essa diretriz não fosse revertida a partir de 2003 com a retomada da aquisição de blocos nas rodadas seguintes, a partir de 2008 a Petrobrás não teria mais onde explorar em território brasileiro, comprometendo o seu futuro como empresa petrolífera.

O aumento constante das reservas e da produção a partir de 2003 decorreu da forte retomada dos investimentos em E&P e da decisão de abandonar a política de concentração dos investimentos na Bacia de Campos, com grande produção, mas com declínio de produção já à vista (sucediam-se os poços exploratórios secos perfurados). Essa inflexão permitiu que as sondas fossem espalhadas pelas bacias do Espírito Santo, Santos e Sergipe, que propiciaram, a partir de 2003, as grandes descobertas e o crescimento efetivo das reservas e da produção, processo que culminou com a descoberta do pré-sal em 2006. É bom lembrar que essas bacias tinham sido praticamente abandonadas nos anos anteriores, para permitir a entrada das empresas estrangeiras. Se a Petrobrás continuasse concentrada na Bacia de Campos – a empresa abandonara investimentos em áreas novas – aí sim, teria sido transformada em uma empresa petrolífera sem qualquer sustentabilidade financeira, a curto prazo, e econômica, a longo prazo.

O aumento da produção foi extraordinário a partir de 2003. Extraordinária também foi a elevação das reservas. Apesar dos desmandos, a Petrobras passou a ser a melhor, a mais eficaz e, economicamente, a mais sustentável a longo prazo das grandes empresas petrolíferas mundiais. Definitivamente não está, como diz o senador Serra, “quase arruinada”.

O senador Serra critica o endividamento da Petrobrás, segundo ele quase 6 vezes maior que o endividamento médio das petrolíferas. Para não questionar números, pois caberia arguir a que universo de empresas corresponderia a média por ele citada, basta dizer que há petrolíferas de inúmeros tipos, tamanhos/dimensões e missões/objetivos empresariais. As estatais do Oriente Médio, por exemplo, têm endividamento baixíssimo, pois produzem em campos terrestres, de geologia bem conhecida; já as petrolíferas privadas mundiais têm reservas e produção cadentes há anos, o que em contrapartida lhes permitiu acumular recursos financeiros para adquirir reservas mundo a fora, o que lhes seria permitido aqui, caso o projeto do senador Serra fosse aprovado. Nenhuma delas é como a Petrobrás, detentora de reservas totais de petróleo crescentes, que beiram os 30 bilhões de barris, que conta com um corpo técnico reconhecido como entre os melhores e mais bem capacitados – senão o melhor – dentre todas as petrolíferas, que detém tecnologia integral para não só produzir suas reservas de petróleo, como para avançar continuamente no domínio tecnológico, e que apresenta a mais segura e eficaz competência operacional do mundo para produzir em águas ultra profundas, como as do pré-sal, com total segurança paras as pessoas e para o meio ambiente. O mau uso da estatística pelo senador Serra traz à lembrança o falecido Roberto Campos, que acertadamente dizia que a estatística mostra o supérfluo e esconde o essencial.

O senador Serra, para justificar a entrega do petróleo do pré-sal às petrolíferas privadas mundiais, alega que, entre a quebra do monopólio estatal em 1997 e 2010, sob o regime de concessão, a produção de petróleo da Petrobrás passou de 800 mil barris/dia para 2 milhões de barris/dia, enquanto que, sob o regime de partilha, teve um “aumento pífio de 18%”. Aqui está a justificativa, ainda velada, para o abandono do regime de partilha, iniciado pelo seu projeto. O argumento do senador não se sustenta: o aumento da produção de petróleo da Petrobras até 2010 decorreu, essencialmente, da produção de descobertas anteriores à quebra do monopólio, pois a produção das descobertas posteriores só começou a se fazer sentir a partir de 2005-2006; nada, porém, se compara à extraordinária curva de crescimento da produção de petróleo no pré-sal, que aumenta mês a mês desde 2013, quando lá se iniciou a produção, à taxa de 5% a.m., chegando hoje à casa dos 800 mil barris/dia. Esta é a razão da tentativa, patrocinada pelo senador Serra, de entregar o nosso petróleo às petrolíferas privadas mundiais.

O senador Serra critica a Petrobrás pelo “controle oportunista de preços” e pelos “projetos aloprados de refinarias”, que teriam quase arruinado a empresa.
Quanto ao “controle oportunista de preços”, labora em erro o senador Serra. Administrar o preço na porta da refinaria é do interesse do cidadão brasileiro – em ultima análise, o acionista controlador da Petrobrás – e cumpre função social de extrema importância, a do controle do custo de vida. Os acionistas estrangeiros, introduzidos na Petrobrás após a quebra do monopólio, é que não concordam com isso, exigem o alinhamento dos preços dos produtos da Petrobrás aos preços internacionais. A quem serve o senador Serra ao defender essa opinião? Certamente, não aos interesses nacionais.

Quanto aos “projetos aloprados de refinarias”, tanto o COMPERJ no Rio de Janeiro, como a RENEST em Pernambuco são tecnicamente justificados, pois agregam valor ao petróleo aqui produzido, e tornam o país auto-suficiente neste insumo. Na verdade, a posição do senador é coerente com a do governo FHC, do qual foi uma das principais lideranças: buscou-se, então, desinvestir em refino (alienou-se ⅓ da REFAP à YPF e preparou-se a venda da REDUC, suspensa em 2003), para tornar o país dependente da importação de derivados. As beneficiárias da canibalização da Petrobrás seriam, é claro, as petrolíferas privadas mundiais.

Finalmente, o senador Serra comenta algumas decisões da atual diretoria da Petrobrás, em princípio alinhadas às suas ideias.

Propõe-se a venda de ativos de produção, solução simplista que suprimirá da Petrobrás justamente a origem dos recursos que, no futuro, garantirão o rolamento das suas dívidas e a sustentabilidade a longo prazo da saúde financeira da empresa. As medidas anunciadas são, na verdade, uma solução obtusa, que beira o suicídio empresarial, em favor de interesses das petrolíferas privadas mundiais, tão caras ao senador Serra.”

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Contraponto 17.365 - "Dobro minhas apostas, Cunha acabou"

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31/07/2015

Dobro minhas apostas, Cunha acabou


Blog do Renato Rovai - julho 31, 2015 17:58



cunha


Por Renato Rovai


Quando a delação premiada de Júlio Camargo explodiu no colo do presidente da Câmara este blogueiro escreveu que Eduardo Cunha havia acabado.

Muita gente achou um exagero. Faz parte do jogo.

Em análise política é tão fácil errar quanto acertar. E mesmo quem acompanha o dia a dia da política também come bola.


