17/02/2015
"Entre aqueles que estavam na fila, com fome, esperando o prato de comida e aqueles que estavam na fila, já alimentados, esperando a sobremesa, Lula priorizou os famintos. Isso não tem perdão."
Rafael Patto do Face book
Lula tem sido diuturnamente alvo de ataques que colocam sob suspeita sua honra e reputação. É engraçado. Estes dias eu estive me lembrando de duas figuras folclóricas, uma de Minas Gerais e outra de São Paulo: newton cardoso e paulo maluf. Esses dois figurões se enquadram naquela categoria de agentes políticos nominada pelo senso comum com aquela concessão hipócrita "rouba, mas faz".
Faz o que? No caso do newtão, são conhecidas as "benfeitorias" que o governo dele levou a localidades rurais do interior do estado de Minas, coincidentemente onde ele detém vastidões de terras. Claro que aquele asfalto, propagandeado como "pogreço" para júbilo da capiauzada, trouxe enormes benefícios diretos ao escoamento da produção dos latifúndios do governador, sem falar no ganho em valorização dessas propriedades.
Já o cartão de visita do maluf são as avenidas e túneis que ele pavimentou e abriu na cidade de São Paulo. Teoricamente, quem se beneficia disso? Aqueles que se deslocam em transporte particular, isto é, a classe média. Digo teoricamente porque vai olhar como estão essas avenidas e túneis: tudo engarrafado. Ou seja, o problema da perda de tempo no deslocamento não foi solucionado, mas as "obras" provocam a sensação de que o poder público (na nossa tradição personalista, o político) tomou providência. Abrir uma avenida pra ficar engarrafada dá muito mais popularidade do que criar um corredor exclusivo para transporte de massa. "É nois, mano".
E, assim como newtão em Minas e maluf em São Paulo, certamente há outros tantos exemplares desse gênero "rouba, mas faz" em cada estado brasileiro.
Mas o que mais me admira nesse mafuá todo é a caça ao PT e a demonização do Lula, como se tudo o que diga respeito a corrupção nesse país estivesse concentrado ali, num só lugar, num único partido e no seu líder maior. Ninguém nesse país é tão investigado quanto o Lula. Isso ninguém pode negar. A vida dele já foi eviscerada centenas de vezes. Ou ele é muito MacGyver ou, aceitemos, não há imputações contra ele.
O problema do Lula não é se ele roubou ou não, mas sim o que ele fez. Os exemplos do newton cardoso e do paulo maluf nos mostram que a classe média perdoa tranquilamente quem "rouba, mas faz" (por ela). O que é imperdoável é fazer pelos pobres. Embora tenha feito muito pela classe média (que de tão burra é ingrata), Lula priorizou os desvalidos, os miseráveis, os flagelados. Esse foi crime que ele cometeu. Abriu as portas das universidades para os pretos, encheu os aeroportos de nordestinos, levou a pobraiada pra fazer compra no shop centis, alforriou as empregadas domésticas da vassalagem. Enfim, lula "roubou" a ilusão de poder de uma pseudo-burguesia que herdou castelos de areias erguidos sobre o chão da desigualdade social. O crime de Lula não é ter roubado (o que é perfeitamente perdoável, afinal é só o que temos feito há mais de 500 anos: perdoar). O crime de Lula foi ter feito. Feito muito. Mas feito mais pelos mais pobres do que pela classe média mimada. Entre aqueles que estavam na fila, com fome, esperando o prato de comida e aqueles que estavam na fila, já alimentados, esperando a sobremesa, Lula priorizou os famintos. Isso não tem perdão.
Rafael Patto.
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PITACO DO ContrapontoPIG
Como nordestino devo admitir e acrescentar que Lula cometeu um grande desvio.
Teve a ousadia - para horror da classe dominante do país - de tramar e iniciar a realização da transposição do rio São Francisco, obra sonhada e desejada por 150 anos, e que está em vias de conclusão no final deste ano ou inicio do próximo.
Este empreendimento beneficiará a 12 milhões de pessoas em 390 municípios do Nordeste brasileiro.
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