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16/02/2016
Aécio agora posa de estadista... Hahahahaha! — Lula e PF
Palavra Livre 16/02/2016
Por Davis Sena Filho
Recebi primeiro a notícia com certo espanto e creio que
meus olhos, que não pude ver no espelho, expressaram incredulidade ao tempo que
foi impossível segurar o riso, que logo se transformou em uma incontrolável e
sonora gargalhada, daquelas de doer o estômago, dificultar a respiração e fazer
com que os olhos não parem de lacrimejar.
A notícia realmente me deixou surpreso: "Aécio agora
posa de estadista". Hahahahaha! Eu não sei por que, às vezes, os meios de
comunicação dos magnatas bilionários, que geralmente são tão sórdidos,
levianos, golpistas e mentirosos nos brindam com uma notícia tão inconsequente
e desprovida de realidade como esta. Contudo, fazer o quê, né? Pelo menos
propicia momentos hilariantes, que levam uma pessoa a morrer de rir de tanto
deboche e incongruência, quando se trata do senador tucano Aécio Neves.
Pois bem, vejamos. Vamos à compreensão dos fatos. Aécio vai
deixar seu lado incendiário, rancoroso e raivoso, e, tal qual a um ator, vai
baixar a bola, deixar assentar a poeira e sair do barco do golpe e do golpismo
prestes a naufragar. Tudo bem. Compreende-se. A política requer estratégias e
os políticos, como o Aécio, mudam mesmo conforme o vento, pois o oportunismo e
a incoerência político-ideológica vicejam na alma de pessoas como o senador do
PSDB.
Um político até então considerado de temperamento moderado,
mas que, surpreendentemente, mostrou-se, a partir de outubro de 2014, quando
perdeu as eleições presidenciais para Dilma Rousseff, tratar-se de um homem
mesquinho, péssimo perdedor, que guarda o rancor no freezer e que tentou, de
todas as maneiras, derrubar do poder sua adversária política, tratada por ele
como inimiga e alvo de todo o desrespeito possível, ao ponto de ainda nos debates
das eleições chamá-la de leviana, sem, no entanto, olhar-se no espelho.
O presidente do PSDB, Aécio Neves, serviu e se sujeitou a
ser o âncora da imprensa dos magnatas bilionários, que, juntamente com o
senador mineiro, insurgiram-se contra o Governo Trabalhista, de forma que sua
agenda política e suas ações administrativas fossem paralisadas, engessadas, o
que permitiu aumentar ainda mais a crise econômica e financeira brasileira, que
recrudesceu com a crise internacional, com mais força a partir de 2014.
Mesmo assim a oposição — leia-se PSB, DEM, PPS, SD, Rede,
dentre outros, partidos a reboque do PSDB de Aécio Neves — absolutamente
abraçou o golpe contra Dilma Rousseff, a ter ainda o apoio importante de
setores direitistas e golpistas do STF, da Polícia Federal, do Ministério
Público Federal, do Ministério Público de São Paulo, notadamente o juiz Sérgio
Moro, procuradores federais do Estado do Paraná e de Brasília, além dos
delegados aecistas, também do Paraná, que, no decorrer das eleições para
presidente, irresponsavelmente e levianamente, deixaram se levar por suas
opiniões políticas e ideológicas.
Provocação e insubordinação, porque tais policiais federais
contam com o espírito corporativo e com a impunidade. Contam, sobretudo, com o
mau exemplo de seus chefes, ao ponto de os delegados aecistas, sem qualquer
prudência e educação, resolveram insultar o ex-presidente Lula e a candidata do
PT, Dilma Rousseff, por intermédio de seus facebooks e outras redes sociais,
que logo depois foram deletados da internet.
Agiram rapidamente assim porque eles são coxinhas ousados e
atrevidos, mas não são idiotas, afinal são servidores públicos com ótimos
salários pagos pelo contribuinte, em plena atividade funcional, a fazer,
indevidamente, política, bem como sabem, espertamente, que super-homens ficam
muito bem a voar em histórias de quadrinhos e em filmes nos cinemas.
Exatamente, delegados que estão à frente de processos,
investigações e inquéritos, como, por exemplo, a Lava Jato, não se eximiram de
dar opiniões, de conteúdo político, partidário, ideológico, fascista,
preconceituoso e desrespeitoso. Isto mesmo, delegados aecistas, que deveriam,
sumariamente, serem afastados de suas funções e investigados pela Corregedoria
da PF e depois punidos, exemplarmente, pois atacaram, de forma virulenta e
insubordinada, a presidenta da República, além do ex-presidente Lula, o
mandatário que mais investiu na PF. Vejam como são as coisas. E querem ser
levados a sério.
Entretanto, a questão é a nova postura de "estadista"
de Aécio Neves, o neto que, ao que parece, não seguiu os ensinamentos de seu
avô, Tancredo Neves, que, como republicano que era, é muito maior que o senador
e presidente do PSDB. Tancredo, além de ser garantista, o era também legalista,
bem como corajoso, porque jamais abandonou seus pares e correligionários, a
exemplo de Getúlio Vargas e João Goulart, mandatários do País a quem serviu
como ministro, além de defendê-los contra golpes no Congresso e fora dele,
assim como esteve presente nos enterros dos dois presidentes trabalhistas, a
despeito das forças de segurança golpistas e fascistas, que apareceram, como
forma proposital de fazer ameaças para marcar território.