Mas este blogueiro continua convencido de sua tese.

Cunha acabou e desde ontem há pelo menos mais três indícios fortes do esvaziamento de poder do presidente da Câmara.

Ontem Dilma conseguiu se reunir e ser fotografada com 26 dos 27 governadores. Essa foto pode não valer nada para resolver o problema da economia e tão pouco de sua popularidade, mas certamente foi um recado claro que de ela terá capacidade para negociar com os chefes dos executivos estaduais votações no Congresso. Se Cunha estivesse com a bola toda, provavelmente Dilma não conseguiria realizar essa reunião com tanta facilidade. Haveria mais resistência.

Ao mesmo tempo, ainda ontem, a advogada Beatriz Catta Petra, que conduziu nove das 17 delações, atribuiu de forma praticamente direta sua saída dos processos a Cunha. E garantiu que seu cliente anexou provas que comprovariam a entrega dos 5 milhões de dólares a Cunha.

Pra completar, hoje, como quem não quer nada, o vice-presidente da República, Michel Temer, criticou os peemedebistas radicais. E os acusou de jogarem contra o país. Sobre quem você acha que ele estava falando?

Mas além desses três episódios, Fernando Henrique ainda disse hoje que Dilma é honrada e que não acredita que ela esteja envolvida em corrupção.

Cunha ainda vai pairar pela Câmara como uma assombração, mas seus dias estão contados.
Ele agora tem que cuidar é da sua pele. Porque o resto, amigos, já era.
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Contraponto 17.364 - "Por um PGR que respeite o Ministério Público"

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31/07/2015

Por um PGR que respeite o Ministério Público






Conhece-se o verdadeiro comandante pela capacidade de insurgir-se contra ações irracionais da tropa e chamá-la à razão. Essa coragem torna-se especialmente relevante quando o comandante é escolhido em eleição direta pela tropa.

É o caso da eleição para Procurador Geral da República. Voltar-se contra os movimentos de manada - que ele, comandante, percebe como nocivos à corporação - exige coragem, desprendimento e grandeza.

Digo isso a respeito dos debates para a eleição do PGR.
Há quatro nomes de alto nível - o atual PGR Rodrigo Janot, e os subprocuradores-gerais da República Carlos Frederico Santos, Mario Bonsaglia e Raquel Dodge.

De nome, trabalho e reputação, conheço Janot, Bonsaglia e Raquel. Mas, pelo discurso de campanha, diria que aquele que devota mais respeito ao Ministério Público é Carlos Frederico.

Dos quatro, foi o único que teve coragem de abordar um tema tabu - a Lava Jato - e apontar seus exageros, definindo como deveria ser sua condução: rapidez nos procedimentos, para não impactar tanto a política e a economia, e fim do show midiático.

***

Recentemente, Carlos Frederico foi acusado pelo Estadão de ser um braço auxiliar de Eduardo Cunha, por ter trabalho com o ex-procurador Antonio Fernando de Souza, que tornou-se advogado de Cunha.  Principal emulador do estilo Veja de jornalismo, o mesmo Estadão havia assacado baixarias semelhantes contra o atual presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) Marcus Vinicius, quando se candidatou ao cargo.

O fato objetivo é que a demora da Lava Jato paralisou o país e o show midiático colocou à mostra exibições de musculatura e ego incompatíveis com a responsabilidade institucional do órgão. Rapidez e discrição são pressupostos de profissionalismo, o oposto de exibicionismo. E em nada atrapalham a busca da justiça.

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A parceria da Lava Jato com a Veja está fornecendo munição para uma revista que recorre a chantagens e que se transformou, nos últimos anos, na principal adversária das iniciativas do próprio MPF na área de direitos sociais.

A falsa denúncia de Veja contra Romário - acusando-o de ter uma conta milionária em um banco no exterior - foi claramente um jogo para blindar a quadrilha que tomou conta do futebol brasileiro. A informação falsa foi atribuída a um procurador. E não se duvide disso.

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Não se vá exigir dos procuradores da Lava Jato discernimento para entender os desdobramentos dessa aliança espúria.  A responsabilidade direta e intransferível é do PGR Janot. Ele assegurou a blindagem para os procuradores da Lava Jato se valerem de todas as armas legais e ilegais - como vazar de forma seletiva depoimentos sigilosos, espetacularizando indícios, suspeitas ou meros factoides, expondo mensagens íntimas de familiares de prisioneiros.

Os procuradores tornaram-se os principais alimentadores do jornalismo de esgoto que contaminou a imprensa brasileira.

O futuro cobrará um preço alto da corporação, seja quem for o presidente ou partido político que estiver no poder.


Daí que se alguém de bom senso indagar quem, entre os quatro candidatos, maior respeito têm pelo MPF, maior preocupação com o futuro da instituição, diria que é Carlos Frederico - mesmo sem conhecer mais nada do seu perfil.

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Contraponto 17.363 - "O ataque a Lula: o ódio das bombas foi precedido pelo ódio das palavras em revistas e blogs"

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31/07/2015


O ataque a Lula: o ódio das bombas foi precedido pelo ódio das palavras em revistas e blogs


Do Escrevinhador - julho 31, 2015 13:21 Atualizado

Lula não está sozinho: não brinquem com a democracia.
Lula não está sozinho: não brinquem com a democracia.

por Rodrigo Vianna

Na história da humanidade foi sempre assim: o ódio das bombas é precedido pelo ódio das palavras.

O Instituto Lula, em São Paulo, acaba de ser atacado por uma bomba caseira, lançada durante a noite. Percebam a gravidade da situação. Imaginem um Instituto Clinton, ou Instituto Chirac, ou ainda o Instituto FHC atacado de forma violenta. Um escândalo. Um ataque à democracia.

No entanto, é preciso colocar o guizo no gato: a bomba demente foi precedida pelo ódio disseminado há anos e anos, por blogueiros, colunistas e revistas que se transformaram em panfletos do ódio e da mentira.

A polícia precisa dizer quem lançou a bomba no prédio, no bairro do Ipiranga. Não sabemos a identidade do criminoso. Mas sabemos bem quem disseminou o ódio que produziu o demente do Ipiranga. São as pessoas sentadas atrás dos teclados, em redações, bem pagas para propagar um clima de confronto e de extermínio de toda uma comunidade política.

Você não precisa gostar do Lula e do PT para entender que algo está errado. Estamos em meio a uma escalada autoritária. Que pode virar, sim, um surto fascista


A escalada autoritária: querem exterminar todo um campo político
.A escalada autoritária: querem exterminar todo um campo político

O demente que lançou a bomba contra Instituto Lula foi precedido por colunistas, blogueiros e pelo bando de dementes que – nas redes e nas ruas – espalham o ódio, tratam os adversários como “facção criminosa” e  alinham-se com o que o mundo produziu de pior no século XX: o fascismo.

