25/02/2016
O que está por trás da demissão do diretor da Veja. Por Paulo Nogueira
Diário do Centro do Mundo - 25/02/2016
Uma obra
indecente: o legado de Eurípides
por Paulo Nogueira
A remoção
do diretor da Veja Eurípides Alcântara chegou com anos de atraso, e a rigor não
significa quase nada exceto o desespero da Editora Abril.
É como um
time de futebol que troca o técnico diante da ameaça do rebaixamento.
O novo
diretor, André Petry, embora com uma longa passagem pela Veja no passado, é
menos comprometido com o jornalismo criminoso adotado pela revista na Era PT.
Para
mudar alguma coisa verdadeiramente você teria que mudar os donos da Abril, os
Civitas.
E mesmo
assim seria virtualmente impossível reconquistar a credibilidade destruída
semana após semana.
Recuperar a credibilidade jornalística é como recuperar a
virgindade.
Há
aspectos financeiros e comerciais no movimento. A Veja de 2016 não tem mais
nenhuma condição de pagar o salário de um diretor como Eurípides, promovido nos
dias de fausto da Abril.
Também
deve ser considerada a esperança de voltar a receber dinheiro do governo
mediante publicidade. Depois da capa indecente pró-Aécio no fim de semana da
eleição, o Planalto, com fabuloso atraso, parou de anunciar na Veja e na Abril.
Nenhuma
empresa jornalística brasileira sobrevive sem o governo, tanto mais na Era
Digital. É uma dependência visceral, coisa de bebê com mãe.
Recentemente,
um representante da Abril foi a Brasília pedir – suplicar – pelo retorno das
verbas suprimidas. A missão foi um fracasso, naturalmente. Como dar dinheiro a
uma revista e a uma empresa tão empenhadas num golpe a qualquer preço?
É
presumível que a Abril retorne em breve a Brasília para mais uma vez mendigar
recursos públicos, mas agora com um “fato novo”, um gesto de boa vontade.
Para que
haja alguma chance, por absurdo que seja dar nova oportunidade a uma empresa
com uma folha de crimes de tal monta, a Veja teria que ser reinventada
imediatamente.
Aí
começam os problemas.
O que
você faz com os leitores de hoje, que se habituaram a um jornalismo primitivo,
manipulador, sob medida para analfabetos políticos ávidos por bater panelas, ir
para a Paulista embalados em camisas da seleção e pedir coisas como a volta do
regime militar?
O que
você faz com símbolos editoriais de tudo isso, como Reinaldo Azevedo e Augusto
Nunes?
Há um
toque de comédia em tudo isso. Eurípides vivia, pelas páginas da revista,
anunciando a queda de Dilma.
Mas quem
caiu foi ele.
Foi, de
longe, o pior diretor da Veja. Se ele poderia atribuir a Roberto Civita a linha
abjeta da revista, depois da morte do patrão essa desculpa deixou de existir.
Fora um
editor inepto e mal-intencionado Eurípides será lembrado como o pai do boimate,
a mistura de boi e tomate que a Veja publicou nos anos 1980 ao tomar como
verdade uma piada de Primeiro de Abril de uma revista científica americana.
Foi ele
que editou essa aberração.
O
historiador e colunista britânico Paul Johnson disse que não há nada mais morto
que um editor aposentado.
Há sim:
um ex-editor canalha.
.
Nenhum comentário :
Postar um comentário
Veja aqui o que não aparece no PIG - Partido da Imprensa Golpista