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31/07/2015
Por um PGR que respeite o Ministério Público
Luis Nassif
Conhece-se o verdadeiro comandante pela capacidade de insurgir-se contra ações irracionais da tropa e chamá-la à razão. Essa coragem torna-se especialmente relevante quando o comandante é escolhido em eleição direta pela tropa.
É o caso da eleição para Procurador Geral da República. Voltar-se contra os movimentos de manada - que ele, comandante, percebe como nocivos à corporação - exige coragem, desprendimento e grandeza.
Digo isso a respeito dos debates para a eleição do PGR.
Há quatro nomes de alto nível - o atual PGR Rodrigo Janot, e os subprocuradores-gerais da República Carlos Frederico Santos, Mario Bonsaglia e Raquel Dodge.
De nome, trabalho e reputação, conheço Janot, Bonsaglia e Raquel. Mas, pelo discurso de campanha, diria que aquele que devota mais respeito ao Ministério Público é Carlos Frederico.
Dos quatro, foi o único que teve coragem de abordar um tema tabu - a Lava Jato - e apontar seus exageros, definindo como deveria ser sua condução: rapidez nos procedimentos, para não impactar tanto a política e a economia, e fim do show midiático.
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Recentemente, Carlos Frederico foi acusado pelo Estadão de ser um braço auxiliar de Eduardo Cunha, por ter trabalho com o ex-procurador Antonio Fernando de Souza, que tornou-se advogado de Cunha. Principal emulador do estilo Veja de jornalismo, o mesmo Estadão havia assacado baixarias semelhantes contra o atual presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) Marcus Vinicius, quando se candidatou ao cargo.
O fato objetivo é que a demora da Lava Jato paralisou o país e o show midiático colocou à mostra exibições de musculatura e ego incompatíveis com a responsabilidade institucional do órgão. Rapidez e discrição são pressupostos de profissionalismo, o oposto de exibicionismo. E em nada atrapalham a busca da justiça.
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A parceria da Lava Jato com a Veja está fornecendo munição para uma revista que recorre a chantagens e que se transformou, nos últimos anos, na principal adversária das iniciativas do próprio MPF na área de direitos sociais.
A falsa denúncia de Veja contra Romário - acusando-o de ter uma conta milionária em um banco no exterior - foi claramente um jogo para blindar a quadrilha que tomou conta do futebol brasileiro. A informação falsa foi atribuída a um procurador. E não se duvide disso.
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Não se vá exigir dos procuradores da Lava Jato discernimento para entender os desdobramentos dessa aliança espúria. A responsabilidade direta e intransferível é do PGR Janot. Ele assegurou a blindagem para os procuradores da Lava Jato se valerem de todas as armas legais e ilegais - como vazar de forma seletiva depoimentos sigilosos, espetacularizando indícios, suspeitas ou meros factoides, expondo mensagens íntimas de familiares de prisioneiros.
Os procuradores tornaram-se os principais alimentadores do jornalismo de esgoto que contaminou a imprensa brasileira.
O futuro cobrará um preço alto da corporação, seja quem for o presidente ou partido político que estiver no poder.
Daí que se alguém de bom senso indagar quem, entre os quatro candidatos, maior respeito têm pelo MPF, maior preocupação com o futuro da instituição, diria que é Carlos Frederico - mesmo sem conhecer mais nada do seu perfil.
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