Nas manifestações de março de 2015, alguns jovens kataguris chegaram a pedir abertamente que o PT seja cassado, proscrito, proibido. Claro, a lógica é essa: se do outro lado estamos lidando com “uma quadrilha” (como dizem parlamentares tucanos, como o tresloucado Carlos Sampaio), não é mais preciso disputar politicamente. A lógica é destruir o adversário, apagá-lo, exterminá-lo.

O ataque ao Instituto Lula é terrível. Mas deve servir para trazer os tucanos e conservadores mais lúcidos á razão. É preciso frear essa escalada que os serras ajudaram a criar, insuflando blogueiros e jornalistas de longa carreira a disseminar o ódio nas redes sociais.

Pronto, chegamos até aqui. O ódio deu as caras definitivamente.

É preciso dizer: os democratas, a turma da esquerda, dos sindicatos, universidades e organizações populares não vai assistir a isso impassível. Se insistirem na tática do ódio, vai sobrar pra todo mundo.

É preciso isolar a direita fanática, é preciso trazer os centristas para o combate em defesa da democracia.

Colunistas e blogueiros dementes, ligados à revista da marginal e a organizações de comunicação que floresceram na ditadura, produziram gente suficientemente demente para lançar bombas de madrugada.
Chegamos até aqui. Agora está na hora de traçar uma linha no chão.

Quem está do lado de cá vai se defender. Prioritariamente, com palavras, com argumentos e política.
Mas, se preciso, também com atos e capacidade de luta.

Não brinquem com a democracia no Brasil!
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Contraponto 17.362 - "Ódio ao ex-presidente Lula já inspira terrorismo"

Contraponto 17.361 - "O atentado terrorista contra o Instituto Lula é filho da permissividade com que manifestações de ódio vem sendo tratadas no Brasil. Por Paulo Nogueira"


31/07/2015


O atentado terrorista contra o Instituto Lula é filho da permissividade com que manifestações de ódio vem sendo tratadas no Brasil. Por Paulo Nogueira





Marcello Reis, do Revoltados Online, é um dos propagadores do ódio e da violência
Marcello Reis, do Revoltados Online, é um dos propagadores do ódio e da violência
Paulo NogueiraO atentado terrorista contra o Instituto Lula é filho da permissividade com que manifestações de ódio vem sendo tratadas no Brasil.

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A impunidade leva a novos degraus.

Primeiro você xinga, calunia, massacra nas redes sociais. Depois, começa a jogar bombas.

O Brasil tem que adotar uma política de tolerância zero com o ódio.

Em Nova York, nos anos 1990, o então prefeito Michael Bloomberg revolucionou o combate à criminalidade com a adoção da tolerância zero.

O sujeito que fazia xixi em área pública, se não coibido, depois estava cometendo pequenos furtos, e depois sabe-se lá o que ele faria.

O papel da extrema direita na disseminação do ódio impune, em geral pela mídia, é central.
Veja o que algumas pessoas falaram a respeito do atentado.

No Twitter, Danilo Gentili escreveu que Lula forjou o ataque, e que o máximo que ele conseguiu foi as pessoas lamentarem que ele não estivesse lá na hora.

Piada?

Na verdade, crime. Gentili acha que pode fazer uma acusação grave dessas sem nenhuma consequência.

E não dá para culpá-lo. Ele foi processado por racismo por um negro depois de mandá-lo comer bananas.

O juiz disse que não havia ofensa.

Felipe Moura Brasil, blogueiro da Veja que ultrapassou qualquer limite da sanidade, também disse que Lula inventou a bomba.

“A melhor defesa para o PT é se atacar”, escreveu ele no Twitter.

Lobão fez o que se espera de Lobão.

Numa sociedade civilizada, você não pode fazer uma acusação tão grave, e com tamanha dose de ódio irracional, e não responder por isso criminalmente.

Mas é o que acontece no Brasil de hoje.

A Justiça é o que é, mas mesmo assim os promotores do ódio e os assassinos de reputação têm que ser processados.

No mínimo, eles enfrentarão aborrecimentos. E terão que arcar com despesas de advogados.
O que não pode acontecer é nada.

Neste sentido, Lula merece aplausos por decidir processar o diretor de redação da Veja e os repórteres que assinaram a matéria sobre a delação que não existiu.

Romário deveria fazer o mesmo.

Talvez a perspectiva de um passivo jurídico elevado leve as empresas jornalísticas a refrear seus aloprados.

O Brasil não haverá de ser para sempre a terra do valetudo jornalístico. Uma hora a opinião pública exigirá penas duras para assassinos de reputação homiziados na mídia.

Aconteceu em países avançados, e acontecerá também no Brasil.

Agora mesmo, nestes dias, a revista americana Rolling Stone enfrenta uma ação de indenização de 7,5 milhões de dólares por haver relatado um estupro numa universidade com uma série de erros factuais.

No plano das coisas previsíveis, até o momento em que escrevo não aparecera nenhuma manifestação de solidariedade a Lula de FHC, de Aécio e do PSDB.

Mas o que importa agora é reprimir os agentes do ódio. Tolerância zero com eles.

Ou o Brasil acaba com o ódio ou o ódio acaba com o Brasil.

É tempo de fazermos a escolha.

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Sobre o Autor

Paulo Nogueira
é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

Contraponto 17.360 - "Nunca há fontes, provas, documentos. Nunca há nada."

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31/07/2015


Nunca há fontes, provas, documentos. Nunca há nada.




A agenda do sangramento de Dilma

Por Fernando Castilho no Blog Análise e Opinião

Maria Fernanda Arruda em seu ótimo e esclarecedor texto de 24 de julho no Correio do Brasil Correio do Brasil, mostra-nos o que os jornalistas da grande mídia escondem: caso o TCU condene Dilma Rousseff no caso das pedaladas fiscais, o caso irá para a Câmara dos Deputados, onde será necessária maioria absoluta, ou seja, 2/3 dos votos dos parlamentares para que a presidenta seja cassada. Impraticável.

O senador Aloysio Nunes, talvez em ato falho (está se tornando comum entre os tucanos, não?), entregou qual é a estratégia de seu partido, ou seja, sangrar a presidenta até 2018.
Portanto, vamos esquecer impeachment, cassação ou outro mecanismo legal que ponha fim ao seu governo.

Na visão deste blogueiro, o TCU vai ainda ocupar manchetes de jornais, dando visibilidade ao seu presidente, Aroldo Cedraz e cumprindo a agenda do sangramento. É muito útil neste momento em que é preciso manter a expectativa da população que deseja o impeachment num crescendo.

