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16/07/2015
Lula é acusado de quê? O primarismo da ação do MP é doloroso, mas útil à confusão
Fernando Brito
Lula, desde 1º de janeiro de 2011, não é servidor público e, portanto, pode vender qualquer serviço que alguém queira comprar, palestras, inclusive.
Poderia, inclusive, se quisesse, obter negócios para empresas privadas, no Brasil e no exterior, que isso não seria crime.
Não tem a menor consequência jurídica se alguma empresa lhe pagou por palestras ou alugou aviões.
Toda a questão, se existisse, ficaria na regularidade e na conveniência dos empréstimos feitos pelo BNDES a países estrangeiros por uma eventual interferência de Lula.
E, sobre isso, não basta haver suposições, mas indícios.
E, ao que se saiba, não há nenhum.
O que há, e isso é evidente, é um obvio interesse em jogar no ventilador uma história de que “todo mundo é corrupto”.
A tal “investigação” do Ministério Público é mais uma destas coisas abusivas, que se faz ao bel-prazer do noticiário dos jornais – neste caso, da puríssima revista Época – e que vira “verdade” porque é notícia e não notícia porque é verdade.
O Ministério Público é fiscal da lei, não da vida particular de cada um, sobretudo quando as pessoas não exercem cargo.
Um caso destes, para começar, teria de se iniciar por algum negócio suspeito do BNDES, com indícios de irregularidades na concessão de empréstimos – o que, aliás, é a finalidade do banco: emprestar – e não do diz que diz das viagens de Lula.
É simples assim e, por isso, não tem a menor possibilidade de, num quadro de mínima legalidade, ir em frente.
Mas é útil, neste momento, para tentar atingir a única referência que resta ao povo brasileiro da capacidade de um governante promover o bem comum.
O Ministério Público realmente se esforça. Esforça-se para destruir não apenas o convívio numa república de direitos, não de suspeições vazias.
E a si próprio, metido como está no meio das disputas políticas.
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