Aécio Neves não aprendeu nada com Tancredo. Preferiu ser
playboy com mandato, e, como playboy cheio de vontades, manias e caprichos,
deseja agora ser "estadista". O motivo dessa prosopopeia é que,
segundo a imprensa dos coronéis midiáticos, o tucano se baseia em pesquisa
qualitativa que apontam que Aécio está a ser visto como um incendiário e
despreocupado com os interesses do País e seu povo, bem como, realisticamente
falando, ele apostou no impeachment de uma presidenta que não cometeu crimes de
responsabilidade, além de defender no Senado as pautas-bombas, que tratavam de
aumentar, e muito, os gastos do Governo Dilma em diversos setores do Estado e
da sociedade, em um tempo de busca por equilíbrio fiscal.
Então, tá. Agora é assim: um político que defende grupos
privados, luta pela privatização do que restou das estatais brasileiras,
inclusive apoia a entrega do Pré-Sal, quer, de uma hora para outra,
transformar-se em um estadista. Surreal! Estadistas nascem, são naturais e
possuem uma enorme disposição de entrega, no que é relativo a enfrentar
situações e circunstâncias perigosas à própria existência política e à sua
vida, com disposição de até sacrificá-la. Aécio Neves é apenas mais um político
de ideais comuns e cooptado pelo sistema de capitais, pelo establishment, que,
grato a ele e a muitos outros dos mesmos círculos políticos, está a garantir
seu status quo pelos "bons" serviços prestados há décadas à plutocracia
— à casa grande.
Lula, definitivamente, não foi cooptado pelo establishment.
Por isto a perseguição infame ao político trabalhista pelo consórcio
PSDB-MP-PF-Justiça-Imprensa alienígena. O líder petista poderá ser forte
candidato às disputas eleitorais de 2018. Lula está a ser linchado publicamente
porque, diferente de Aécio Neves, trata-se de um estadista, nascido do ventre
do povo brasileiro, que tem profunda noção de suas necessidades, bem como,
nacionalista e socialista, possui um sentimento desenvolvimentista e estruturalista,
que não ficou restrito apenas às palavras no ar e aos seus discursos.
Lula foi duramente testado pela casa grande e seus áulicos
que trabalham na imprensa de mercado mais corrupta e golpista do mundo. O
mandatário trabalhista governou de fato, colocou a mão na massa e transformou o
Brasil, de tal forma, que o poderoso País da América do Sul e de língua
portuguesa se transformou na sétima economia do mundo (chegou a ser a sexta), a
liderar em termos mundiais diversos setores e ramos da economia, bem como ter
incluído, o que é excepcional, dezenas de milhões de brasileiros no Orçamento
da União.
Se falarmos do legado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, não haveria como publicá-lo em um ou inúmeros artigos, porque Lula tem a
dimensão de estadista de Getúlio Vargas e, por sua vez, vai ter de ser estudado
durante décadas pelos historiadores, como acontece até hoje com o estadista
gaúcho pai do trabalhismo e do Brasil moderno.
A verdade, que isto fique registrado, é que Lula desmentiu,
inapelavelmente, todos os economistas, financistas e administradores do
establishment (Bird, FMI, BID, Clube de Paris e seus associados estrangeiros e
brasileiros formados nas universidades dos países ricos), que não cansavam de
mentir e cometer fraudes sobre os números e índices da economia. Lula desmentiu
os "doutores" entreguistas e também os "aves de rapina",
que sempre trabalharam em prol dos interesses de países estrangeiros
capitaneados pelos Estados Unidos e meia dúzia de países da Europa, além do
Japão.
E por quê? Porque o presidente pernambucano, pau de arara,
operário de fábrica e fundador da CUT e do PT mostrou que sempre teve dinheiro
para investir no povo e no Brasil. O que não havia era força de vontade para
efetivar políticas públicas e privadas, de forma que o Orçamento da União
atendesse às demandas e aos interesses brasileiros ao invés de bancar o
desenvolvimento e o alto padrão de vida e o consumo exacerbado de alguns países
europeus e dos Estados Unidos.
É exatamente esse processo que aconteceu no Brasil, que faz
a burguesia, a casa grande de espírito escravocrata sentir ódio e torcer para
que Lula morra, como no caso do câncer que o vitimou, ou seja preso, mesmo sem
ter cometido crimes de responsabilidade ou ter violado qualquer lei. O ódio a
Lula tem origem em seu sucesso e competência. Os economistas da plutocracia são
mentirosos e criminosos, porque tiram do povo para transferir riquezas às
oligarquias brasileiras e aos países de tradição imperial e colonial, que
sempre exploraram o Brasil.
Aécio Neves jamais vai ser um estadista, como não foi e
nunca será o ex-presidente tucano, Fernando Henrique Cardoso — o Neoliberal I
—, também conhecido como o "Príncipe da Privataria", aquele que foi
ao FMI três vezes, de joelhos, humilhado, com o pires nas mãos, porque quebrou
o Brasil três vezes.
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