Mas não fiquemos surpresos se as pedaladas forem aprovadas. O desgaste da oposição com sua mais que certa derrota (e vitória de Dilma) ao não conseguir os 2/3 na Câmara, terá que ser evitado a qualquer custo. Aécio e Aloysio sabem disso.

As contas de campanha, como também bem lembrou a articulista, já foram aprovadas pelo TSE, portanto, tudo que se falar sobre possível impeachment por doações de empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato (que também doaram a Aécio), será apenas para vender jornais àqueles que gostam de viver suas fantasias golpistas.

Ou seja, pelas vias legais não tem como, pois a presidenta não é desonesta e até a oposição reconhece isso, vamos combinar. Mas, então Dilma pode dormir tranquila? Não haverá golpe?

Estamos falando da estratégia da oposição e não dos sonhos da direita e extrema direita, hoje claramente encarnados na grande mídia que precisa urgentemente de salvação.

Explico: todos os jornais impressos e editoras das principais revistas semanais estão em péssima situação financeira. O Estadão está a venda há muito tempo, a Folha vê sua tiragem encolher a cada ano e a editora Abril já está pedindo recuperação judicial.

Há tempos que a mídia sonha com dinheiro do BNDES para sua salvação, sempre negado por Lula e por Dilma. Uma sacolejada na atual situação poderia ser sua tábua neste mar desfavorável para elas.

Além disso, como foi Dilma que começou esta história de investigar e prender corruptos, há quem certamente precise que tudo volta a ser como antes. Tem gente que respira, come e bebe corrupção e neste governo não está tendo vez. Imaginem a Polícia Federal e o Ministério Público atrelados novamente ao governo. Seria o adeus à Lava Jato, Operação Zelotes e à investigação do escândalo HSBC, que tanto agradaria a Globo, a políticos e grandes empresários.

Outra coisa: Dilma é um empecilho para aqueles que querem ganhar dinheiro às custas do Brasil. Para aqueles que querem vender bem barato o pré-sal para os americanos. Para aqueles que querem continuar a privatizar para faturar. Para aqueles que querem sucatear a Petrobras para depois fazerem uma venda bem barata e encherem seus cofres.

É por isso que são todos contra Dilma.

O golpe, se viesse, não seria paraguaio, seria truculento, ao arrepio da Lei.

Porém, se Dilma fosse defenestrada ilegalmente, podemos estar certos de que haveria convulsão social, o que não interessa ao mercado e aos setores conservadores, ainda mais num momento delicado da economia. Os prejuízos seriam enormes.

Bem, então Dilma continua? Continua.

E quanto à Lula?

Lula estava quietinho. A mídia quase se esquecia dele.

Mas o sapo barbudo colocou a cabecinha para fora ao insinuar que poderia ser candidato à presidência em 2018.

Pronto, agora é preciso cortar sua cabeça.

O que representa para a plutocracia a candidatura de Lula em 2018?

O homem ainda é praticamente imbatível, não só por ter sido o melhor presidente que o Brasil já teve (as pesquisas indicam isso), mas também porque a oposição não tem ninguém que possa competir com ele.

Aécio tem falado e feito muitas bobagens, além de estar envolvido na Lava Jato.

Serra, apesar da tarja preta, foi desmascarado como também citado no mesmo esquema.

Alckmin governa num mundo de faz de conta. Faz de conta que não há racionamento de água, faz de conta que não há violência policial, faz de conta que deu aumento para os professores e que não havia greve, etc..

Se Lula vencer, serão, para desespero dos setores conservadores, 20 anos de PT, com direito a mais 4, caso tente a reeleição...

É por isso que vemos diariamente o desespero da mídia tentando de qualquer forma criminalizar Lula em toda e qualquer oportunidade. Vai que uma dá certo...

A Veja desta semana, cumprindo essa agenda, bem que tentou de novo anunciar a prisão do ex-presidente, amparada em...nada.

Nunca há fontes, provas, documentos. Nunca há nada.

Lula acaba de discursar dizendo-se de saco cheio com os ataques à Dilma. Não é só com os ataques à presidenta que ele está inconformado.

Não temos certeza de que o homem dispute realmente as eleições, afinal, ele já estará com 73 anos e vindo de uma dura luta contra um câncer.

Mas do jeito que as coisas vão, o monstro político está sendo muito cutucado com vara curta. Se emergir, estará ferido, portanto, com muita adrenalina e gana de vencer.

O melhor indicativo de sua volta à luta será quando começar a congregar as massas, a viajar pelo país e a se fazer no meio dos movimentos sociais, o que certamente será fator importante em re-unir o PT, dar novo oxigênio às lideranças já combalidas, agregar outras forças de esquerda em torno de um novo projeto que combata o crescimento da direita e a fascistização de certos setores da sociedade.

E Lula segue malhando...

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Contraponto 17.359 - "Dilma fecha com 26 governadores e enterra o golpe"


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31/07/2015


Dilma fecha com 26 governadores e enterra o golpe


fotogovernadores





A semana termina com um golaço da presidenta.

O golpe do impeachment agora ficou bem mais difícil.

Dilma se reuniu com 26 governadores, mais o representante do Distrito Federal, para combinar políticas públicas comuns a todos.

A ninguém interessa uma convulsão social que um impeachment causaria.

Um impeachment pelos motivos que a extrema direita midiática apresentou é golpe.

A situação política permanece instável, claro.

Semana que vem o golpe pode voltar. A Lava Jato está aí. Moro acaba de prender o maior ícone da tecnologia nuclear do Brasil, assim, na maior cara de pau, decretando "prisão preventiva".

Amanhã é sexta-feira, a conspiração golpista deve apresentar algum novo capítulo de sua trama.

Mas, repetindo, esse encontro de Dilma com os governadores dificulta um processo de ruptura política, porque mostra uma reação da federação contra a conspiração.

Os governadores não querem golpe. Não querem impeachment. Até porque a banalização do processo de impeachment pode derrubá-los a todos.

Se derrubarem Dilma, por que não derrubar Pezão (RJ), Beto Richa (PR), Pimentel (MG), e por aí vai, num efeito dominó que devastaria a economia brasileira?

O Brasil inteiro ficaria nas mãos de procuradores e juízes, que, me perdoem, não podem dar lição de moral a ninguém. MP e Judiciário são tão ou mais corruptos como quaisquer outras instituições, com um agravante, seus membros são inimputáveis e vitalícios.

O pode do povo se manifesta no voto e por isso deve ser respeitado de maneira muito profunda pela democracia.

Quem ganhou, ganhou. Pode ser mau governador, pode ser mau presidente. Quando chegar a outra eleição, o povo tira.

Mas tem que ser o povo, e através de um processo eleitoral, e não o povo manipulado, convocado às ruas por uma mídia golpista, interessada no caos e financiada sabe-se lá porque forças estranhas ao interesse nacional.



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Dilma propõe pacto de cooperação federativa a governadores

“A economia brasileira é mais forte, sólida e resiliente do que era há alguns anos, quando enfrentou crises similares”, afirmou a presidenta, em encontro com governadores de 26 estados e do Distrito Federal

A presidenta Dilma Rousseff reuniu-se nesta quinta-feira (30) com representantes do governo de 26 estados e do Distrito Federal na sede do Palácio da Alvorada. Entre os temas discutidos no encontro, que contou com a presença de ministros de Estado, projetos em infraestrutura de transportes, educação, saúde e segurança pública.

Em discurso na abertura da reunião, Dilma propôs o estabelecimento de um pacto de cooperação federativa entre governo federal e estados. “O bom caminho é o da cooperação, que é a maior tecnologia já inventada pelo ser humano”, afirmou Dilma Rousseff.

Segundo a presidenta, o esforço conjunto é importante no momento em que o País passa por um ajuste fiscal e se prepara para uma nova etapa de crescimento econômico. “Estamos vivendo um período de transição para um novo ciclo de expansão que vai ser puxado pelo investimento e o aumento da produtividade”, disse.

Dilma observou que o Brasil reúne as condições para crescer com preços baixos, pleno emprego e saúde e educação de qualidade. “A economia brasileira é mais forte, sólida e resiliente do que era há alguns anos, quando enfrentou crises similares.”

Ainda de acordo com a presidenta, o governo pretende definir com os governadores uma carteira de projetos em infraestrutura e logística no período entre 2015 e 2018. “O que nós queremos agora é que essa carteira seja estruturada porque sabemos que investimentos levam tempo para maturar”. Ela afirmou que alguns estados já apresentaram projetos para o setor.

A importância da reforma do Imposto sobre Comercialização de Mercadorias e Serviços também foi destacada pela presidenta Dilma em sua intervenção. Para Dilma, o imposto é parte de um contexto microeconômico mas tem consequências “macroeconômicas”, como a criação de novos postos de trabalho.

Segurança Pública

A reforma do Imposto sobre Comercialização de Mercadorias e Serviços também foi destacada pela presidenta Dilma em seu discurso. Para Dilma, o imposto é parte de um contexto microeconômico, mas tem consequências “macroeconômicas”, como a criação de novos postos de trabalho.

Durante a reunião, o ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, fez uma apresentação sobre a situação da segurança pública no Brasil. O governo federal propôs um pacto nacional contra a violência, com foco na redução de homicídios dolosos e na redução do déficit carcerário no Brasil. “Precisamos desenvolver políticas de segurança e sociais para populações vulneráveis. Podemos interromper o número de homicídios, num horizonte de agora até 2018”, ressaltou a presidenta.

O governo também pretende unir esforços com os estados e apresentar soluções para o problema da superlotação nos presídios brasileiros. Segundo dados do Ministério da Justiça, a população carcerária é de cerca de 600 mil detentos, que ocupam 276 vagas. O déficit prisional já atingiu o patamar de 231 mil vagas.

Fonte: Portal Brasil.
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Contraponto 17.358 - "A Doutora Catta Preta no Jornal Nacional: uma denúncia grave e uma história mal-contada"

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31/07/2015


A Doutora Catta Preta no Jornal Nacional: uma denúncia grave e uma história mal-contada


Tijolaço - 31 de julho de 2015 | 00:22 Autor: Fernando Brito
cattapreta



A entrevista da ex-advogada do denunciador de Eduardo Cunha, Júlio Camargo, de Paulo Roberto Costa e de vários delatores da Lava Jato, a Dra. Beatriz Catta Preta, ao Jornal Nacional  é grave, estranha e incompleta.

Ela diz ter recebido ameaças “veladas, cifradas”.

Perfeitamente, é possível: os interesses atingidos com o depoimento-bomba de seu ex-cliente são, por certo, os de gente mafiosa, capaz mesmo de ameaçar a integridade física.

Contudo, é difícil crer que, com a publicidade em torno do caso e diante do que era dever de D. Beatriz – procurar a polícia e identificar os autores da ameaça –  que alguém pudesse levar algum plano de violência em frente.

Mas a Dra. Catta Preta  sequer diz como as tais ameaças se deram. E ameaças a parte em processo judicial (ou seu representante legal, o advogado) são crime previsto no Art. 344 do Código Penal, o de coação no curso do processo.

Exige-se, portanto, que a Polícia Federal, a Ordem dos Advogados, Ministério Público  e o próprio Juízo investiguem e procedam criminalmente contra quem fez tais ameaças.

Não falo no Ministério da Justiça, porque dali só saem gaguejos.

Mas se as ameaças foram “veladas, cifradas”, uma advogada criminal experiente – presume-se que o seja, dada a fama que a precede e o vulto das causas que patrocina – iria fechar e esvaziar seu escritório às pressas, demitir todos os funcionários, despachar a família para o exterior e anunciar que estava “encerrando a carreira” na advocacia?

Obvio que não.

Das duas, uma.

Ou as ameaças aconteceram de forma não tão velada ou cifrada como se está dizendo e a Dra. Catta Preta teve, de fato, motivos para atitudes tão drásticas para alguém que, agora, tinha alcançado o estrelato jurídico e, consequentemente, a perspectiva de uma ótima remuneração profissional.

Embora seja direito da Doutora abandonar a profissão, dedicar-se às prendas do lar, se assim o quiser, ou a qualquer outra ou nenhuma atividade, é certo que isso ou não é verdade ou ocorreu por uma ameaça muito forte e verossímil.

Ou, a segunda hipótese, é que nada ocorreu e  a Doutora simplesmente deu por encerrada – com honorários polpudos, embora, como ela diz, distantes de R$ 10 milhões (estes, a metade do que o repórter Cesar Tralli diz ser o comentário de deputados e de advogados da Lava Jato dizem ter sido o preço cobrado por ela), ainda assim são muito bons para alguém que sequer teve de sustentar a inocência de seus constituintes, mas apenas negociar com o MP as suas confissões e reduções de pena.

Uma ou outra, o fato é que o gangsterismo judicial e parajudicial da Lava Jato atingiu até o exercício da advocacia.

Há uma podridão evidente no processo de delações premiadas – que se tornou um negócio – e no jogo de interesses que existe em torno dele.

A decisão do Supremo que permite que ela silencie na CPI sobre as questões ligadas ao sigilo profissional que mantém com seus agora ex-clientes de nada servirá quando ela for questionada sobre as ameaças que a fizeram abandonar os casos e é certo que ela será duramente inquirida sobre quem fez e como se fizeram as ameaças “veladas, cifradas” que diz ter recebido.

Ou aponta seus autores e a forma com que se deram as intimidações (como boa advogada, certamente terá gravado telefonemas ou retido correspondências que as revelem) ou, infelizmente, será massacrada como foram as vítimas das delações que ela própria patrocinou.

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Contraponto 17.351 - "E agora, a lista do HSBC"

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31/07/2015

E agora, a lista do HSBC


Edital da CartaCapital  Mino Carta publicado 27/07/2015 04h10

O disco do Opportunity não foi aberto. Dez anos depois, o Brasil parece disposto a deixar em paz os sonegadores graúdos, protagonistas em ambos os casos

carta-capital-editorial

A capa de 12 de outubro de 2005 conta um enredo melancólico que ameaça repetir-se, para a felicidade da casa-grande



Delicioso editorial do Estadão de terça 21, a lembrar os melhores textos do senhor Pott, inolvidável Gazeta de Eatanswill em os Pickwick Papers de Dickens. Lê-se no jornalão que o ex-presidente Lula “só pensa em 2018”. Era do hábito do senhor Pott que a verdade factual pouco lhe importasse, tratava-se de alguém dotado exclusivamente de certezas. Parece difícil acreditar que Lula, neste exato instante, só pense em 2018. 

Quem, pelo contrário, cultiva a obsessão aterrorizada do retorno do ex-metalúrgico à Presidência é, de fato, a mídia nativa.

Aos barões midiáticos desaconselho fervorosamente a leitura da coluna de Marcos Coimbra à página 43 desta edição, desde que se dignem a tanto. O diretor do respeitável Instituto Vox Populi aponta em Lula o favorito do próximo pleito presidencial, a despeito das turbulências atuais, com efeitos semelhantes àqueles precipitados pelo chamado “mensalão”. 

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Só faltava esta, mas Coimbra é cidadão desassombrado. Há escândalos e escândalos, está claro, para influenciar momentos políticos variados, e não me referirei desta vez aos eclodidos durante o governo de Fernando Henrique, monumentais e mesmo assim silenciados. Estrondosamente. Mas também há presidentes e presidentes.

Não preciso perguntar aos meus botões por que a Operação Lava Jato prossegue impávida, a nos brindar com acusações a serem provadas, e até condenações, enquanto em torno da célebre lista dos grandes sonegadores brasileiros que filtrou através do sigilo do HSBC suíço fecha-se a omertà, como se diria na Sicília, igual ao mar sobre um barco furado. Inclusive por parte do jornalista nativo que milita em um Consórcio de dimensões globais, em poder de uma parte do elenco vip (leia a reportagem que começa na página 34).

Moita. Caluda. E não se trata de café-pequeno, e sim de mais de 7 bilhões de dólares escondidos em cofres pretensamente seguros. Me sobe à memória o episódio protagonizado, dez anos atrás, pelo disco rígido capturado pela Operação Chacal na sede do Opportunity do indestrutível, onipresente Daniel Dantas. Aquele mesmo que, preso anos após pela Operação Satiagraha, contou com o pronto socorro de Gilmar Mendes, o ministro do STF disposto a “chamar às falas” o então presidente Lula e provocar o desterro do honrado e competente delegado Paulo Lacerda.

Esquecido o disco rígido, enterrada a Satiagraha. Em 2005, o disco foi entregue ao STF pela PF dirigida por Lacerda, que no segundo mandato de Lula se transferiria para a Abin, substituído por  um duvidoso Luiz Fernando Corrêa. O disco acabou nas mãos da ministra Ellen Gracie, a qual nunca disse por que o seu conteúdo deixou de ser revelado. Em oportunidades diversas, duas autoridades de alto nível pronunciaram em benefício dos meus ouvidos, e na presença de testemunhas, a seguinte frase: “Se abrirem o disco, cai a República”. Não era conjectura. E uma das fontes admitiria que parlamentares exerciam pressões no sentido de jogar ao lixo o fatídico apetrecho, e também um ministro, o chefe da Casa Civil José Dirceu.

Nada disso me surpreendeu, a corrupção é doença endêmica. Hoje em dia o Partido dos Trabalhadores, que vi nascer esperançoso, encanta-se com um site de obscura origem, que desconfio abastecido por dinheiro do inesgotável Dantas, quem sabe com o beneplácito ou intermediação de Dirceu. Cruzam-se os caminhos da corrupção, a bem da confirmação de um vetusto enredo, que não exclui o moralismo primário dos ingênuos e dos hipócritas.

Dispensados de saída, os botões murmuram sinistramente a probabilidade de que os nomes ilustres elencados no disco do Opportunity figurem em parte, ou mesmo in totum, na lista do HSBC. Machuca, soletram constrangidos, que a Argentina mais uma vez mostre a qualidade da sua democracia na comparação com a nossa incipiente, ao investigar seus sonegadores, com a colaboração de Hervé Falciani, revelador do escândalo, entrevistado páginas adiante e pronto a colaborar também com o Brasil.

Pois é, a Argentina... Somos também o país onde os torturadores não são punidos, os ditadores tornam-se nome de ponte e rodovia, e uma comissão dita da verdade, com V pateticamente grande, cuida de preservar uma Lei da Anistia imposta pela ditadura. Meus botões confessam a dúvida: talvez sejamos o que merecemos.

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Contraponto 17.350 - "A entrevista de Beatriz Catta Preta é mais um prego no caixão de Cunha. Por Kiko Nogueira"


31/07/2015


A entrevista de Beatriz Catta Preta é mais um prego no caixão de Cunha. Por Kiko Nogueira



Kiko Nogueira


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O depoimento da advogada Beatriz Catta Preta ao Jornal Nacional é mais um prego no caixão de Eduardo Cunha.

Ao Jornal Nacional, Beatriz revelou que sua decisão de abandonar a defesa de seus clientes na Lava Jato se deveu a ameaças “veladas”, “cifradas”. Diante delas, foi preciso zelar pela segurança “da família, dos filhos”.

Não especificou nada.

Mas a pressão, contou, partiu dos integrantes da CPI da Petrobras, que querem que ela explique, por exemplo, de onde vêm seus honorários — o que a OAB considera uma ameaça para o direito de defesa no país.

Aparentando segurança, afirmou que está deixando a carreira. A mudança para Miami era um boato. Estava de férias, na verdade. O repórter César Tralli passeou por um escritório vazio.

A “retaliação” começou depois do depoimento do empresário Júlio Camargo, tido como operador do PMDB. Camargo, como se sabe, acusou Cunha de receber propina de 5 milhões de dólares.

O autor do requerimento para Beatriz falar na CPI é o deputado Celso Pansera, que o doleiro Alberto Yousseff chamou de “pau mandado” do presidente da Câmara.

“Sim, venho sofrendo intimidação pelas minhas filhas, minha ex-esposa, pela CPI coordenada por alguns políticos e eu acho isso um absurdo”, disse Yousseff.

Pansera e outros colegas da comissão parlamentar de inquérito teriam solicitado uma investigação de Julio Camargo para desqualificá-lo. A Kroll teria sido contratada para o serviço. Tudo sob a orientação do chefe EC.

“Está em vigor a ‘moral da gangue’, que acredita triunfar pela vingança, intimidação e corrupção”, escreveram os advogados de Camargo que substituíram a Catta Preta.

Beatriz Catta Preta é a maior especialista do Brasil em delação premiada. Orientou nove dos 23 delatores da Lava Jato. Declarou que Camargo tem provas do suborno de Cunha.

Arriscaria tudo numa farsa desta monta? All in?

Ela não é a primeira e não será a última pessoa que se diz achacada por Eduardo Cunha, que aparelhou a CPI, transformando-a em seu instrumento de chantagem.

Cunha dirá que quem está por trás de tudo é o governo federal, mas seus métodos são cada vez mais expostos. A questão é quanto tempo ele — e o Brasil — suporta até jogar a toalha.


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Sobre o Autor

Kiko Nogueira - Diretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.


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PITACO DO ContrapontoPIG

¨Jogar a toalha¨, nunca. Este chefe de gangue só sai arrastado ou metido na jaula.
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quinta-feira, 30 de julho de 2015

Contraponto 17.349 - "Henrique Beirangê: Operação Lava Jato, via doleiro Adir Assad, chega a Serra e Paulo Preto"

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30/07/2015


Henrique Beirangê: Operação Lava Jato, via doleiro Adir Assad, chega a Serra e Paulo Preto


Do Viomundo - publicado em 30 de julho de 2015 às 18:59

adir Assad serra e paulo preto


Adir Assad, à esquerda, foi preso na décima fase da Lava Jato (foto: José Cruz/ABr). O então governador José Serra e Paulo Preto (agachado com jornal na mão direita) em evento do Metrô do Estado de São Paulo


Adir Assad, o doleiro das obras tucanas

As investigações sobre o empresário abrem novas perspectivas

por Henrique Beirangê, publicado em CartaCapital em 30/07/2015 04h27 

De origem libanesa, 62 anos, ele se identifica como um atleta de alta performance. Chegava a correr 17 quilômetros por dia e disputou a maratona de Nova York. Diz ter optado por uma vida saudável, motivo que o levou a se afastar dos negócios. Empresário do ramo de eventos há três décadas, trouxe ao Brasil estrelas da música, como a banda U2, a cantora Amy Winehouse e a diva pop Beyoncé.

Fachada? Sim, segundo a Polícia Federal. Preso desde março por suposto envolvimento nos desvios da Petrobras, o doleiro Adir Assad  notório frequentador das páginas policiais.

Há quatro meses a força-tarefa da Lava Jato tenta arrancar informações de Assad, detido na décima fase da operação.  Até agora ele mantém o silêncio e nega participação no esquema. Ao juiz Sergio Moro declarou-se um “estranho no ninho” na penitenciária paranaense que também abriga o ex-tesoureiro do PT João Vaccari e o ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque.

Os investigadores o acusam de receber 40 milhões de reais como pagamento pela lavagem de dinheiro da Construtora Toyo Setal. Segundo a PF, o dinheiro seguiu para contas indicadas pelo operador Mário Góes ou foi encaminhado diretamente a Duque e a Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras também encarcerado. Os dois funcionários da estatal representariam os interesses do PT no esquema.

Não só. A prisão de Assad revigora outro escândalo já esquecido: o esquema da Construtora Delta e do bicheiro Carlinhos Cachoeira. O doleiro aparece principalmente nas histórias de desvios de obras no estado São Paulo, governado há mais de duas décadas pelo PSDB. Um novo documento nas mãos de procuradores e policiais federais tem o poder de revelar detalhes de um escândalo de proporções ainda desconhecidas no ninho tucano. Os promotores de São Paulo sabem da existência das operações e pretendem abrir inquéritos para apurar as operações financeiras.

O documento é um relatório de análise do Ministério Público Federal que enumera uma série de tabelas de pagamentos a cinco companhias. Segundo a PF, trata-se de empresas de fachada criadas para lavar o pagamento de propinas intermediadas por Assad. Entre elas aparece a Legend Engenheiros, responsável por movimentar 631 milhões de reais sem nunca ter tido um único funcionário, conforme a Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho.

A contabilidade da empresa exibe polpudos pagamentos de consórcios e empresas que realizaram obras bilionárias no governo de São Paulo durante os últimos 20 anos. O primeiro pagamento que salta aos olhos é um depósito de 37 milhões de reais ao Consórcio Nova Tietê. Liderado pela Construtora Delta, o consórcio levou as principais obras de alargamento das pistas da principal via da capital paulista em 2009, durante o governo de José Serra. O valor inicial do contrato previa gastos de 1 bilhão de reais, mas subiu para 1,75 bilhão, ou seja, acréscimo de 75%. Um inquérito sobre a inflação de custos chegou a ser aberto pelo Ministério Público de São Paulo. Acabou, como de costume em casos que envolvem tucanos, arquivado.

A obra foi acompanhada na época pela Dersa, empresa de economia mista na qual o principal acionista é o estado de São Paulo. Na assinatura do contrato entre o governo e o consórcio, o nome do representante da empresa estatal que aparece é o de um velho conhecido: Paulo Vieira de Souza, o famoso Paulo Preto, cuja trajetória e estripulias foram bastante comentadas durante a campanha presidencial de 2010. Acusado de falcatruas, Preto fez uma acusação velada a Serra e ao PSDB à época. “Não se abandona um líder ferido na estrada”, afirmou.

Outro consórcio que participou das obras da ampliação das marginais, o Consórcio Desenvolvimento Viário, também contribui com as contas de Assad. Liderado pela Construtora Egesa, foram 16,1 milhões nas contas da S.M. Terraplenagem Ltda. A Egesa, em consórcio com a EIT, foi responsável por um total de 18,32 quilômetros, considerando os dois sentidos da via, entre o Viaduto da CPTM e a Ponte das Bandeiras.

Durante a Operação Castelo de Areia, que investigou a suspeita de pagamento de propina a agentes públicos pela Camargo Corrêa, o nome de Paulo Preto aparece em uma anotação. Precede um valor: 416 mil reais. O ex-funcionário da Dersa nunca foi indiciado pela Polícia Federal. A Castelo de Areia acabou enterrada por uma decisão do Superior Tribunal de Justiça. Assad aparece ainda em outra operação federal, a Saqueador, paralisada desde 2013.

Talvez a “sorte” de Assad mude. Na página 41 do relatório do Ministério Público Federal deste ano, aparece outro pagamento, de 2,6 milhões de reais, da Concessionária do Sistema Anhanguera Bandeirantes à Rock Star Marketing, também de propriedade do doleiro. O sistema rodoviário interliga a capital paulista ao interior do estado e foi licitado em 1997. O vencedor foi o CCR, que tem entre seus acionistas a Camargo Corrêa e a Andrade Gutierrez. Esta, aponta o relatório, repassou à Legend 125 milhões de reais.  O sistema possui oito praças de pedágio e, de acordo com o relatório aos investidores, só no ano passado gerou lucro líquido de 669 milhões. Detectou-se ainda um depósito de 624 mil reais na conta da Rock Star por uma empresa pertencente à CCR responsável pela exploração do sistema Castelo-Raposo, que liga a capital ao Oeste Paulista.

O Rodoanel também não deve escapar da mira dos procuradores. Orçada em 3,6 bilhões de reais, a obra foi dividida em cinco trechos. Vencedora de um dos lotes, a empresa Rodoanel Sul 5 Engenharia depositou 4,6 milhões na conta da Legend. Por receber repasses da União, o Rodoanel passou por uma auditoria do Tribunal de Contas da União. De acordo com um relatório do TCU, o consórcio formado pela empreiteira OAS e Mendes Júnior, também envolvidas no escândalo da Petrobras, incorporou irregularmente uma terceira empresa para a execução, uma violação das regras da licitação. Coincidência ou não, a OAS alimentou as contas de Assad. Um depósito de cerca de 2 milhões de reais foi identificado na quebra de sigilo. Outra concessionária responsável por erguer outro trecho do Rodoanel, a SP Mar, repassou 4,2 milhões à empresa de Assad. A SP Mar pertence ao Grupo Bertin e cuidou da interligação do trecho sul à Rodovia Presidente Dutra, em Arujá.

A lista é extensa. Das supostas cinco empresas de fachada foram encontradas movimentações de 1,2 bilhão em operações financeiras com cerca de cem consórcios e companhias, além de indivíduos. Sergio Moro tentou recuperar parte do dinheiro movimentado por Assad. Determinou o bloqueio de 40 milhões de reais. Mas para surpresa, ou não, as contas estavam zeradas.

Os depósitos servirão para novas linhas de investigação pela Promotoria de São Paulo, que também quer entender as planilhas de pagamento do doleiro Alberto Yousseff. Reportagem exclusiva de CartaCapital mostrou que o operador mantinha uma lista de 750 obras, entre elas construções da Sabesp, do Monotrilho e do Rodoanel.

Com uma prisão preventiva nas costas e, sem prazo para se esgotar, os investigadores ainda não conseguiram convencer o doleiro a optar pela delação premiada. O Ministério Público de São Paulo diz pretender ouvir Assad, em busca da origem e do destino dos repasses. Uma eventual colaboração do “empresário do show business” poderia ampliar o escopo das investigações da Lava Jato. Neste caso, a força-tarefa será obrigada a remar contra a maré. Quando não se trata de petistas e seus aliados, os investigadores já devem ter percebido, o ímpeto da mídia e o apoio da chamada “opinião pública” costumam minguar.

Leia também:


Conceição Lemes: São Paulo fez contratos de quase de quase um bi com a Delta; Paulo Preto assinou o maior deles no governo Serra 
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Contraponto 17.348 - "Vídeo sensacional! Apesar de você, apesar da crise!"



30/05/2015


Vídeo sensacional! Apesar de você, apesar da crise!


Para assistir ao vídeo, clique neste link.





Um internauta amigo deixou um comentário na fanpage do Cafezinho, informando sobre um vídeo que ele mesmo fez, inspirado no texto de Pablo Villaça, "Apesar da crise".

Para assistir ao vídeo, clique neste link.

Publico abaixo o código embed do vídeo, talvez funcione.
Apesar da Crise...

O escritor Pablo Villaça, sugere um, digamos, exercício de cidadania, que qualquer um que estiver lendo pode praticar agora mesmo. Consiste em pesquisar o termo "apesar da crise" (assim mesmo, entre aspas) em qualquer site de buscas. No vídeo, apenas alguns dos resultados de notícias dos últimos quatro meses utilizando o termo sugerido #ApesarDaCrise. #ApesarDeVc, amanhã há de ser outro dia..

Posted by Claudio Tavares on Quinta, 23 de julho de 2015

Contraponto 17.347 - "E se a Petrobras fosse a Shell?"

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30/07/2015

E se a Petrobras fosse a Shell?


Tijolaço - 30 de julho de 2015 | 16:37 

petroshell


Fernando Brito

Uma notícia hoje  demonstra claramente como é primário – ou mal-intencionado, entre os que sabem tudo do setor de Petróleo – culpar a ladroagens de Paulo Roberto Costa e sua turma pelas dificuldades enfrentadas pela Petrobras.

A gigante Shell, informa o Financial Times (aqui a versão publicada pela Folha), está demitindo 6,5 mil de seus 94 mil trabalhadores, por conta da baixa do preço do petróleo.

Seria o equivalente a uma demissão em massa de 6 mil dos 86 mil empregados diretos da Petrobras.
Dá para imaginar como, se demitisse seis mil pessoas, a Petrobras estaria sendo tratada na mídia e na boca do tucanato?

A empresa anglo-holandesa, além disso, está abandonando projetos – inclusive na área nobre do Mar do Norte – e cortando os investimentos de US$ 30 bilhões para US$ 23 bilhões, quase 24% a menos.

Providência semelhante à tomada aqui, com um redução de 37% no plano de investimentos em cinco anos.

Alem disso, a Shell planeja desinvestir (vendendo ativos) cerca de US$ 50 bilhões.

Ninguém acusa -porque não é louco – a Shell de estar arruinada.

Mas fazem isso o tempo todo com a Petrobras.

O complexo de vira-latas incutido ao brasileiro é uma arma possante na mão dos que querem abocanhar nossas riquezas.

A Shell toma medidas por competência gerencial, nós porque estamos “quebrados”, embora elas sejam semelhantes ou, como no caso das demissões, muito mais prudentes aqui.
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